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BRASILEIRA DE IMUNOLOGIA
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sábado, 31 de dezembro de 2011

Dormir - um "boost" para a memória imunológica

Que dormir é essencial para o ser humano e faz bem para o corpo, para a mente e para a alma, todos nós sabemos. Mas que repousar serve como um adjuvante para a memória imunológica...Ah! Isso é novidade! Mas "peraê"... leia primeiro o post e deixe para cochilar depois!

Em um estudo envolvendo 27 indivíduos do sexo masculino, saudáveis, com idade média de 26 anos, pesquisadores alemães avaliaram a presença de células Th específicas e a presença de anticorpos após a vacinação contra vírus da hepatite A (HAV). O estudo foi conduzido de duas formas: em um grupo, as condições de sono após a vacinação eram normais e no outro grupo, os participantes ficavam acordados na primeira noite após a vacinação (assistindo o Programa do Jô, Altas Horas, Corujão, etc). E os resultados foram bem interessantes.

Durante o sono, principalmente na fase de atividade "slow-wave" (SWA), o corpo produz hormônios que são imuno-estimuladores - tais como hormônio do crescimento (GH) e prolactina - bem como imunossupressores (tais como o cortisol e catecolaminas). No estudo com a vacinação contra a hepatite A, foi encontrado um aumento na porcentagem de células Th específicas no grupo sono em relação ao grupo acordado, mesmo 1 ano após a primeira dose. Esse padrão de resposta foi pró-inflamatório, com produção de citocinas do tipo Th1, como IFN-γ e TNF. Quando avaliados Igs no soro dos indivíduos estudados, foi encontrado quantidades mais elevadas de IgG1 no grupo sono do que no grupo acordado. IgG2 e IgG4 permaneceram não alterados.

Este "boost" na resposta imune após vacinação e dormir se explica no fato que foram encontrados também, durante a fase "slow-wave" do sono, um aumento nas concentrações de GH e prolactina e uma diminuição em cortisol no grupo sono em comparação com o grupo que ficou acordado. Assim, a ação combinada de GH, prolactina e cortisol na formação da resposta imune específica para o virus da hepatite A é melhor descrita como um fator adjuvante, potencializando a resposta e a memória imunológica.

ZZZZZZZZZZZZ. Epa, acorda aê! Para os engraçadinhos, lembrem que esse "sonoboost" foi investigado apenas após uma estratégia de imunização/vacinação. Então, agora não é hora de descanso. É hora de acordar, de se mexer! Vamos lá que a imuno nos espera. Afinal, viva a imunologia!

Referências:

1) Lange, T., S. Dimitrov, T. Bollinger, S. Diekelmann, and J. Born. 2011. Sleep after vaccination boosts immunological memory. J Immunol 187:283-290

2) Lange, T., S. Dimitrov, and J. Born. 2010. Effects of sleep and circadian rhythm on the human immune system. Ann. N. Y. Acad. Sci. 1193: 48–59.

3) Dimitrov, S., T. Lange, H. L. Fehm, and J. Born. 2004. A regulatory role of prolactin, growth hormone, and corticosteroids for human T-cell production of cytokines. Brain Behav Immun 18:368-374.

Post por Giuliano Bonfá (FMRP-IBA)

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

DESCOBERTA NOVA FUNÇÃO DAS CÉLULAS DENDRÍTICAS

Eu costumo dizer para os meus alunos de graduação que os linfócitos T que passaram pela seleção positiva e negativa do timo ganham o código secreto para a entrada nos linfonodos. O código secreto é CD62-L (ou L-selectina), a molécula que se liga a grupamentos de açúcares, como o Glycam, que estão presentes nas vênulas do endotélio alto (HEV) desse órgão. Nenhuma novidade: HEV e L-selectina são fundamentais para a recirculação linfocitária, tão importante para o funcionamento do sistema imune.
Também não é nenhuma novidade que a entrada desses linfócitos T virgens nos linfonodos é fundamental para que se encontrem com as células apresentadoras de antígenos (APC), especialmente as DCs, e iniciem, então, a resposta imune adaptativa. A novidade que os pesquisadores Christine Moussion e Jean-Philippe Girard, da Univesidade de Toulouse, França, descreveram em um artigo recente da Nature, é que as DCs são fundamentais para a manutenção da fisiologia das HEV e, portanto, da regulação da recirculação linfocitária em condições basais.
Em uma série de experimentos elegantes, os autores demonstraram uma marcante redução no tamanho e celularidade dos linfonodos periféricos, uma semana após a depleção de DCs. A deficiência na migração dos linfócitos T para os linfonodos foi atribuída à intensa diminuição dos marcadores específicos de HEV maduros, como Glycam, FucT-VII e GlcNAc6ST-2, concomitante com o aumento do marcador de HEV imaturo (MADCAM- presente em neonatos). Por microscopia intravital, os autores verificaram que essa alteração do fenótipo das HEV na ausência de DCs prejudicava a adesão e rolamento dos linfócitos T.
A transferência de BMDCs foi capaz de reverter o fenótipo imaturo das HEV e a migração dos linfócitos T para os linfonodos. No entanto, BMDCs de animais deficientes em linfotoxina-a foram incapazes de reverter esse fenômeno. Esses dados permitem a conclusão de que a linfotoxina-a produzida por DCs controlam o fenótipo de HEV e a entrada dos linfócitos nos linfonodos durante a homeostase.





Esse paper foi particularmente interessante para mim, pois além de descrever esse conceito importante, também me deu uma idéia de como prosseguir com os experimentos utlizando os animais CD11c-DTR (que no nosso lab sempre morriam antes de concluirmos os experimentos). Como já havia sido demonstrado (1), DTR também é expresso em células não hematopoiéticas e o tratamento desses animais com a toxina diftérica frequentemente causa efeitos tóxicos, induzindo perda de peso e morte. Nesse artigo aqui (2), os autores eliminaram esses efeitos indesejados, reconstituindo animais WT irradiados com a medula de CD11c-DTR, fazendo com que o DTR fosse expresso apenas nas DCs. Vivendo, LENDO e aprendendo...
Um 2012 maravilhoso para todos!!!!
Karina


Referências:

1. Zaft T, Sapoznikov A, Krauthgamer R, Littman DR, Jung S. CD11chigh dendritic cell ablation impairs lymphopenia-driven proliferation of naive and memory CD8+ T cells. J Immunol. 2005;175(10):6428-35.
2. Moussion C, Girard JP. Dendritic cells control lymphocyte entry to lymph nodes through high endothelial venules. Nature. 2011 Nov 13;479(7374):542-6.

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

SBI Blog - Retrô 2011!!!


Fim de ano! 2012 às portas! Vale talvez uma breve restrospectiva.

De janeiro a dezembro de 2011 vários assuntos passaram por este blog. Tivemos de “posts” satirizando “Lady Gaga in a Bad Project” até discussões filosóficas sobre imunologia à luz da evolução. Assuntos delicados como plágio na Ciência e artigos retratados foram discutidos. Foi aberto espaço para o debate sobre malária, descobrimos que caspase-11 participa da ativação de um novo inflamassoma, que mitocôndrias surfam na crista da onda imune tendo importante papel na resposta inata e inflamação, falamos dos segredos dos adjuvantes de alúmen, tivemos notícias sobre o receptor da flagelina intracelular, questionamos a inteligência dos linfócitos, fofocamos sobre a infidelidade da ASC (coitado do inflamassoma!!) e  anunciamos que macrófagos produzem calor. Até os  exosomas e seu maravilhoso microscópico mundo mágico foi colocado sob debate.

Passeamos deliciosamente pela China e sua ciência sem fronteiras.

Demos adeus a grandes pesquisadores como o Prof. Lenzi (Fiocruz-RJ) e Dr. Jurg Tschopp.
Tivemos Nobel para contribuições importantes na imunologia - Ralph Steinman (in memorian), Beutler e Hoffman.  

O Brasil apareceu na capa da Nature Medicine (tomara que em 2012 o Brasil não esteja só na capa!!!).  E teve também o Immunofoz 2011 ......

Cantamos até parabéns para o NFK-beta pelos seus 25 anos!

Repetimos palavras de ordem tipo – Go South, Young Scientist (The Economist)..Vale a pena mesmo? Há quem diga que sim, há quem diga que não, há quem queira voltar (back to the north!!!).

Debates calorosos sobre o CNPq e seus critérios de avaliação de produtividade e fomento foram realizados. CNPq e a numerologia dos seus critérios de avaliação (há quem diga que a numerologia também é uma ciência!!!). Para onde vamos com a política científica atual? Mais vale 1 Nature  ou 20 artigos de impacto 2? Depende... No final quem vai ganhar a bolsa de produtividade?

Qual a sua contribuição para a Ciência ou quantos artigos você tem? Qual a pergunta certa?

Formamos repetidores de conhecimento ou inovadores? Formamos cientistas? Só cientista forma cientista.. Será?

Afinal muitos questionamentos foram feitos e a discussão sempre e válida!!!! Tomara que em 2012 possamos corrigir os erros de 2011 e gerar ideias e políticas cada vez mais acertadas, mais visionárias, que valorizem o conhecimento e a educação e que permitam o avanço rápido da Ciência no Brasil.

Termino esse texto dando adeus a 2011 e desejando a todos um feliz e produtivo 2012!!!

E só para terminar .. gente.. mas afinal.... Foxp3 é ou não expresso por macrófagos? Rssrr 

E para começarmos o ano "up to date" aí vai uma sugestão de leitura da Nature Immunology bastante interessante!! Neutrophil helpers!!! http://www.nature.com/ni/journal/vaop/ncurrent/full/ni.2194.html

FELIZ ANO NOVO!!!!!



quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Nikon Small World


Vale a pena conferir e competir.

Small World is regarded as the leading forum for showcasing the beauty and complexity of life as seen through the light microscope. For over 30 years, Nikon has rewarded the world's best photomicrographers who make critically important scientific contributions to life sciences, bio-research and materials science.

Deadline for Entries:
April 30, 2012



http://www.nikonsmallworld.com/

Abraços

Desvendando a IgD


Post por Ana Carolina Moraes
Aluna de mestrado
Programa de Pós-graduação em Imunologia e Parasitologia Aplicadas
Universidade Federal de Uberlândia

Neste ano foram publicadas duas revisões na Annual Review of Immunology (AQUI e AQUI) que abordaram um assunto interessante e pouco discutido: o isotipo enigmático de imunoglobulinas, a IgD.
Superfícies mucosas são colonizadas por uma variedade de bactérias comensais e representam o principal local de entrada para agentes patogênicos. Para evitar a invasão microbiana, as células B da mucosa liberam grandes quantidades de imunoglobulinas através de múltiplas vias: folicular (dependente de célula T) e extrafolicular (independente de célula T). IgA é o isotipo de anticorpo mais abundantes em secreções da mucosa, e recentemente foi descoberto que a IgD também apresenta função na mucosa.
A IgD foi descoberta recentemente em ancestrais vertebrados, sugerindo que essa imunoglobulina foi preservada durante todos esse anos, desde seu surgimento junto com IgM na época do aparecimento do sistema imune adaptativo, cerca de 500 milhões de anos atrás. 
IgD apresenta boa plasticidade estrutural e pode ser expressa principalmente como transmembrana ou molécula secretora de uma forma espécie-específica. Uma interpretação possível é que o gene que codifica IgD foi preservado como um locus estruturalmente flexível para complementar as funções de IgM.
A mudança de classe de IgM para IgD ocorre na mucosa respiratória superior em humanos para gerar células B secretoras de IgD que ligam à bactérias respiratórias e seus produtos. Além de melhorar a imunidade da mucosa, IgD circulante também interage com basófilos através de um receptor que mobiliza cálcio que induz fatores antimicrobianos, opsonizantes, inflamatórios e imunoestimulante.
Finalmente, células B que mudam de classe para IgD e basófilos “armados com IgD” são desregulados em pacientes com síndromes hiper-IgD e autoinflamatórias, que indica que IgD coordena um sistema de vigilância entre imunidade e inflamação. Este sistema pode não só monitorar a invasão por bactérias respiratórias, mas também regular as respostas de anticorpos.

Cerutti, A.; Chen, K.; Chorny, A. Immunoglobulin Responses at the Mucosal Interface, Annu. Rev. Immunol. 2011. 29:273–93.

REFERÊNCIAS:
Chen, K.; Cerutti, A. New Insights into the Enigma of Immunoglobulin D. Immunol Rev. 2010 September ; 237(1): 160–179.

Chen, K.; Cerutti, A. The function and regulation of immunoglobulin D. Current Opinion in Immunology 2011, 23:345–352.

Chen, K.; Xu, W.; Wilson, M.; He, B.; Miller, N. W.; Bengtén, E.; Edholm, E. S.; Santini, P. A.;  Rath, P.; Chiu, A.; Cattalini, M.; Litzman, J.; Bussel, J. B.; Huang, B.; Meini, A.; Riesbeck, K.; Cunningham-Rundles, C.; Plebani, A.; Cerutti, A. Immunoglobulin D enhances immune surveillance by activating antimicrobial, proinflammatory and B cell–stimulating programs in basophils. Nature Immunology 2009, 10: 889-900. 

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Reprodução sexuada em Leishmania: avanços e descobertas

A leishmaniose constitui um espectro de doenças causadas por protozoários do gênero Leishmania, que compreende várias espécies, responsáveis por diferentes formas da doença. Trata-se de uma doença transmitida por fleblotomíneos dos gêneros Phlebotomus, presentes no Velho Mundo, e Lutysomyia presentes no Novo Mundo. Estima-se que 350 milhões de pessoas correm risco de contrair a doença, sendo registrado cerca de 2,5 milhões de novos casos por ano em todo o mundo. Numerosos estudos na biologia celular e molecular, bem como avanços na genética evolutiva de parasitos do gênero Leishmania tem sido realizados desde 1990. Contudo, o modo de reprodução desses parasitos não está claro. Duas grandes teorias são postuladas: teoria clonal versus teoria sexual.

Durantes muitos anos, a reprodução sexuada foi defendida como o principal mecanismo de reprodução presente em parasitos do gênero Leishmania. Desde 1990, Tibayrenc et al. propôs a teoria clonal para todas ou a maioria das espécies de Leishmania. Esta teoria foi baseada principalmente no conceito de que a prole era geneticamente idêntica aos seus progenitores. Por outro lado, trabalhos têm identificado cepas de Leishmania, ocorrendo naturalmente, que compartilham marcadores genéticos de duas espécies conhecidas, fornecendo assim evidências circunstanciais para a recombinação sexual.

Após 20 anos de tentativas em observar a reprodução sexuada desses parasitos in vitro, nunca tendo evidências concretas de que tal poderia se quer ocorrer, foi descoberto que a chave para tal fenômeno não estava em monitorizar a reprodução in vitro, mas no aparelho digestivo dos insetos vetores. Um recente estudo experimental demonstrou troca de material genético entre duas cepas de L. major dentro do seu hospedeiro vetor. Usando cepas de Leishmania transgênicas resistentes a diferentes drogas seletivas, os autores conseguiram isolar parasitos resistentes a ambas as drogas após a infecção natural dos insetos. Dessa forma, os autores propuseram que a recombinação gênica entre esses parasitos ocorre somente no inseto vetor e que uma progênie híbrida pode ser transmitida para o hospedeiro vertebrado pelos insetos. Além disso, outro trabalho, utilizando isolados humanos de L. braziliensis e estudos de genética de população, demonstrou que havia uma forte homozigose entre as progênies, uma observação que é incompatível com o modo de reprodução predominantemente clonal em uma escala de tempo ecológica (20-500 gerações). Foi então sugerido que L. braziliensis pode alternar entre diferentes modos de reprodução: reprodução clonal tanto no hospedeiro vertebrado quanto no inseto vetor e reprodução sexuada dentro do inseto vetor.

Pela primeira vez estudos fornecem evidências diretas e experimentais da existência de troca gênica entre parasitos do gênero Leishmania. Com o avanço nos estudos da biologia desses parasitos poderemos obter um maior conhecimento sobre a estrutura populacional e a estratégia reprodutiva desses patógenos fornecendo assim informações importantes para a compreensão dos padrões de transmissão e informações indispensáveis para o diagnóstico e epidemiologia bem como para o desenvolvimento de novas vacinas e drogas.

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Referências

Rougeron V, Meeûs TD, Ouraga SK, Hide M, Bañuls AL. (2010). ‘‘Everything You Always Wanted to Know about Sex (but Were Afraid to Ask)’’ in Leishmania after Two Decades of Laboratory and Field Analyses. Plos Pathogens 6: 1-5.

Akopyants NS, Kimblin N, Secundino N, Patrick R, Peters N, Lawyer P, Dobson DE, Beverley SM, Sacks DL. (2009). Demonstration of genetic exchange during cyclical development of Leishmania in the sand fly vector. Science 324: 265–268.

Rougeron V, Meeûs TD, Hide M, Waleckx E, Bermudez H, et al. (2009). Extreme inbreeding in Leishmania braziliensis. Proc Natl Acad Sci U S A 106: 10224–10229.

Post de Djalma Lima Júnior

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Como o sistema imune trata os mortos?

Diferentes vias podem induzir a morte celular durante o desenvolvimento e ao longo da vida de um organismo. No sistema imune é particularmente importante o papel da morte celular, devido à necessidade de manter um pool de células efetoras e eliminar uma população que proliferou em resposta a um patógeno determinado, uma vez que o micro-organismo tenha sido eliminado. O fundamento central da resposta imune é desafiado enormemente nesse contexto. Como manter a capacidade de combater eficientemente o estranho, sem induzir uma resposta auto-agressiva, nessa maré de antígenos próprios e estranhos durante uma resposta inflamatória? Lembrando que, uma certa resposta frente a antígenos próprios pode ser necessária, por exemplo, para controlar tumores. Como disse a Cris Bonorino no post sobre este assunto: Death rocks. 

Um indício do complexo que pode resultar o assunto é a variedade de hipóteses que têm sido propostas para explicar como as diferentes formas de morte celular influenciam a resposta imune.  Vale a pena ler uma serie de revisões publicadas recentemente sobre mecanismos de morte celular, e como a mesma induz vários efeitos sobre outras células, tendentes a diminuir o impacto da morte celular no organismo (Immunity, 35(4)).

Além do tipo de morte celular que aconteceu (seja devido a um dos 3 tipos de apoptose, à autofagia, ou a necrose), é importante reconhecer, algumas circunstancias:
  • O tipo de célula que morreu (Não é a mesma coisa a morte de um fibroblasto de um tecido, como consequência do turnover celular do que a morte de uma célula dendrítica, por exemplo).
  • O quê a célula morta está liberando no micro ambiente (relacionado com o item anterior, e com o estado prévio de ativação, transformação ou infecção da célula, além dos sinais find me and eat me).
  • Quando a célula morreu (por exemplo, células T ativadas possuem CD154 o que as torna potentes imuno-estimuladoras quando entram em apoptose, o que não acontece com células T naïves. Também é importante mencionar o tempo em que o sistema imune captura as células apoptóticas. A rápida remoção de células apoptóticas evita respostas imunes desnecessárias).
  • Onde a célula morreu (por exemplo, é sabido que o baço pode favorecer respostas tolerogênicas, principalmente devido à presença de células CD8a+).
  • O porquê a célula morreu (Por exemplo, células que entram em apoptose devido a uma infecção intracelular expressam ligantes de TLR e diversas moléculas induzidas pela infecção, e estão envolvidas na indução de Th17).


Parece simples, mas a aplicação dessas típicas perguntas (as cinco W por who, what, when, where and why) ajuda a compreender as circunstâncias que favorecem ou evitam a indução da resposta imune frente a células mortas em diferentes contextos. Ou poderíamos dizer que o sistema imune está regulado de acordo a como se tratam os mortos?

O trato que o sistema imune dá às células mortas depende das circunstâncias 
da morte celular. E tem consequências distintas, pudendo levar à indução de
 tolerância ou ativação da resposta imune. (Tomado de Griffith TS, Ferguson TA
Immunity. 2011 Oct 28; 35(4):456-66 )
Referências:
1. Griffith TS, Ferguson TA. Immunity. 2011 Oct 28; 35(4):456-66
2. Ravichandran KS. Immunity. 2011 Oct 28; 35(4):445-55
3, Levine B, Mizushima N, Virgin HW. Nature. 2011 Jan 20;469(7330):323-35.


domingo, 25 de dezembro de 2011

Feliz Natal

Caros, Feliz Natal para TODOS!!!!!!
Segue um vídeo muito legal que recebi do casal Barral. Vale a pena vê-lo.
Joao

sábado, 24 de dezembro de 2011

Se Pós-graduando Escrevesse Diário, ia Começar Assim...

... “Que dia será que passarei num concurso?”, ah sim, porque passar eu vou, só não sei quando. Né? É, mais ou menos. Mas o massacre pior não é nem esse, o ruim mesmo é quando vem um camarada e te pergunta -“Qual a sua profissão?” -“hãn?” –“É, o que você faz da vida?” [pausa]. Que dor no coração pra você que saiu da graduação, emendou 2 anos de mestrado, mais uns 3 ou 4 de doutorado, está no segundo pós-doc... E aí?! [pausa]. Aí você tem algumas opções, pode dizer que é estudante, por exemplo, e ler os pensamentos da pessoa que te perguntou e agora está a olhar por cima dos óculos -“30 anos nas costas e...” você também pode dizer que está desempregado (piorou); e claro, pode falar que é biólogo, farmacêutico, biomédico ou afins. Ah claro, pode falar que é pesquisador, mestrando ou doutorando, pra ouvir alguém dizer “mas você não trabalha, só estuda?”. Essa pra mim é a pior. Dói, sabe? Como assim não trabalho? Eu não tenho emprego, não tenho como comprovar renda, mas trabalhar eu trabalho, oras. Trabalho de dia, de noite, madrugada, feriado, aniversário, fim de semana, e por aí vai. Um mês de férias? Vai esperando!! Ainda tem os que perguntam -“E o que você pesquisa?” Se você responder do jeito que você queria, eles não vão entender, se diminuir a complexidade vai parecer banal, e, pra ser bem sincera, numa hora dessas a paciência já está lááá, quer saber onde?! Pois é, lá mesmo.


Boas festas pra quem vai passar o fim de ano comemorando o estacionamento vazio! Rs.

Manuela Sales: IBA – FMRP - USP

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