Não sei se é porque eu estou ficando velha – quer dizer, mais madura – que a morte começou a me chamar a atenção. A verdade é que a morte está na moda, mas o Gustavo Amarante Mendes sempre soube, e hoje algumas das idéias mais interessantes que estão rolando em imuno tem a ver com diferentes formas de morte e como elas podem moldar a interação entre parasita e hospedeiro, e portanto a resposta imune.
Antigamente se pensava que apoptose era não imunogenica, enquanto que a necrose era morte acidental e gerava inflamação. Hoje sabemos que a apoptose pode expor diferentes moleculas da célula que são reconhecidos por receptors como padrões de dano cellular e isso gera resposta. Também sabemos pelo trabalho de Steve Hedrick – meu sponsor aqui em San Diego – que a necrose não é acidental e ao ser induzida por virus, resulta na formação de um necroptosoma, e que isso deve ser percebido pelas células como infecção. Ela é ativada quando a célula for estimulada com citocinas como o TNF, na presença de inibidores de caspases. A inibição de caminhos de morte tambem talvez seja percebida como infecção.
No Imunofoz diferentes palestras chamaram a atenção sobre isso. A de Jin Wang, do Baylor College, mostrando como a apoptose de céllas T especificas para o antigeno é realizada por DCs de forma dependente de Fas e perforinas. Francis Ka-Ming Chan, da UMass, mostrou que a necrose pode ser induzida por infecção viral via RIP1 e isso altera a resposta. Mauricio Rodrigues, da USP, mostrou que a infecção por T cruzi leva a expressão de Fas as células T CD8+ nos animais que são suscetîveis, mas não nos resistentes, e que a vacinação com adenovirus expressanto Ag de T cruzi reverte isso.
A morte em diferentes células deve ter efeitos diferentes na resposta, e aposto que estudar isso vai nos revelar coisas novas sobre o sistema immune.
E voce, já pensou como a morte pode estar influenciando a resposta em que vc trabalha? Death rocks!
Irene L. Ch'en,a Daniel R. Beisner,a Alexei Degterev,b Candace Lynch,c Junying Yuan,d Alexander Hoffmann,c and Stephen M. Hedricka1 Antigen-mediated T cell expansion regulated by parallel pathways of death Proc Natl Acad Sci U S A. 2008 November 11; 105(45): 17463–17468.
YoungSik Cho,#1¤ Thomas McQuade,#1 Haibing Zhang,2 Jianke Zhang,2 and Francis Ka-Ming Chan1,3*RIP1-Dependent and Independent Effects of Necrostatin-1 in Necrosis and T Cell Activation PLoS One. 2011; 6(8): e23209.
Adorei o post Cris, a morte parece estar na moda mesmo. As palestras do Congresso sobre morte celular estavam na minha lista de preferidas também. beijos
ResponderExcluirFico sempre em dúvida se a morte serve como defesa, alarme celular ou se é apenas um mecanismo dos patógenos para se propagar no hospedeiro. Achei curioso a questão do necroptosoma, porque pra mim a necrose sempre representou algo ruim, mas nesse caso mostrado por vc ela é benéfica.
ResponderExcluirA morte com toda certeza influencia o que eu trabalho, até porque trabalho com caspase-1.
Realmente Necroptose é uma coisa que a cada dia acho mais interessante. E realmente, regulação da morte celular na imunidade é algo que está In. basta ver a Immunity de 28 de outubro...
ResponderExcluirImmunity, Volume 35, Issue 4, 28 October 2011
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Valeu Jonilso - estou há dias pra entrar aqui e colocar os artigos da última Immunity sobre Death. Viram como está in? O artigo do Douglas e o do Ferguson estão particularmente legais...
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