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quinta-feira, 31 de março de 2011

Sobre a constância*

Por Nelson Vaz
2011-MAR-20

“Change proposes constancy: What is the ongoing entity of which we can
say that it has assumed a new form?” Mary Catherine Bateson

De acordo a Biologia do Conhecer (Maturana, 2002), dizemos em um texto recente:
”As entidades que distinguimos em nosso viver diário são de uma constância ilusória que oculta o turbilhão que as constitui. Nossa realidade é construída com objetos estáveis e eventos previsíveis e a Biologia, o estudo dos seres vivos, não poderia ser diferente: está interessada em descobrir os elementos que constituem os organismos e lhe conferem sua forma e propriedades. Nesta maneira de ver, os processos do viver são secundários às coisas em si (Vaz e Ramos, 2011).

Paradoxalmente, ao falar de mudança, falamos de algo que se conserva, algo que assumiu uma nova forma. Nossa cultura valoriza a mudança e a inovação, está menos atenta para aquilo que se conserva. Mas só podemos falar da variação de algo que, até então, permanecia. É impossível descrever a história de eventos ao acaso.

Segundo Maturana (2002):
“Processos históricos ocorrem momento a momento seguindo um trajeto constituído a cada instante na conservação de algo que conecta os momentos sucessivos, e à volta do qual, todo o resto pode mudar.”
e
“dizer que “sistemas vivos são sistemas históricos, é dizer precisamente que eles existem como entidades singulares em um fluxo contínuo de mudanças estruturais em torno da conservação da autopoiese e da adaptação.”

Os sistemas vivos mudam continuamente de estrutura mas não mudam sua organização como uma rede fechada de produções moleculares que estabelece seus próprios limites com as moléculas que constituem o meio, também molecular, no qual esse viver ocorre. Mudam mas não mudam sua maneira de mudar. Este é o conceito de organização autopoiética (auto-criadora/mantenedora).

Ainda Maturana (2002):
“De acordo com isso, não é a mudança que torna a evolução biológica um processo histórico: é a conservação ontogenética e filogenética contínuas da autopoiese e da adaptação, como aquilo em torno do qual, todo o resto pode variar. Nessas circunstâncias, o que é primariamente conservado na história dos sistemas vivos é o viver (autopoiese e adaptação).”

É preciso atentar para aquilo que é conservado naquilo que muda.
Entendemos hoje bastante bem os mecanismos genéticos e epigenéticos que fazem com que os seres vivos mudem em sua reprodução e seu viver. O que não entendemos, porque não atentamos para isso, é sobre o que é conservado na filogênese. Por que certas estruturas e certas relações não mudam e permanecem as mesmas face a tantas possibilidades de variação? Segundo Gregory Bateson, esta é a pergunta fundamental da cibernética (Bateson, 1967).



Segundo Maturana, quando compreendemos que “...o que é primariamente conservado na história dos sistemas vivos é o viver (autopoiese e adaptação), podemos compreender que isso também dá lugar a
“...formas diferentes de realização do viver através da conservação reprodutiva de diferentes maneiras de realização da autopoiese na conservação da adaptação..”

Constância na atividade imunológica
São ainda raras as indagações sobre o que se mantém constante na atividade imunológica. O trabalho de Adolfo Firmino da Silva Neto em sua tese de mestrado (Silva Neto, 2002) com os immunoblots desenvolvidos por Nóbrega et al. (Panamá blot) (Nóbrega et al., 2002) tem aspectos que ilustram bem este problema da constância em meio à variação. Adolfo estudou imunoglobulinas equinas e mostrou que as IgM em soros de cavalos hiperimunizados com toxinas bacterianas, venenos ofídicos e de escorpiões, exibem perfis de reatividade com extratos de tecidos equinos e de E. coli que não diferem significativamente dos perfis observados no soro de potros normais. Com as IgG, a situação é muito similar, embora surjam diferenças significativas em alguns soros (por exemplo, anti-escorpião). A constância (invariância) de perfis de reatividade de IgM, e em parte, também das IgG, com a idade, tem sido mencionada tanto na análise de camundongos quanto de humanos (Lacroix-Desmazes et al., 1995; Vani et al., 2008). Em conversas, Nóbrega também mencionou esta invariância em soros de animais imunizados, mas não sei onde isto está publicado.

Este seria um modelo adequado para abordar uma entidade global invariante que sabemos composta por elementos variáveis, ou seja, immunoblots que não variam de um soro a outro, embora estes soros difiram muito em atividade específica. Talvez agora, com o progresso no conhecimento com os micro-arrays de proteínas de Cohen e colaboradores (Madi et al., 2011), já seja possível entender melhor o que se passa.

Há um texto de John Stewart que critica os immunoblots argumentando que sua suposta invariância é um artefato. É preciso discutir este trabalho (Brissac et al., 1999), segundo o qual, com base em uma curva de calibração é possível avaliar a diversidade clonal de uma mistura de anticorpos através da medida de certos parâmetros. O texto conclui que a diversidade funcional das IgM naturais estaria em torno de 16 mil clones.

*inclui texto de 2004-JAN-10

- Bateson, G. (1967) Cybernetic explanation. American Behavioral Scientist 10, 29-32. Reprinted in Steps to an Ecology of Mind, New York, Balantine Books, pp 399-410, 1973.

- Brissac, C., Nobrega, A and Stewart, J. (1999). "Functional diversity of natural IgM." Int Immunol 11(9): 1501-1507.

- Lacroix-Desmazes, S., Mouthon, L., Coutinho, A. and Kazatchkine, M.D. (1995) Analysis of the human natural IgG antibody repertoire: life-long stability of reactivities toward self-antigens contrasts with age-dependent diversification of reactivities against bacterial antigens. Eur.J.Immunol. 25, 2598-2564.

- Maturana, H. (2002) Autopoiesis, structural coupling and cognition: a history of these and other notions in the biology of cognition. Cybernetics & Human Knowing 9, 5-34.

- Nobrega, A., Stransky, B., Nicolas, N. and Coutinho, A. (2002) Regeneration of natural antibody repertoire after massive ablation of lymphoid system: robust selection mechanisms preserve antigen binding specificities. J Immunol 169, 2971-2978.

- Silva Neto, A.F.d. (2000) Desenvolvimento ontogenético do repertório de anticorpos no modelo equino. In: Departamento de Bioquímica e Imunologia. Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte.

- Vani, J., Elluru, S., Negi, V.-S., Lacroix-Desmazes, S., Kazatchkine, M.D., Bayary, J. and Kaveri, S.V. (2008) Role of natural antibodies in immune homeostasis: IVIg perspective. Autoimmunity Reviews 7 440–444.

- Vaz, N.M. e Ramos, G.C. (2011) O que permanece naquilo que muda – Considerações sobre a mudança e a constância nos fenômenos imunológicos. EmEl HAni, C et al. “Darwin na Bahia” (no prelo).

quarta-feira, 30 de março de 2011

A nova ordem científica

Matéria do Jornal "O Globo", reproduzida no Jornal da Ciência (aqui)

China ultrapassará EUA e será líder de pesquisa em 2013. Brasil é potência emergente.

Inventora da bússola, da pólvora e do papel, a China está decidida a reassumir a vanguarda do conhecimento. Um relatório global apresentado ontem pela Royal Society britânica revela o salto do país em 20 anos. A China pulou da sexta posição para a vice-liderança no ranking da produção científica global, desbancando o Japão. E a previsão é que passará os EUA em 2013, tornando-se a líder mundial da ciência. Brasil e Índia também mereceram destaque no relatório - a Royal Society estima que, até o início da próxima década, eles terão produção científica maior do que França e Japão.

O crescimento das nações emergentes já é acompanhado pela queda da produção científica de EUA e Europa. Mas, diferentemente de outros países em desenvolvimento, que destinam mais recursos às engenharias, o Brasil prioriza investimentos em biociências e agropecuária.

- É, de certa forma, uma nova ordem mundial - explica Carlos Henrique de Brito, diretor científico da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). - Os países que se estabeleceram primeiro como centros científicos estão perdendo posição para outros que chegaram mais recentemente a esta atividade e buscam se desenvolver.

Os EUA ainda publicam quase o dobro de pesquisas da China (320 mil contra 163 mil). Ainda assim, Washington percebeu que está perdendo o fôlego. Em 2003, os americanos publicavam 26% de todos os trabalhos elaborados no mundo; cinco anos depois, este índice caiu para 21%. Recentemente, o Congresso daquele país pediu à Academia Nacional para investigar qual é a competitividade de suas unidades de pesquisa, em relação à de outras nações.

A preocupação também é visível do outro lado do Atlântico. No ano passado, a Royal Society alertou o governo britânico que "a liderança científica (do Reino Unido), que demorou décadas para ser construída, pode ser perdida rapidamente". O país hoje é o terceiro no ranking mundial.

Crise econômica ajudou emergentes
A classificação científica representa muito mais do que mero prestígio. Trata-se de um indicador sobre a capacidade que um país tem para competir na economia global, gerando tecnologia, produtos de alto valor e independência em áreas estratégicas.

- O relatório da Royal Society é interessante, mas sua análise vai até 2008. Depois, houve a crise econômica mundial, e a balança pode ter pendido ainda mais para as nações emergentes, que foram menos afetadas pela recessão, ressalta Brito.

O crescimento científico brasileiro foi tão intenso que, pela primeira vez, uma cidade sul-americana entrou no mapa das 20 mais produtivas cientificamente. São Paulo é citada como um centro de pesquisa de grandeza semelhante a Nova York, Paris, Londres, Pequim e Tóquio. Vem da capital paulista uma em cada cinco pesquisas científicas do país. A liderança é resultado de décadas de investimentos.

- O estado aplica praticamente 13% de sua receita em ensino superior e pesquisa. É apenas um ponto percentual a menos que a Califórnia, destaca Brito. - Só a USP forma 2.200 doutores por ano. O desafio é fazer com que a experiência bem-sucedida aqui seja aplicada em outras regiões brasileiras.

Há, porém, outras pedras no caminho. Uma é a que a produção científica nacional, embora continue crescendo, aos poucos tem pisado no freio. Entre 1994 e 1998, este índice cresceu a uma velocidade de 17% ao ano. De 2003 a 2008, a 5,3% anuais.

- Temos um potencial muito grande para tirar o atraso, desde que haja investimentos em educação, na formação adequada de técnicos e pesquisadores e mais recursos para a pós-graduação, que é um sucesso nacional, enumera Paulo Sérgio Beirão, diretor de Ciências Agrárias, Biológicas do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). - A Unesco, em 2009, já nos colocava como o 13º do mundo em produção científica. Podemos ultrapassar outros países, como a França.

Segundo a Royal Society, o ranking das dez nações de maior produção científica têm, além de EUA, China e Reino Unido, Japão, Alemanha, França, Canadá, Itália, Espanha e Índia. Tuvalu está em último lugar: o país insular produziu apenas um dos 1,5 milhão de trabalhos científicos de 2008.

No Brasil, cortes orçamentários
O Brasil investe, atualmente, 1,6% do PIB em ciência e tecnologia. A meta é elevar este percentual para 2,5% até 2022. Este ano, no entanto, o País deu um passo para trás. O ministério responsável pela área terá um corte de R$ 1,7 bilhão em seu orçamento - sobrarão R$ 6,4 bilhões de receita.

Para Paulo Sérgio Beirão, do CNPq, a tesourada deveria ser revista: - Os 31 países-membros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico investem, em média, 2,2% do PIB em ciência e tecnologia. Não devemos ficar abaixo deste índice. O corte no Orçamento terá impacto na produção científica e diminui nossa competitividade.

O Brasil, recomenda Beirão, deveria seguir os passos da Coreia do Sul. No fim da década de 90, o país asiático viu-se diante de uma grave crise cambial. Em vez de promover cortes em pesquisa, decidiu incentivá-las.

- O investimento em ciência e tecnologia cresceu 10%. Decidiu-se que esses recursos,
a médio e longo prazo, dariam maior retorno, conta.

terça-feira, 29 de março de 2011

Um ano do SBlogI

Em 29 de março de 2010 foi lançado o SBlogI, após poucos dias de versão beta. Não tínhamos uma visão clara de como seria o seu funcionamento e, menos ainda, de sua receptividade.
Como fomos?
Entre 29 de março de 2010 e 25 de março de 2011 tivemos 100.719 vistas de páginas resultantes de 59.115 visitas. Não temos números com os quais comparar mas é importante notar que a tendência é crescente.



Foram realizadas visitas de vários países além do Brasil, com ênfase nos EEUU e em Portugal.



Do Brasil, recebemos leitores de 329 cidades.
Este desempenho se deveu a interessantes textos de todos os blogueiros, incluindo vários convidados, entre eles muitos estudantes. Foram também muito visitadas as páginas das iniciativas das grandes perguntas da imunologia e as twitrenvistas antes do Congresso da SBI em Porto Alegre.
A matéria do SBlogI aparece também no Twitter (@SBlogI)e no Facebook na página SBlogI que tem 603 seguidores.
Alguns colaboradores estão desde o começo da jornada, outros se somaram depois. Alguns, devido a outros compromissos, ficarão, temporariamente, afastados e novos colaboradores estão chegando.
A poesia marcou o post de um mês de aventura do SBlogI, quando admitíamos estar em pleno mar (aqui). Após o que vimos com os dados acima, creio que podemos dizer que passamos da Taprobana (embora não tenhamos tido, neste ano, um único acesso da Taprobana, tivemos acessos vindos d’além dela).
“Por mares nunca dantes navegados
Passaram ainda além da Taprobana,
Em perigos e guerras esforçados
Mais do que prometia a força humana”

O desempenho não nos pareceu mal. Agradecemos a todos os nossos leitores e desejamos que continuem a nos acompanhar. Seria muito interessante receber sugestões de onde precisamos melhorar, pontos que poderíamos tratar e críticas.
João Santana da Silva e Manoel Barral-Netto
Nota: Taprobana é o nome muito antigo do Sri Lanka, que também foi conhecido como Ceilão.

segunda-feira, 28 de março de 2011

Microbiota perde complexidade na senescência

Para comemorar nossa semana de aniversário de um ano do nosso Blog, temos hoje uma contribuição interessante da Professora Ana Maria Caetano de Faria da UFMG. Bom proveito e traga sua opinião!


Microbiota perde complexidade na senescência

Já sabemos há vários anos que o processo de envelhecimento se acompanha de uma perda global de complexicidade e de capacidade funcional. No sistema imune, por exemplo, ocorre uma redução progressiva na diversidade do repertório de linfócitos T na periferia à medida que envelhecemos. A diminuição da saída de linfócitos virgens/diversificados do timo e o a expansão oligoclonal de linfócitos T de memória comprometem a capacidade de reatividade imunológica dos idosos para novidades antigênicas. Essa perda de plasticidade funcional não ocorre aparentemente somente no sistema imune. Há relatos de que outros parâmetros biológicos tais como as variações na complexidade no eletroencefolograma (ECG), medida por uma estimativa de entropia multiescala (MSE), também estão reduzidas em idosos quando comparados aos jovens. (Takahashi et al, 2009. Clinical Neurophysiology, 120(3): 476-483).

Recentemente, o grupo de Wilhem de Vos e Claudio Franceschi mostraram que essa perda de complexidade relacionada ao envelhecimento não afeta somente o nosso organismo, mas também a microbiota associada a ele (Biagi et al, 2010. PLoS ONE, 5(5): e10667). Utilizando um Human Intestinal Tract Chip (HIT-Chip) e PCR quantitativo para rRNA 16s, esses autores analisaram a composição da microbiota de indivíduos de diferentes grupos etários (jovens, idosos e centenários). A composição microbiana da microbiota em indivíduos adultos jovens e idosos é bastante similar, mas difere significativamente daquela encontrada em centenários. Mais que isto, a diversidade das comunidades microbianas, medida pelo índice recíproco de diversidade de Simpson, é alta nos dois primeiros grupos, mas reduzida nos centenários. A frequência de Eubacterium limosium, por exemplo, está aumentada em até dez vezes nesses indivíduos.

Assim, o envelhecimento, ou talvez mais particularmente a senescência, parece associada a uma perda de complexidade biológica também no sistema funcional representado pela microbiota humana.


Ana Maria Caetano de Faria

Laboratório de Imunobiologia,

Depto. Bioquímica e Imunologia, ICB, UFMG.

Important information - Frontiers in Immunology

Caros, vejam a carta que recebi da IUIS.

Helsinki, New York, March 24th, 2011

Dear member,

As you know, the IUIS has recently signed an agreement with the new open access journal Frontiers in Immunology, making it now our official journal!. This is something that the immunological community has been waiting for a long time. There are many good journals around, but there is a clear need for a new type, coherent and strong journal that everybody can feel comfortable with. And not just one journal but many that cover the whole immunology field. If you feel something is missing, we (or you) can add it! Many immunologists feel that there are biases and barriers in the current publishing systems restricting the appearance of full spectrum of activities. IUIS has made the agreement with Frontiers under the conditions that the publishing process will be fair, unbiased, yet it would not compromise with quality. In addition to publishing, Frontiers will develop other activities on its pages: news forum, handling of meeting proceedings and networking among immunologists. It can provide a platform for societal activities of the many immunological societies at various levels. We hope to generate a world map of immunology on its pages.

What can the IUIS members do to take full advantage of this new agreement between the IUIS and Frontiers in Immunology?

REGISTRATION

Frontiers in Immunology is an open access online journal that is run by Frontiers. Readers have free access to the entire content published, but a registration with Frontiers is necessary to submit articles. Unless you have already done so, please go to http://www.frontiersin.org/Registration/Register.aspx to complete your registration, which is very rapid and completely for free. This is a necessary step for any researcher wishing to profile himself, but also extremely important to increase your visibility as well as that of our society's. It seems obvious that the more complete a profile is, the more chances there are that it will be looked at, but ‐ believe it or not – apparently one of the most efficient ways to reach popularity is to post a picture, so do not hesitate to do so!

PRIVACY

Your privacy is important to us, and we make it a top priority. Once you have created your profile, you can choose your privacy settings on just about everything so that you are always in control of how much you want to be disclosed,.

EDITORIAL BOARDS

Frontiers in Immunology is a young journal. In fact it went online in November 2010, and it is now in the position to greatly and quickly benefit from the IUIS community. The growth of the editorial board from the current 600 editors to the target 2,000 is very important to achieve its full potential. If you want to submit your application, or want to suggest someone else, to become Associate or Review editor, please contact immunology.editorial.office@frontiersin.org_

SUBMIT YOUR MANUSCRIPT

Frontiers in Immunology has now started to take in manuscripts, both Original Research articles and Reviews. The myriad of advantages for authors publishing with Frontiers is still unmatched in the context of academic publishing, in both phases preceding and following publication. Fairness of review, speed of publication and widespread visibility are just a few of the multitude of benefits reserved to Frontiers authors. More information can be found here http://www.frontiersin.org/immunology/whypublish

COMMUNITY

Now that Frontiers in Immunology is the official journal of the IUIS, it is also part of an exciting community led by researchers driven by the desire to offer the best to the academic world. You can already see some community services and tools on the bottom of the home page. Browse, search and post job offers for free! Buy and download ebooks! Search the scholar community with our Who’s who…MORE TO COME... and there are so many more exciting and useful tools coming soon. In future versions of Frontiers that will be released this year, it will be possible to initiate discussions, blogs, collaborations, share data, images, videos, and much more. It is not a one‐off affair. The site can become a hotbed of continued discussion and networking and regularly updated with new articles to keep the topic alive ‐ like repeated annual conferences. So keep visiting us!

Welcome to the new world of immunology

Seppo Meri Kendall Smith

Secretary General of IUIS Field Chief Editor, Frontiers in Immunology

University of Helsinki, Finland Cornell University, New York, USA


Caros colegas,


este espaço completará amanhã um ano de existência. Para comemorar tal fato, planejamos algumas mudanças que serão implementadas ao longo desta semana.


Independentemente, gostaríamos de receber opiniões, críticas e sugestões de vocês... afinal de contas, este espaço é nosso!

domingo, 27 de março de 2011

Oportunidades de Fomento



Oportunidades Vigentes
Edital de Abertura de Vagas para Estágio na França nas Áreas de DST/HIV/Aids e Hepatites Virais
O Ministério da Saúde do Brasil, por meio do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais, da Secretaria de Vigilância em Saúde, no uso das suas atribuições torna pública a realização de processo seletivo simplificado para seleção de candidatos a estágio na França no âmbito do Programa de Cooperação Técnica Brasil-França em DST/HIV/Aids e Hepatites Virais.

Esse programa tem por objetivo a capacitação técnica de profissionais brasileiros e franceses, ligados a instituições governamentais e não-governamentais que atuam no combate às epidemias de DST/HIV/aids e Hepatites Virais, além do desenvolvimento de projetos e o intercâmbio de conhecimento entre as principais instituições ou serviços em aids de ambos os países. É um facilitador de cooperação técnica internacional entre os países envolvidos, por meio da oferta de estágios na França e no Brasil.

O processo seletivo simplificado destina-se ao preenchimento de até seis vagas distribuídas nas seguintes áreas: Prevenção; Controle Social Promoção dos Direitos Humanos; Epidemiologia; Tratamento e Assistência; Hepatites Virais.
Data Limite: Até o dia 2 de abril de 2011 (data de postagem por correio).
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Edital nº 23/2006 CGCI/Capes - Chamada Pública de Projetos para a Escola de Altos Estudos: Cooperação Acadêmica Internacional em Nível de Pós-Graduação Stricto Sensu

A Escola de Altos Estudos é uma iniciativa para fomentar a cooperação acadêmica e o intercâmbio internacional em cursos e programas de pós-graduação stricto sensu de mestrado, doutorado, bem como no pós doutorado, mediante a visita de docentes e pesquisadores de alto nível ("professores visitantes"), em apoio aos programas de pós-graduação stricto sensu ministrados no País e tem por objetivo apoiar, com recursos da Capes, a realização de cursos monográficos de alto nível, inclusive intensivos.

A Escola de Altos Estudos utilizar-se-á da infraestrutura dos programas de pós-graduação 
stricto sensu e deverá contribuir para o fortalecimento e a ampliação de programas de pós-graduação stricto sensu nacionais, envolvendo a participação articulada de diferentes programas de mestrado e doutorado interessados em uma programação.
Data Limite:
Encaminhamento de propostas: fluxo contínuo;
Seleção - Primeira fase: em até 60 dias;
Manifestação dos programas interessados: em até 60 dias;
Seleção final - Segunda fase: em até 30 dias.
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Bolsas de Estudo para o 43º International Summer Science Institute

Alunos brasileiros podem concorrer a bolsa de estudos para o Instituto Weizmann de Ciências. Com modernos laboratórios que abrigam mais de 2500 cientistas, técnicos de laboratório e estudantes, o Instituto Weizmann, localizado em Rehovot, Israel, figura na vanguarda da investigação científica e vêm fazendo grandes contribuições para a humanidade no tratamento de doenças como o câncer e a esclerose múltipla e no campo das investigações científicas.

O 43º 
International Summer Science Institute do Instituto Weizmann acontecerá de 4 a 29 de julho de 2011. Os participantes têm a oportunidade de adquirir experiência direta em pesquisa de ponta trabalhando em laboratórios de pesquisa desenvolvendo projetos de investigação ao lado de profissionais.
Data Limite:21 de março de 2011.
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Programa ALFA III - Programa de Cooperação Acadêmica entre a União Europeia e a América Latina (3º Chamada)

O Programa ALFA III está inserido nas atividades de cooperação internacional entre Instituições de Ensino Superior (IES) da União Europeia (EU) e da América Latina (AL). O objetivo geral do programa é contribuir para o desenvolvimento do Ensino Superior (ES) na América Latina com o intuito de estimular o desenvolvimento econômico e social mais equilibrado e equitativo da região.

O Programa já lançou duas Chamadas para seleção de propostas em 2008 e 2010. Na 
Terceira Chamada de Propostas destacam-se os seguintes tópicos: a cooperação para o desenvolvimento e o fortalecimento institucional; o reforço do papel do ensino superior no desenvolvimento global, equilibrado e equitativo da sociedade latinoamericana e a promoção de uma área comum EU-AL de ensino superior.

A presente Chamada inclui dois lotes que serão desenvolvidos em paralelo. Cada lote corresponde a setores ou temas prioritários específicos e será executado por meio das diversas ações ou projetos executados pelas redes selecionadas:

Lote 1- Projetos Conjuntos: deverão ser realizados por redes formadas por IES estabelecidas na AL e na UE. As atividades visam favorecer os intercâmbios de experiências entre as instituições participantes na proposta e a respectiva execução nas instituições membros da AL. Estes devem procurar alcançar resultados tangíveis e mensuráveis no âmbito da coesão social;
Lote 2 - Projetos Estruturais: deverão ter como eixo central a reflexão e a elaboração ou a concepção de mecanismos estruturais que possam favorecer, à escala regional, a modernização, a reforma e a harmonização dos sistemas de Ensino Superior na AL.

Data Limite:O prazo para a apresentação propostas (documentos de síntese) será 25 de março de 2011 (data de postagem).
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Rubicon Programme 2011

The Netherlands Organisation for Scientific Research (NWO) is the largest financer of scientific innovation in the Netherlands and operates as an intermediary between researchers, (international) science centres and society. The NWO finances, coordinates and monitors thousands of research projects and numerous collaborations in all sciences, and mediates for the use of state of the art facilities – such as telescopes and super computers.

The Rubicon Programme is directed at promising young postdoctoral researchers who are still at the start of their scientific careers but whose scientific qualities give them the potential to become established figures in Dutch scientific research. The programme offers researchers who have completed their PhDs in the past 12 months the opportunity to gain knowledge, skills and experience by spending up to two years at a top research institute outside the Netherlands or one year at an excellent Dutch research institute.

The aim of the Rubicon Programme is to encourage talented researchers at Dutch universities and research institutes run by KNAW and NWO to dedicate themselves to a career in postdoctoral research. Rubicon offers researchers who have completed their doctorates in the past year the chance to gain experience at a top research institution outside the Netherlands (maximum of two years).

The Rubicon programme also offers talented researchers from abroad the opportunity to obtain grants to spend a maximum of two years in the Netherlands to conduct research. Rubicon grants are to be used to acquire knowledge and experience via postdoctoral research. Rubicon is open for research proposals from all disciplines except for stem cell research where new human embryos are harvested and used.
Data Limite: Deadline for submitting applications via the Iris system: 31 March 2011 at 23h:59min.
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TWAS/ROLAC Science Education Prize

The Academy of Sciences for the Developing World (TWAS) aims to promote scientific capacity and excellence for sustainable development in the South Hemisphere. The Academy's more than 700 Fellows and Associate Fellows are elected from among the world's most distinguished scientists. Fellows are citizens of the South; Associate Fellows are citizens of the North who either were born in the South or have made significant contributions to the advancement of science in the South.

The Science Education Prize will be awarded every three years by TWAS ROLAC to a scientist who has made significant and innovative contributions to scientific educational material.
Data Limite:The registration deadline is April, 4th 2011.
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TWAS Prizes

The Academy of Sciences for the Developing World (TWAS), is an autonomous international organization, founded in 1983 in Trieste, Italy, by a distinguished group of scientists from the South under the leadership of the late Nobel laureate Abdus Salam of Pakistan. It was officially launched by the secretary-general of the United Nations in 1985. TWAS represents the best of science in developing countries. Its main mission is to promote scientific excellence and capacity in the South for science-based sustainable development.

The TWAS Prizes will be awarded to individual scientists in developing countries in recognition of outstanding contributions to knowledge in eight fields of science. Every year, one prize is awarded in each of the following fields: Biology, Chemistry, Mathematics, Physics, Agricultural Sciences, Earth Sciences, Engineering Sciences, and Medical Sciences. Prizes are usually presented on a special occasion, often coinciding with the General Meeting of TWAS.

The TWAS Prizes evolved from two pre-existing award schemes: TWAS Awards in Basic Sciences, instituted in 1985, to recognize and support outstanding achievements made by scientists from developing countries, and TWNSO Prizes in Applied Sciences, awarded since 1990 by the Third World Network of Scientific Organizations, in the fields of agriculture and technology.
Data Limite:
Nominations for the 2011 prizes must be submitted by 31 March 2011.
Nominations arriving later will be considered in the following year.
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Biomarkers Grant Opportunity: Biomarkers for the Diagnosis of Tuberculosis (Grand Challenges in Global Health)

The goal of the Grand Challenges in Global Health: "Biomarkers for the Diagnosis of Tuberculosis" is to test biomarkers to enable characterization and validation of markers for diagnosing tuberculosis (TB). Projects that will be considered for funding will investigate specific biomarkers for which there exists a preliminary base of evidence, but for which additional data is required to determine utility for diagnosis. This can include biomarkers where the hypothesis derives from novel biological concepts in pathogen (Mycobacterium tuberculosis) or host biology, and/or promising methods or concepts from other research areas applied to TB using a rational approach.

For the purposes of this Program, it will be only considered the investigation of biomarkers for which there is a clear hypothesis that measurement or detection of the specific biomarker is linked to the presence of TB. It will not be considered unbiased biomarker discovery efforts.
Data Limite:A letter of inquiry should be submitted no later than March 31, 2011. The Bill & Melinda Gates Foundation will evaluate the LOIs and applicants who have projects of further interest to the Gates Foundation will be invited in May 2011 to submit a full proposal in June 2011.

Fundação Oswaldo Cruz - Centro de Pesquisas Gonçalo Moniz

Vice-diretoria de Pesquisas e Desenvolvimento Tecnológico - Fomento e Infraestrutura em P&D

Journal Club – IBA: Foxo 1 e 3 regulando as reguladoras

As células reguladoras (Tregs) naturais ou induzidas são capazes de orquestrar a resposta imune atuando na repressão de uma super ativação das células, colaborando para a tolerância. Artigos recentes publicados na Nature Immunlogy e na Immunity demonstraram que os fatores de transcrição foxo 1 e 3 são os verdadeiros “reguladores” do desenvolvimento e funcionalidade destas células.

No trabalho da Nature, foram mostrados os papéis redundantes de foxo1 e foxo3 em camundongos deficientes (KO) de tais fatores de transcrição em células TCD4. Estes camundongos desenvolvem lesões graves, título aumentado de autoanticorpos e intenso infiltrado de células mononucleares em órgãos vitais, o que acarretam no falecimento precoce. A intensa inflamação observada deve-se ao aumento e ativação de linfócitos TCD4 no baço e linfonodos, com elevada produção de IFN-g e IL-17, comparado com os selvagens (WT). Os camundongos deficientes de foxo1 e foxo 3 tem a mesma quantidade de células Treg, mas com deficiência funcional, incapazes de inibir a atividade de linfócitos TCD4 ativados. Tal deficiência é a responsável pela doença autoimune, pois os animais que recebem transferência adotiva de células Treg de animais WT, não desenvolvem a doença. Assim, foxo1 e foxo 3 são fundamentais para a diferenciação e função de Tregs. Ainda, na ausência de tais fatores de transcrição, as Tregs produzem IFN-g e IL-17.

O outro artigo, o da Immunity, avaliou a ativação das células CD4 de camundongos Cd4Cre foxo1f/f, deficientes de foxo1 apenas em células TCD4. Verificou-se que foxo1 é essencial na prevenção da ativação sistêmica de linfócitos T. Ainda, que a autoimunidade na ausência de foxo1 depende da ativação de linfócitos B, pois houve um aumento de tais células no centro germinativo dos órgãos linfóides periféricos, do título de anticorpos circulantes e do número de células Tfh (células t helper foliculares).

Surpreendentemente, a ativação de B foi devido à menor quantidade Treg naturais provenientes do timo. As células Treg de animais foxo1 KOs apresentavam menor expressão de CTLA-4, CD-25 e CD62L. Dessa forma, além de foxo1 controlar o desenvolvimento das Tregs no timo, ele também controla a funcionalidade destas células na periferia. Finalmente os autores observaram que Foxo3 colabora com Foxo1 nos fenótipos de autoimunidade, pois apesar de os animais nocautes de foxo3 não apresentarem deficiência de células Treg, o duplo KO (foxo1foxo3) apresenta um quadro de ativação e autoimudade mais grave do que apenas o foxo1KO. Dessa forma, os fatores de transcrição foxo são importantíssimos para o desenvolvimento e funcionalidade das células Treg, pois além de regularem a expressão de CTLA-4 e a funcionalidade das células, atuam no locus do Foxp3 permitindo ou não a sua transcrição.

Alguém teria camundongos KOs de tais fatores de transcrição para nos ceder???

Post de Djalma S L Júnior; Jaqueline R Silva; e Jonilson B Lima.




sábado, 26 de março de 2011

Jürg Tschopp

A ciência perdeu um dos grandes cientistas. Dr. Tschopp faleceu no dia 23 de Março. Este tremendo cientista é um dos mais citados e respeitados da área de morte celular. Além disso, Tschopp publicou trabalhos fundamentais cujas conclusões resultaram na concepção do inflammasome. Ele é famoso também por ser muito acessível, dar palestras claras e belíssimas e ser um excelente colaborador. Seus trabalhos são bem originais e sempre trazem uma mensagem simples, mas importante e de grande impacto na comunidade científica. Tschoop daria uma grande palestra aqui no NIH (WALS lecture) no dia 6 de Abril.

sexta-feira, 25 de março de 2011

Isso sim é imagem!


Pois é pessoal, essa belíssima imagem da superfície de uma célula HeLa foi gerada por uma nova técnica de microscopia - a 'Bessel Beam Plane Illumination Microscopy'. A técnica acaba de ser descrita pelo grupo do Dr. Betzig, do Howard Hugues Medical Institute. Os vídeos abaixo mostram um esquema de como funciona e como o tal do 'Bessel Beam' é visto por uma lente:



O grupo também fornece outros exemplos de como tal técnica pode ser utilizada, analisando a divisão de cromossomos e na distribuição de mitocondrias no citoplasma:



Para quem tiver interesse, recomendo a leitura do artigo do grupo neste mês na Nature Methods, ou a visulaização de outros exemplos no site do HHMI.

Para os imunologistas, deixo a seguinte pergunta: imaginem só estas imagens sendo aplicadas para demonstrar interações entre patógenos e macrófagos, durante a apresentação antigênica, ou no momento em que uma TCD8+ extermina seu alvo?

Será que os editores e revisores perguntariam pelo mecanismo se os resultados de nossos papers fossem recheados com tais imagens, Prof. Sérgio Lira???

Abraços a todos e bom fim de semana!

quinta-feira, 24 de março de 2011

O tal mecanismo




Um blogue atrás eu falei bem da Bahia. Agora é a vez de Minas Gerais, terra de personagens fundamentais pra história do Brasil, terra de lindas montanhas, grande cozinha, e terra de queridos amigos que de vez em quando dão as caras por aqui.
Minas também é terra de grandes escritores como Guimarães Rosa e Carlos Drummond de Andrade. Drummond, como voces todos sabem, é o nosso poeta-padroeiro. Digo isso porque nós cientistas brasileiros frequentemente usamos um verso dele pra falarmos de nossas experiencias com as agencias de pesquisa, com as importações (“no meio do caminho tinha uma pedra”) … E acabamos usando outro quando nos damos conta do abacaxi a descascar (“e agora José?”) … Nosso grande Drummond escreveu tambem um outro belíssimo poema que tem tudo a ver com o que fazemos. O poema se chama A máquina do mundo. (http://www.releituras.com/drummond_amáquina.asp).
Falo nesse poema não só porque ele é fantastico, falo também porque quero lançar um pedido de incentivo fiscal, Lei Rouanet, presse nosso blog aqui, já que isso anda tão em moda….
Neste magnífico poema, a máquina do mundo se oferece, se abre - majestosa e circumspecta - ao entendimento; revelando o mecanismo de tudo… “Olha, repara, ausculta….essa total explicação da vida, esse nexo primeiro e singular…”. E por aí vai… Negócio muito sério, muito bom.
Hoje, portanto, vou me dedicar a fazer uma reflexão, parte circumspecta (a de cima), parte nem tanto (a de baixo), sobre o grande mistério do funcionamento da vida, desse pedaço da máquina do mundo. Mais especificamente, vou refletir sobre o “mecanismo das coisas vivas” e sobre o que dele entendem cientistas e editores de revista.
Pra começar eu quero deixar claro que eu não tenho muita fé em entendimento claro, preciso e total das coisas. Pra mim, entender o “mecanismo” da vida, é um negócio muito complicado, embora eu tenha cá minhas esperanças. É complicado, complicado mesmo. Complicado em grande parte porque não temos uma descrição acurada dos seus componentes. Não conhecemos direito suas porcas, seus parafusos. Pior, não temos idéia do tamanho do trem (salve Minas), nem como e porque apita.
Porisso é dificil entender o comportamento quase psicótico de muitos colegas quando revisam nossos papers ou nossas grants. Cadê o mecanismo? Tá faltando o mecanismo… ou pior, esse mecanismo não é novo…
Exigir explicações mecanísticas virou rotina nas revisões dos papers, como virou rotina pedir cada vez mais experimentos (muitos deles completamente desnecessários). Se eu descubro que Tiririca é roxo, e mostro uma fotografia pra provar, digo onde foi tirado o retrato e tal, aparece um gaiato pra perguntar qual foi o mecanismo que fez Tiririca roxo, ou se o roxo faz dele santo. Ora, isso não e’ assunto do meu paper seu Zé. Nessa hora voce escreve uma carta de volta pro editor, e muito respeitosamente lembra que o que se descobriu foi que o nobre parlamentar e’ roxo. Só. Se voce tiver sorte de pegar um editor equilibrado, parabéns…O problema é que tem outros que não são e que obedecem a velha maxima do caudilho gaúcho: pros amigos, tudo; pros inimigos, a lei… digo: pros amigos, tudo; pros inimigos, o mecanismo… Esses individuos lhe descem a ripa: Não tem “mecanismo”, voce tá fora, isso aí é muito descritivo… E isso, meus amigos, dói, dói muito, porque descritivo hoje em dia é pejorativo, é a pior desgraça…
Aprecio e defendo os estudos mecanísticos, mas estou convencido que existe uma mega peitica contra estudos descritivos. Como se eles fossem subraça, subimportantes. Nós imunologistas (eu inclusive, se dão licença) damos muitas furadas porque não entendemos anatomia, porque não sabemos histologia, não levamos em conta o fator tempo, etc…Não descrevemos as coisas direito, mas somos craques em gerar grandes modelos e grandes teorias (muitas delas paralisantes - quem vive de escrever grant pro NIH que o diga). Mas isso não é exclusivo da nossa tribo. Tem mais pecador por aí, amém.
Insisto: o conhecimento da coisa em si, do parafuso, da porca, é fundamental. Fundamental. Respondam aí, tem coisa mais descritiva que sequenciar o genoma? Lembram do paper que comecou a revolução? Aquele de 53 de Watson & Crick que terminava assim: “it has not escaped our notice that the specific pairing we have postulated immediately suggests a possible copying mechanism for the genetic material”. Prestem atencao que eles depois de descreverem a molecula de DNA, sugerem um mecanismo… mas não provam. Nem podiam, tinham acabado de construir a catedral (na verdade um verdadeiro um Vaticano). Mudaram a cara da biologia.
Então… Nem sempre dá pra explicar direito o mecanismo, principalmente se não se conhece direito a senhora porca (peraí, não é isso que voce tá pensando…). Depois, nem toda descrição é ruim! E se voce encontrar um mecanismo novo que explique como funciona a máquina da vida, parabéns!! Um mecanismo novo, tinindo, é sorte grande…Principalmente se for verde. Me explico: em espanhol se diz …”mas raro que un perro verde”…muito estranho, mais estranho que um cachorro verde…Dada a política editorial de muitas revistas, de suas demandas jornalísticas, publicitárias, é vital que seu achado ou o seu “mecanismo revelador” seja no mínimo, verde.…E que seja de preferencia tão chamativo quanto um lalau verde mordido pela Lady Gaga … Tem que ser diferente, bem diferente, pra dar uma chamada na capa, pra vender o magazine. Mas tem um pequeno problema…se seu mecanismo for muito verde o dono da revista vai querer botar na capa que voce vai curar “enflamação da prosta” feito as garrafadas de José Cosmo da Silva.

E cuidado pra que ele não queria anunciar o seu trabalho de uma maneira mais esparrenta do que esse cartaz aí da igreja do pastor Lúcio Hermano.

Numa hora dessas eu aconselho que voce seja forte; resista, use a poesia. Recorra aos versos magistrais de Reginho, o rei do tecnobrega: vou não, quero não, posso não…e nem dê explicação….
PS. It has not escaped my notice that the male behavioral trait described by Reginho et al. (http://www.youtube.com/watch?v=uYFFNOqwFq0), immediately suggests the existence of partner-driven inhibitory mechanisms affecting pleasure centers in the brain. That study has become a citation classic, having been downloaded over 2 million times. However, a recent report by Los Borrachos Enamorados et al. (http://www.youtube.com/watch?v=QS3G_ErpFqY) indicates that such behavioral trait is not shared by all males, calling into question the universality of such mechanisms.
PS2. Peitica,em limoeirense, é implicância.
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quarta-feira, 23 de março de 2011

Apresentação de antígenos lipídicos por moléculas CD1: novas perspectivas sobre o reconhecimento do próprio e não-próprio

Fonte: Marco Colonna. Skin function for human CD1a-reactive T cells. Nature Immunology 2010, vol. 11, n. 12, pag. 1079-1080.


Por Kelly Grace Magalhães


A descoberta da apresentação de antígenos por moléculas CD1 mudou a visão geral dos imunologistas sobre o papel dos linfócitos T, através da demonstração de que linfócitos T reconhecem não apenas peptídeos, mas também antígenos lipídicos. O primeiro registro desse achado foi feito em 1994 pelo grupo do Dr. Michael Brenner (Brigham and Women’s Hospital - Harvard Medical School), que demonstrou que lipídeos micobacterianos poderiam ser reconhecidos por linfócitos T αβ. Desde então diversos trabalhos vem documentando a apresentação e o reconhecimento de diferentes lipídeos, glicolipídios ou mesmo lipopeptídeos aos linfócitos T.

Surpreendentemente, uma fração significativa do nosso repertório normal de linfócitos T provenientes de sangue periférico humano são autoreativos ao grupo 1 da família de proteínas CD1. Esse foi o interessante achado do grupo do Dr. David Branch Moody (Brigham and Women’s Hospital - Harvard Medical School), publicado na Nature Immunology (Dec 2010, vol. 11, n. 12, pag.1102-1109), que demonstrou que linfócitos T respondem à CD1a, uma molécula apresentadora de antígenos lipídicos expressa na superfície de células de Langehans na pele humana, entre outras células. Esses resultados mostraram pela primeira vez que moléculas CD1 são capazes de apresentar lipídeos endógenos aos linfócitos T αβ e induzir secreção de IL-22, uma citocina capaz de estimular a liberação de peptídeos antimicrobianos bem como a sobrevivência e proliferação de queratinócitos. Estes autores desenvolveram um interessante ensaio que dispensava o uso de tetrâmeros CD1-lipídeos. Eles desafiaram linfócitos T com uma linhagem celular (K562) transfectada com genes que codificam CD1a, CD1b e CD1c. As células K562 não são apresentadoras de antígeno profissionais, não expressam o complexo maior de histocompatibilidade (MHC) classe II, mas apenas baixos níveis de MHC classe I. Isso permitiu a estimulação de linfócitos T de maneira independente de MHC sem a indução de linfócitos T aloreativos. Com esse ensaio, eles descobriram que todos os doadores testados possuíam, inesperadamente, uma alta freqüência de linfócitos T que responderam às células K562 transfectadas com o gene que codifica CD1a, mas em contraste, poucos doadores tinham linfócitos T restritos à CD1b ou CD1c.

Em outro interessante estudo, o grupo da Dra. Giulia Casorati (San Raffaele Scientific Institute) publicado na European Journal of Immunology (Mar 2011, vol. 41, pag. 602-610), comparou clones de linfócitos T provenientes de cordão umbilical e de sangue periférico de adultos. Estes autores estimaram que de cada 10 a 300 linfócitos T circulantes, 1 era autoreativo ao grupo 1 da família de proteínas CD1, uma freqüência comparável ao de linfócitos T aloreativos ao MHC. Além disso, o grupo da Dra. Casorati observou que linfócitos T autoreativos ao CD1 estão presentes em freqüências comparáveis, tanto em adultos quanto no cordão umbilical.

Portanto, tem se tornado cada vez mais claro que linfócitos T autoreativos, restritos à CD1, constituem uma porção muito mais significativa do que se pensava anteriormente, e devem desempenhar um papel distinto e não-convencional no sistema imunológico. Além disso, o estudo de linfócitos T que reconhecem lipídeos endógenos apresentados por moléculas CD1a é de especial importância no melhor entendimento dos mecanismos de doenças autoimunes da pele, como dermatite atópica e psoríases, e pode auxiliar na identificação de potenciais alvos de intervenção terapêutica.

Para quem quiser se aprofundar no assunto segue uma lista com alguns ótimos artigos da área:

de jong, A., Pena-Cruz, V., Cheng, T.-Y., Clark, R. A., Van Rhijn, I. and Moody, D. B., CD1a-autoreactive T cells are normal component of the human αβ T cell repertoire. Nat. Immunol. 2010. 12: 1102–1109.

Colonna M. Skin function for human CD1a-reactive T cells. Nat Immunol. 2010. 12:1079-80.

Young MH & Gapin L. Group 1 CD1-restricted T cells take center stage. Eur. J. Immunol. 2011. 41: 602–610

de Lalla, C., Lepore, M., Piccolo, F. M., Rinaldi, A., Scelfo, A., Garavaglia, C., Mori, L. et al., High frequency and adaptative-like dynamics of human CD1 self-reactive T cells. Eur. J. Immunol. 2011. 41: 602–610.

Barral, D. C. and Brenner, M. B., CD1 antigen presentation: how it works. Nat. Rev. Immunol. 2007. 7: 929–941.

De Libero, G. and Mori, L., Recognition of lipid antigens by T cells. Nat. Rev. Immunol. 2005. 5: 485–496.

Beckman, E. M., Porcelli, S. A., Morita, C. T., Behar, S. M., Furlong, S. T. and Brenner, M. B., Recognition of a lipid antigen by CD1-restricted ab T cells. Nature 1994. 372: 691–694.

terça-feira, 22 de março de 2011

Anthony Atala: imprimindo um rim humano

Que tal a ideia de imprimir órgãos usando uma impressora 3D? Foi o que o cirurgião Anthony Atala mostrou em um TED Talk que traz um breve resgate histórico da área (o rim impresso aparece aos 11m:35s).

Surgeon Anthony Atala demonstrates an early-stage experiment that could someday solve the organ-donor problem: a 3D printer that uses living cells to output a transplantable kidney. Using similar technology, Dr. Atala's young patient Luke Massella received an engineered bladder 10 years ago; we meet him onstage.

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