Há algum tempo, escrevi um post sobre a questão da expressão de Foxp3 em outras células que não as células T CD4+. Recordando, a grande maioria dos grupos trabalhando na área, como os liderados por Sakaguchi e Rudensky, sempre argumentaram que a expressão deste fator de transcrição estava restrita a células T carregando TCR αβ. No referido post, chamei a atenção para um artigo que havia saído no JEM e que descrevia a expressão de Foxp3 em macrófagos. Disse também que, curiosamente, alguns experimentos que compunham o artigo faziam uso dos mesmos animais Foxp3 gfp que haviam sido gerados pelo grupo do Rudensky. Digo curiosamente porque esses animais foram exatamente os que haviam sido usados no artigo em que o grupo do Rudesnky afirma que foxp3 não é expresso em macrófagos e células dendríticas. Claro que o artigo publicado no JEM chamou bastante a atenção. Afinal, tudo o que contesta paradigmas ou conceitos vigentes acaba chamando a atenção. E é assim que a ciência funciona ou avança. Nesse caso, no entanto, parece que a história não estava mesmo bem contada. O artigo do JEM foi retirado há cerca de um mês a pedido do diretor de pesquisa da Mayo Clinic Arizona. A justificativa para a retirada é a de que frente a questionamentos que partiram de leitores do JEM - quanto à métodos e resultados - encontrou-se inconsistências ou imprecisões na metodologia que comprometiam os achados descritos. Informações recebidas a partir de um dos colaboradores de fora da Mayo Clinic dão conta de que os achados não são consistentes desde o princípio da história. Ou seja, a partir da descrição de que alguns macrófagos de animais naive expressam Foxp3. Parece que ao menos por hora esse conceito continua mesmo onde estava antes da publicação do referido artigo no JEM.
Referências:
Fontenot JD, Rasmussen JP, Williams LM, Dooley JL, Farr AG, Rudensky AY.
Regulatory T cell lineage specification by the forkhead transcription factor
foxp3. Immunity. 2005 Mar;22(3):329-41.
Zorro Manrique S, Duque Correa MA, Hoelzinger DB, Dominguez AL, Mirza N, Lin
HH, Stein-Streilein J, Gordon S, Lustgarten J. Foxp3-positive macrophages display
immunosuppressive properties and promote tumor growth. J Exp Med. 2011 Jul
4;208(7):1485-99.
Acabei ficando em duvida. Macrófagos expressam ou não expressam Foxp3??
ResponderExcluirJoão, Basso:
ResponderExcluirporque não testamos a hipótese?
Terei o maior prazer em fazer os experimentos aqui...
Vai ter muita gente decepcionada com a estória. A explicação para os efeitos reguladores dos Macrófagos deve ser distinta. Aliás, muitos artigos estão sendo retirados ultimamente de revistas de alto IF, não e?
ResponderExcluirÉ verdade Fredy, infelizmente, as retratações tem se tornado cada vez mais frequentes. Parece que o macrófago não expressa mesmo o Foxp3. Nós tentamos esse experimento no meu laboratório, assim como um amigo de Harvard Rafael, e também não verifcamos nenhum macrófago foxp3+. Realmente os mecanismos reguladores do macrófago devem ser mediados por outras vias.
ResponderExcluirCerteza que outras vias existem mediando a ação dos macrófagos reguladores. Dessa maneira até então só podemos acreditar em um macrófago regulador, o M2. Ou seja, o macrófago expressando Foxp3, provavelmente não existe...
ResponderExcluirgente, creio que ninguem acreditava nisso - dai as reclamacoes e a consequente retirada do artigo. o ultimo autor faleceu e os demais alegaram que nao havia transparencia no registro de dados. acho que nao expressa mesmo.
ResponderExcluirem tempo, saiu nesta semana no JI que um tipo de NKT expressa foxp3. ainda nao li, vou ler e depois podemos discutir...
Achei mesmo engraçado foi o parecer do JEM. Somente o autor que faleceu foi considerado culpado. O cara era o PI. Mas na verdade, o post doc deve ter feito os experimentos. Como é que não tem registo. A história é muito estranha e faz a gente perguntar como vários autores nunca questionaram dados tão polêmicos. Vergonhoso.
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