Post por Ana Carolina Moraes
Aluna de mestrado
Programa de Pós-graduação em Imunologia e Parasitologia Aplicadas
Universidade Federal de Uberlândia
Neste ano foram publicadas duas revisões na Annual Review of Immunology (AQUI e AQUI) que abordaram um assunto interessante e pouco discutido: o isotipo enigmático de imunoglobulinas, a IgD.
Superfícies mucosas são colonizadas por uma variedade de bactérias comensais e representam o principal local de entrada para agentes patogênicos. Para evitar a invasão microbiana, as células B da mucosa liberam grandes quantidades de imunoglobulinas através de múltiplas vias: folicular (dependente de célula T) e extrafolicular (independente de célula T). IgA é o isotipo de anticorpo mais abundantes em secreções da mucosa, e recentemente foi descoberto que a IgD também apresenta função na mucosa.
A IgD foi descoberta recentemente em ancestrais vertebrados, sugerindo que essa imunoglobulina foi preservada durante todos esse anos, desde seu surgimento junto com IgM na época do aparecimento do sistema imune adaptativo, cerca de 500 milhões de anos atrás.
IgD apresenta boa plasticidade estrutural e pode ser expressa principalmente como transmembrana ou molécula secretora de uma forma espécie-específica. Uma interpretação possível é que o gene que codifica IgD foi preservado como um locus estruturalmente flexível para complementar as funções de IgM.
A mudança de classe de IgM para IgD ocorre na mucosa respiratória superior em humanos para gerar células B secretoras de IgD que ligam à bactérias respiratórias e seus produtos. Além de melhorar a imunidade da mucosa, IgD circulante também interage com basófilos através de um receptor que mobiliza cálcio que induz fatores antimicrobianos, opsonizantes, inflamatórios e imunoestimulante.
Finalmente, células B que mudam de classe para IgD e basófilos “armados com IgD” são desregulados em pacientes com síndromes hiper-IgD e autoinflamatórias, que indica que IgD coordena um sistema de vigilância entre imunidade e inflamação. Este sistema pode não só monitorar a invasão por bactérias respiratórias, mas também regular as respostas de anticorpos.
Cerutti, A.; Chen, K.; Chorny, A. Immunoglobulin Responses at the Mucosal Interface, Annu. Rev. Immunol. 2011. 29:273–93.
REFERÊNCIAS:
Chen, K.; Cerutti, A. New Insights into the Enigma of Immunoglobulin D. Immunol Rev. 2010 September ; 237(1): 160–179.
Chen, K.; Cerutti, A. The function and regulation of immunoglobulin D. Current Opinion in Immunology 2011, 23:345–352.
Chen, K.; Xu, W.; Wilson, M.; He, B.; Miller, N. W.; Bengtén, E.; Edholm, E. S.; Santini, P. A.; Rath, P.; Chiu, A.; Cattalini, M.; Litzman, J.; Bussel, J. B.; Huang, B.; Meini, A.; Riesbeck, K.; Cunningham-Rundles, C.; Plebani, A.; Cerutti, A. Immunoglobulin D enhances immune surveillance by activating antimicrobial, proinflammatory and B cell–stimulating programs in basophils. Nature Immunology 2009, 10: 889-900.
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