O sistema imune inato funciona como a primeira linha de defesa contra diversos patógenos invasores tais como bactérias, fungos, vírus ou protozoários. Esse sistema é ativado a partir da detecção de um limitado, mas altamente conservado, grupo de moléculas associadas aos patógenos. O reconhecimento de tais moléculas é mediado por diferentes classes de receptores incluindo Toll-like receptors (TLRs), NOD-like receptors (NLRs) e RIG-I-like receptors (RLRs). Uma vez ativados, esses receptores utilizam vias de sinalização comuns que culminam com a ativação de NF-κB, MAPK e/ou Interferons do tipo 1, induzindo a expressão de genes para citocinas e quimiocinas. Porém, como em muitos outros sistemas, uma fina regulação dessas vias de sinalização é essencial para impedir o desenvolvimento de doenças autoimunes e/ou desordens inflamatórias crônicas. Neste contexto, diversos pesquisadores tem estudado vias/moléculas que regulam a ativação e/ou sinalização dos receptores da imunidade inata.
Recentemente, dois grupos de pesquisa demonstraram que o receptor Nlrx1 (um membro da família dos NLRs) funciona como um regulador negativo da sinalização de RLRs (RIG-1) e TLRs (TLR4) para IRF3 e NF-κB. Allen et al. observaram que fibroblastos derivados de camundongos deficientes para Nlrx1 (Nlrx1-/-) produziam altos níveis de IFN-β e IL-6 após a infecção com cepas de vírus que ativam RIG-1. Adicionalmente, que camundongos Nlrx1-/- infectados com influenza vírus tinham menores títulos virais, maior lesão pulmonar e elevados níveis de IFN-β e IL-6 tanto no soro quanto nos pulmões. Surpreendentemente, há uma associação persistente entre RIG-1 e MAVS (molécula adaptadora dos RLRs) em células deficientes para Nlrx1, mesmo na ausência de infecção viral. Entretanto, a interação RIG-1-MAVS era insuficiente para ativar IRF3 ou NF-κB e as quantidades basais de IFN-β e IL-6 eram similares entre camundongos WT e Nlrx1-/-. Quanto ao papel do Nlrx1 na sinalização dos TLRs, estimulação de macrófagos Nlrx1-/- com LPS resultou em uma elevada produção de IFN-β e IL-6 quando comparado com os controles. Além disso, camundongos deficientes de Nlrx1 desafiados de forma intranasal com LPS apresentaram aumentada produção de IL-6 que correlacionava com aumento na inflamação pulmonar e patologia.
Em outro trabalho, Xia et al. empregando uma abordagem bioquímica chegaram a um melhor entendimento no mecanismo pelo qual Nlrx1 inibe a ativação de NF-κB. Eles observaram que após estimulação de células com LPS, Nlrx1 era rapidamente ubiquitinado, o que levava à dissociação de Nlrx1 da molécula TRAF6 e posterior ligação dessa molécula ao complexo IKK. Uma vez ligado às moléculas do complexo IKK, Nlrx1 impede a fosforilação de IKKα e IKKβ e consequentemente a ativação de NF-κB. Adicionalmente, as células Knockdown para Nlrx1, tratadas com LPS, possuíam um aumento na fosforilação de IKK e produção de citocinas dependentes da ativação de NF-κB. Experimentos in vivo, demonstraram que camundongos Knockdown para Nlrx1 aumentavam significativamente a susceptibilidade ao choque séptico e os níveis séricos de IL-6. Em conjunto, esses trabalhos vem demonstrar que o receptor Nlrx1 funciona como um regulador negativo tanto da ativação de TLRs quanto de RLRs. Dessa forma, esse receptor poderá servir como alvo terapêutico para o tratamento de doenças infecciosas e autoimunes, bem como no tratamento do câncer.
Analisando de uma forma geral, parece bastante promissor o estudo desse receptor como alvo terapêutico na modulação da resposta imune já que ele inibe moléculas chaves relacionadas ao desenvolvimento de uma resposta pró-inflamatória. Acredito que essa história ainda terá muitos capítulos pela frente. É esperar para ver..........
Post de Djalma de Souza Lima Júnior
Muito bom. Sempre bom ler algo sobre uma nova molécula regulatória, principalmente em se tratando de sistema imune inato. Esta molécula pode ser investigada não só no que diz respeito à sua ativação, mas também na busca por polimorfismos genéticos de grupos com doenças imunopatológicas ou autoimunes. Parabéns pelo post
ResponderExcluirPost muito bom realmente!!!!!!! MAVS-molecula adaptadora ( vesiculas associadas a mitocodria) associa-se a Nod2 e induz IRF3.... Esse trabalho tamb'em com virus, foi o primeiro que mostrou NOD2 reconhecendo virus. Eu realmente nao sei, mas sera que esse tipo de regulacao via NLRX seria apenas em relacao a imunidade viral?????? Ahhh desculpa a falta de acentuacao das palavras, mas meu computador nao ta respondendo esses comandos....
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