Post de Johan vanWeyenbergh
Uma revisão recente na revista «Free Radicals in Biology and Medicine» recapitula duas décadas repletas de literatura sobre as ameaças 'radicais' que a Leishmania enfrenta ao invadir a sua célula hospedeira, o macrófago. Apesar do destaque inicial do NO como 'serial killer' nas Leishmanias spp., além do seu aliado fiel o IFN tipo II, IFN-gama, nos últimos anos foram revelados o superóxido e o IFN tipo I, IFN-alpha/beta como protagonistas nesta historia.
Um artigo publicado neste mês na prestigiosa FASEB J por de Carvalho et al. demonstra a produção do IFN-beta, dependente da PKR e da TLR2, no macrófago murino e humano infectado por Leishmania amazonensis. Por outro lado, o artigo confirma o papel deletério do IFN tipo I e da superoxido dismutase SOD1, demonstrado por nosso grupo no modelo humano e agora também no modelo murino por de Carvalho et al. Além do mais, com a demonstração do IFN-beta na própria lesão cutânea em pacientes com leishmaniose difusa, complementam perfeitamente o achado da SOD1 na lesão de pacientes com leishmaniose cutânea, confirmando o eixo IFN-beta/SOD1, ou por extenso PKR/IFN-beta/SOD1 na leishmaniose humana.
A relevância clinica destes dados é imediata, já que o DETC, inibidor potente da SOD1, demonstrou marcante efeito leishmanicida no macrófago humano e murino in vitro, mas também in vivo no modelo murino, desafiando assim a hegemonia do NO como 'serial killer'. Por outro lado, a Leishmania também tem a sua própria superoxido dismutase, usada como principal arma de defesa na amastigota intracelular como mostrado recentemente por Bahrami et al., corroborando com os nossos dados de um efeito direto e irreversível do DETC na destruição da Leishmania até na sua forma extracelular.
A relevância clinica destes dados é imediata, já que o DETC, inibidor potente da SOD1, demonstrou marcante efeito leishmanicida no macrófago humano e murino in vitro, mas também in vivo no modelo murino, desafiando assim a hegemonia do NO como 'serial killer'. Por outro lado, a Leishmania também tem a sua própria superoxido dismutase, usada como principal arma de defesa na amastigota intracelular como mostrado recentemente por Bahrami et al., corroborando com os nossos dados de um efeito direto e irreversível do DETC na destruição da Leishmania até na sua forma extracelular.
Em conclusão, o superoxido e o IFN tipo I se juntaram ao NO e o IFN tipo II na batalha Leishmania vs. macrófago e desta vez, quem sabe, o paciente poderia sair ganhando.
Referências:
1: de Carvalho Vivarini A, Pereira Rde M, Dias Teixeira KL, Calegari-Silva TC, Bellio M, Laurenti MD, Corbett CE, de Castro Gomes CM, Soares RP, Silva AM, Silveira FT, Lopes UG. Human cutaneous leishmaniasis: interferon-dependent expression of double-stranded RNA-dependent protein kinase (PKR) via TLR2. FASEB J. 2011 Dec;25(12):4162-73.
2: Van Assche T, Deschacht M, da Luz RA, Maes L, Cos P. Leishmania-macrophage interactions: insights into the redox biology. Free Radic Biol Med. 2011 Jul 15;51(2):337-51.
3: Bahrami S, Hatam GR, Razavi M, Nazifi S. In vitro cultivation of axenic amastigotes and the comparison of antioxidant enzymes at different stages of Leishmania tropica. Trop Biomed. 2011 Aug;28(2):411-7.
4: Khouri R, Novais F, Santana G, de Oliveira CI, Vannier dos Santos MA, Barral A, Barral-Netto M, Van Weyenbergh J. DETC induces Leishmania parasite killing in human in vitro and murine in vivo models: a promising therapeutic alternative in Leishmaniasis. PLoS One. 2010 Dec 21;5(12):e14394.
5: Khouri R, Bafica A, Silva Mda P, Noronha A, Kolb JP, Wietzerbin J, Barral A, Barral-Netto M, Van Weyenbergh J. IFN-beta impairs superoxide-dependent parasite killing in human macrophages: evidence for a deleterious role of SOD1 in cutaneous leishmaniasis. J Immunol. 2009 Feb 15;182(4):2525-31.
Legal, Johan!
ResponderExcluirEm malária, há papers mostrando que IFN do tipo I podem beneficiar o hospedeiro ou favorecer a doença grave. Até agora não tocamos em IFN do tipo I na malária, mas a gente já observou que a SOD-1 está elevada nos casos de malária grave.
Abraço