Gostaríamos de apresentar a vocês mais uma função dos nossos queridos anticorpos, que além de neutralizar, opsonizar, marcar para ADCC e ativar o complemento, podem também servir como adjuvantes na estimulação de uma resposta imune adaptativa. Este foi o tema de um trabalho publicado na revista Science de 19 de agosto de 2011 que tem como referência outro trabalho publicado pela mesma revista (Li e Ravetch).
Como já sambemos, nas últimas décadas, a engenharia de anticorpos monoclonais (AcM) apresenta novos monoclonais com efeitos diversos, melhorando sua eficácia contra antígenos alvos, podendo ser uma importante arma contra o câncer. Para isto, Li e Ravetch (usados como referência) investigaram a capacidade de AcM específicos para o CD40 (expressa nas células apresentadoras de antígeno) de aumentar a imunidade a ovoalbumina e outros antígenos tumorais de ratos. Num primeiro momento, usaram apenas um AcM específico para DEC-205 (proteína presente na superfície de células dendríticas) acoplado à ovoalbumina, favorecendo assim, o englobamento e apresentação de tal antígeno, porém gerou uma fraca resposta imune. No segundo momento, foi adicionado um AcM específico para CD40 que se mostrou eficaz proporcionando um aumento na geração de células T específicas para ovoalbumina, isto é, serviu como adjuvante.
Como já se sabe, ativar CD40 melhora a resposta imune. Entretanto, Li e Ravetch mostraram que a natureza da porção Fc do AcM-CD40 é fundamental para seu efeito adjuvante, pois se liga a um receptor Fc, FcγRIIB, que funciona inibindo a ativação de sinais do BCR (receptor de célula B) e de outros receptores Fc. Contudo, esse mesmo sinal inibitório é uma das explicações mais plausíveis para o efeito adjuvante. Mas de que forma? A fosfatase homóloga intracelular Src2 de domínio contendo inositol fosfatase (SHIP) é recrutada pela ativação do FcγRIIB, sendo importante tanto para função inibitória, como para a maturação de DC. Porém, esta interação entre CD40 o receptor FcγRIIB e suas vias de sinalização precisam melhor determinadas.
É notável atentar que o FcγRIIB é expresso em diversos leucócitos (como macrófagos, células dendríticas, células B, células dendríticas foliculares, monócitos e mastócitos). A interação entre CD40 e FcγRIIB podem ser na mesma célula (interação cis) ou entre células (interação trans) envolvendo a transferência de outros sinais, como citocinas. Para melhor compreensão, vide a figura abaixo. As DCs parecem sofrer uma resposta de grande maturação in vitro através deste mecanismo
O estudo de Li e Ravetch mostrou que o efeito anti-tumoral do AcM-antiCD40 ocorre através da ativação de APCs, culminando na produção de células T antígeno-específicas. Além disso, o FcγRIIB pode aumentar diretamente a atividade imune de células como macrófagos, que são importantes para o efeito anti-tumoral de AcM-antiCD40 em câncer de pâncreas. Logo, a engenharia de AcM para otimizar sua capacidade de ligação FcγRIIB pode tornar-se prática comum, principalmente para aqueles que visam moléculas da superfamília TNFR, sendo mais uma futura opção terapêutica para o câncer. Oxalá!
Texto realizado, sob a supervisão da professora Tatiana Moura, pelos graduandos do curso de Enfermagem Bacharelado da Universidade Federal de Sergipe, Aline Mendonça, Caíque Jordan, Flávio Nascimento, Maria Ilda e Rafaela Chaves
Muito orgulho desses meus colegas!!!
ResponderExcluirParabéns!!! uhuuuuuu!!
Alan Oliveira e Allana Karine