Eu costumo dizer para os meus alunos de graduação que os linfócitos T que passaram pela seleção positiva e negativa do timo ganham o código secreto para a entrada nos linfonodos. O código secreto é CD62-L (ou L-selectina) , a molécula que se liga a grupamentos de açúcares, como o Glycam, que estão presentes nas vênulas do endotélio alto (HEV) desse órgão. Nenhuma novidade: HEV e L-selectina são fundamentais para a recirculação linfocitária, tão importante para o funcionamento do sistema imune.
Também não é nenhuma novidade que a entrada desses linfócitos T virgens nos linfonodos é fundamental para que se encontrem com as células apresentadoras de antígenos (APC) , especialmente as DCs, e iniciem, então, a resposta imune adaptativa. A novidade que os pesquisadores Christine Moussion e Jean-Philippe Girard, da Univesidade de Toulouse, França, descreveram em um artigo recente da Nature, é que as DCs são fundamentais para a manutenção da fisiologia das HEV e, portanto, da regulação da recirculação linfocitária em condições basais.
Em uma série de experimentos elegantes, os autores demonstraram uma marcante redução no tamanho e celularidade dos linfonodos periféricos, uma semana após a depleção de DCs. A deficiência na migração dos linfócitos T para os linfonodos foi atribuída à intensa diminuição dos marcadores específicos de HEV maduros, como Glycam, FucT-VII e GlcNAc6ST-2, concomitante com o aumento do marcador de HEV imaturo (MADCAM- presente em neonatos) . Por microscopia intravital, os autores verificaram que essa alteração do fenótipo das HEV na ausência de DCs prejudicava a adesão e rolamento dos linfócitos T.
A transferência de BMDCs foi capaz de reverter o fenótipo imaturo das HEV e a migração dos linfócitos T para os linfonodos. No entanto, BMDCs de animais deficientes em linfotoxina-a foram incapazes de reverter esse fenômeno. Esses dados permitem a conclusão de que a linfotoxina-a produzida por DCs controlam o fenótipo de HEV e a entrada dos linfócitos nos linfonodos durante a homeostase.
Esse paper foi particularmente interessante para mim, pois além de descrever esse conceito importante, também me deu uma idéia de como prosseguir com os experimentos utlizando os animais CD11c-DTR (que no nosso lab sempre morriam antes de concluirmos os experimentos) . Como já havia sido demonstrado (1) , DTR também é expresso em células não hematopoiéticas e o tratamento desses animais com a toxina diftérica frequentemente causa efeitos tóxicos, induzindo perda de peso e morte. Nesse artigo aqui (2) , os autores eliminaram esses efeitos indesejados, reconstituindo animais WT irradiados com a medula de CD11c-DTR, fazendo com que o DTR fosse expresso apenas nas DCs. Vivendo, LENDO e aprendendo...
Um 2012 maravilhoso para todos!!!!
Karina
Referências:
1. Zaft T, Sapoznikov A, Krauthgamer R, Littman DR, Jung S. CD11chigh dendritic cell ablation impairs lymphopenia-driven proliferation of naive and memory CD8+ T cells. J Immunol. 2005;175(10) :6428-35.
2. Moussion C, Girard JP. Dendritic cells control lymphocyte entry to lymph nodes through high endothelial venules. Nature. 2011 Nov 13;479(7374) :542-6.
Excelente artigo para finalizar o ano!
ResponderExcluirFeliz 2012!!