Os ritmos circadianos constituem oscilações nos processos fisiológicos e comportamentais que ocorrem em um período de ~24h. Este fenômeno sincroniza os relógios biológicos à hora geofísica, permitindo que os organismos se antecipem às variações ambientais, tornando sua fisiologia mais proativa do que responsiva. Há vários estudos relatando variações circadianas em diversos parâmetros imunológicos, tais como a expressão de citocinas, PRRs e fatores citolíticos. Entretanto, links moleculares entre os sistemas circadiano e imune ainda não são bem elucidados. Fortier et al. demonstraram em um modelo murino que a resposta da célula T à ativação do TCR varia de forma circadiana: os níveis de proliferação celular dependem da hora do dia ou da noite em que estas células são coletadas dos linfonodos e estimuladas in vitro. Este achado não foi associado à variação diária no número de células T e nem na expressão de TCR na superfície celular, mas sim à variação circadiana nos níveis protéicos de ZAP70 (quinase associada ao TCR). Em um ensaio de imunização com células dendríticas pulsadas com OVA, o grupo ainda mostrou que a alteração circadiana na proliferação reflete na magnitude da resposta efetora destas células, verificando maior frequência de células OVA-específicas produtoras de IFN-γ quando a imunização foi feita na hora de máxima proliferação.
Em uma publicação recente na revista Immunity, Silver et al., 2012 demonstraram que a expressão de TLR9 nos camundongos foi maior no período de escuro (3a.m), e tanto sua expressão quanto função foram controladas pela proteína do relógio circadiano Per2 (Period), através da sua ligação na região promotora de TLR9. Além disso, demostraram que este conhecimento sobre a interação entre os sistemas circadiano e imune pode ser aplicado para modular a resposta imune inata e adaptativa, sobretudo para o desenvolvimento de vacinas e para uso clínico de agonistas de TLR9. Assim, nos futuros experimentos envolvendo TLR9 em camundongos, será necessário “falar” o horário e “perguntar” ao TLR9 se ele está pronto para funcionar.
É verdade, quanto mais aprendemos e quanto mais tecnologias aplicamos, mais vemos como as coisas estão interligadas.
ResponderExcluirNo futuro, todos seremos "psiconeuroendocrinoimunologistas"