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segunda-feira, 9 de maio de 2011

Toll2004, Toll2006, Toll2009, Toll2011... Inflammasome2013?

Aconteceu de 4 a 7 de maio, próximo a Verona - Itália, o congresso mais importante na área de imunidade inata. O Toll2013 foi recheado de palestras intrigantes e controvérsias que são importantes para estabelecer os futuros paradigmas da área.

Chamou a atenção o grande número de palestras em inflammasoma, das mais de 75 conferências principais, cerca de 31 foram sobre o inflamassoma; outras 24 em TLRs; 6 em Drosophila, além de outras em em Nod1/2, RLRs, CLRs, etc.

Em relação a TLRs, a grande novidade foi a descrição do fenômeno e provável mecanismo pelo qual TLR4 é internalizado em endossomas. Em uma palestra excepcional Jon Kagan (Childrens, Harvard), demonstrou que CD14 contribui e regula a internalização de MD2+LPS+TLR4+C14 em um processo dependente de Syk kinase. Uma vez internalizado o complexo é degradado, silenciando assim a ativação de TLR4 em resposta a LPS. O trabalho tem cara de “Cell” e se justifica devido a clareza dos mecanismos moleculares e a evidente importância desse processo para a área de Sepse.

As novidades na área de inflammasoma foram muitas. Fica evidente que tem muito a ser descoberto sobre os processos relacionados com ativação dessas plataformas moleculares que são tão importantes para processos fisiológicos e patológicos. Uma das palestras que mais me impressionou foi a de Richard Flavell (Yale), que demonstrou que a flora de animais ASC-/- interfere na resistência dos animais a colite. O toque refinado foi a demonstração de que a flora dos KO pode ser transmitida do KO para WT quando os animais foram mantidos nas mesmas caixas: ai o fenótipo desaparece. Isso de fato complica a interpretação de uma diversos trabalhos que utilizaram DSS. Além de determinar mecanismos importantes (nesse caso dependente de Asc, NLRP6, caspase-1...), isso ilustra a importância dos biotérios na qualidade das nossas pesquisas. Fica clara a importância de mantermos juntos os animais que usamos em nossos experimentos; a flora bacteriana pode variar substancialmente de um biotério para outro e até mesmo de uma sala para a outra do mesmo biotério.

De fato, a flora bacteriana esteve em evidência. Diversas apresentações em mamíferos e moscas abordaram a importância da flora e ilustram a tendência que já vinha sendo observanda pela literatura: que a flora está e deve ficar ainda mais em evidencia na área de reconhecimento imune inato nos próximos anos. Outro ponto bastante evidente foram os interferons de tipo I em infecções não-virais. Várias palestras focaram IFN do tipo I e sua relação com ativação do inflammasoma, uma correlação importante e em evidencia, mas ainda obscura.

A pergunta que não quer calar continua sendo: como estímulos tão diferentes ativam o inflammasoma? De fato, ainda não sabemos quem é o mediador intracelular... Certamente o processo precisa dos estímulos, dos componentes do inflammasoma (caspase-1, Asc, Nlrp3), de K+ e de ROS. No entanto, a hipótotese de que ROS mitocondrial seria o mediador foi bastante questionada. O Alemão Veith Hornung, propõe a importância da regulação transcricional da expressão de NLRP3 (em expressão constitutiva de NLRP3, ROS não é necessário). De acordo com isso, Luke O’Neill sugeri que ROS seriam importantes porque estimulam fosfatases que regulariam a atividade dos inflammasomas, assim ROS teria um papel regulatório e não de ativador... Baseados em evidencias clinicas e alguns experimentos Luke propõe que o metabolismo de glucose é essencial para ativação do Inflammasoma... De qualquer forma parece que ainda estamos longe de chegar a um consenso.

Enfim, o evento decorreu de maneira muito positiva e estimulante. A comunidade brasileira esteve bem representada; diversos membros atuantes estavam por lá. Provavelmente por conta do custo elevado, o número de estudantes e pós-docs brasileiros era pequeno. Nesse sentido, a exemplo do que aconteceu em 2006, a possibilidade do próximo congresso voltar ao Brasil (ouvi rumores) provocaria impacto bastante positivo junto aos alunos e contribuiria ainda mais para o desenvolvimento da área no Brasil.

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3 comentários:

  1. Acho que tem que se chamar PRRs

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  2. Dario,
    Ótimo comentário. Muito informativo para estudantes e cientistas que não puderam participar do congresso.
    Obrigada!

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