O Professor Aluízio Prata nos deixou em 13 de maio de 2011, mas será imortalizado na ciência e nas lembranças de todos vocês. Contem aqui suas histórias sobre ele...
Não trabalhei diretamente com o Professor Aluízio Prata, mas pessoas de várias gerações e de diversos estados do Brasil e de outros Países o conheceram e sabem de sua grande importância em diversas áreas de pesquisa. Especialmente na nossa área de Imunologia, muitas pesquisas giram em torno das doenças tropicais. O Prof. Aluízio Prata participou da criação de três grandes Escolas Tropicalistas no Brasil: na Universidade Federal da Bahia, na Universidade de Brasília e na Universidade Federal do Triangulo Mineiro, onde formou e influenciou incontáveis jovens pesquisadores de diversas gerações. Foi pioneiro nos estudos de campo em diversas endemias, e beneficiou populações de locais longínquos com o controle da Doença de Chagas e da Esquistossomose.
Para aqueles que fazem pesquisa de campo, sabemos as dificuldades que temos que superar para realizá-las, imaginem no passado. Em Caatinga do Moura, cidade que em 1962 tinha uma prevalência de Esquistossomose de 95% e os doentes morriam com sangramento digestivo a caminho de atendimento médico, o Professor montou uma estrutura de trabalho muito boa, com diversos voluntários da cidade trabalhando para cuidar do problema. O funcionário António de Souza, posteriormente agente de saúde desta localidade, foi treinado no LACEN de Salvador aos 15 anos de idade e tornou-se excelente na realização de exames parasitológicos, identificação de triatomíneos e principalmente um trabalhador incansável e empolgado. Essa talvez fosse a grande marca que vinha do Professor e que ele transmitia a seus discípulos, a grande empolgação e energia para o trabalho.
Antônio e Mathias (também voluntário da comunidade) certa vez me contaram que após um dia exaustivo de trabalho o Professor disse: tem um paciente aí sangrando que precisa ir para Salvador. Eles saíram à noite para levá-lo (580 Km de estrada de chão), passaram a noite viajando com o paciente vomitando sangue no carro e chegaram no dia seguinte exaustos sem dormir. O professor agradeceu e disse, tem mais 2 pacientes aí sangrando, vamos levá-los para Salvador. Eles hoje se orgulham do trabalho que fizerem salvando diversas vidas naquela localidade longínqua, sem assistência médica ou mínima infraestrutura de vida humana. Acho que além das contribuições científica inquestionáveis, o Professor contribuiu para salvar diversas vidas.
Amélia Maria Ribeiro de Jesus
Muito bem lembrado Amélia. O Professor Prata fez um importante trabalho para o País. Formou muita gente, colaborou com diversos pesquisadores do exterior, incentivou a pesquisa na área de doenças tropicais, teve contribuição destacada para a ciência brasileira, além de salvar muitas vidas, como você ressaltou. Todos nós lamentamos a perda do Professor Prata.
ResponderExcluirUma merecida homenagem. O Prof. Prata ficou muito conhecido como um grande pesquisador em doenças tropicais e o post de Amélia ressalta que também foi um médico de grande dedicação e integridade. Um exemplo nos dois aspectos.
ResponderExcluirA Soc Bras de Medicina Tropical (http://www.sbmt.org.br/site/corpo_texto/81) e o CNPq (http://www.cnpq.br/saladeimprensa/noticias/2011/0519.htm) também prestaram homenagem ans suas páginas.