As pesquisas envolvendo células tronco tem enorme destaque nos dias de hoje. Há uma porção de fatores que poderiam ser citados entre aqueles que talvez contribuam para este destaque. Um desses fatores está ligado ao debate de questões éticas ou religiosas, especialmente quando as pesquisas em humanos se referem ao uso de células tronco embrionárias. Um outro fator está relacionado à grande esperança depositada nas células tronco como estratégia terapêutica para uma série de doenças, em geral degenerativas e que, assim, demandariam a reposição de células ou tecidos que já não exercem de modo adequado o seu papel no organismo. Além das questões éticas ou religiosas, o uso terapêutico de células tronco pluripotentes embrionárias (ESCs) implica em outros desafios. Dependendo do contexto, a injeção de células heterólogas em um indivíduo teria grande chance de acabar tendo como resultado a rejeição, ou seja, as próprias células tronco, ou as que derivam delas, não seriam toleradas pelo sistema imune de quem as recebe. Nesse sentido, buscando contornar esses problemas aí mencionados, as células tronco pluripotentes induzidas (iPSCs) surgiram como excelente opção de fonte renovável de células autólogas. As iPSCs tem origem em células somáticas (fibroblastos, por exemplo) que são reprogramadas, ou seja, transfectadas de modo a expressar determinados fatores de transcrição que as tornam pluripotentes, assim como as embrionárias. Imaginava-se que essas células autólogas seriam bem toleradas pelo sistema imune de quem afinal doou as células que deram origem às iPSCs. Em camundongos, ao menos à primeira vista, esse não parece ser o caso. É o que sugere um artigo prestes a sair na revista Nature (doi:10.1038/nature10135). Os autores verificaram que ao contrário do que ocorreu com ESCs, as quais deram origem a teratomas que não desencadearam resposta imune, os teratomas formados a partir da injeção de iPSCs em recipientes singênicos foram rejeitados por uma resposta mediada por células T. Ao comparar o perfil de expressão gênica dos teratomas formados por ESCs e iPSCs, os autores acabaram por notar grande aumento da expressão de algumas proteínas que caracterizavam os teratomas rejeitados. Ao induzir a expressão destas proteínas em ESCs, Zhao e colaboradores observaram que agora estas davam origem a teratomas os quais também eram rejeitados por respostas mediadas por linfócitos T CD4+ e CD8+. O estudo termina por concluir que do ponto de vista da indução de respostas imunes, em camundongos, existem diferenças importantes entre ESCs e ao menos algumas iPSCs. Segundo eles, para o desenvolvimento de iPSCs que tenham como objetivo a clínica, as técnicas de reprogramação das células somáticas ainda precisariam de alguma otimização. Enfim, o caminho a ser percorrido ainda pode ser longo.
Super importante este estudo, que ressalta o mesmo problema de muitos estudos de cancer que nao levam em conta o sistema imune e fazem tudo em SCID mice.
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