quarta-feira, 2 de maio de 2012
Microbiota, Inflamassomas e Patobiontes
Imagem de uma Review do Dan Litman e Eric Pamer Cell Host & Microbe 2011.10(4) pg. 311–323.
Não, Patobionte não é um novo fóssil de dinossauro descoberto!
Patobionte é um termo que simplesmente se refere a um organismo capaz de causar doença. Na verdade o termo é bastante utilizado para designar organismos da microbiota que são capazes de causar alguma patogênese em humanos. Quando somos submetidos a tratamentos com antibióticos a microbiota bacteriana é destruída e os patobiontes residentes da flora (os que são resistentes aos antibióticos utilizados) começam a se replicar e iniciam processos que levam a patogênese. Esse processo é clinicamente muito importante por conta da incidência de sepse durante terapias que combinam tratamento com antibióticos com compostos citotóxicos que causam danos ao epitélio intestinal. Daí vem o conceito que a manutenção da microbiota intestinal normal é importante para a manutenção da integridade intestinal e facilita o desencadeamento de respostas protetoras contra patógenos e entéricos.
Na semana passada, foi publicado um artigo na Nature Medicine (aqui) que aborda experimentalmente esse processo. Janelle Ayres e colaboradores estabeleceram um modelo no qual camundongos foram tratados com antibióticos, seguido pelo tratamento com DSS, um detergente que causa destruição do epitélio intestinal (o modelo clássico de colite induzida por DSS). Foi observado que os camundongos desenvolveram um quadro de sepse que culminava com a morte dos animais. A sepse era causada pela disseminação de uma E. coli multi-droga resistente, flagelada, sorotipo O21 (O21:H+).
O genoma dessa bactéria foi sequenciado e foram identificados diversos fatores de patogenicidade, entre eles sistema de secreção do tipo III, genes para adesão internalização e aquisição de ferro. Ou seja, uma bactéria potencialmente patogênica que se encaixa perfeitamente na definição de patobionte. Ah, a infecção de camundongos naive com essa bactéria induz sepse e mortalidade dos animais justamente como diz o terceiro postulado de Robert Koch.
E o tal do mecanismo? Eles demonstraram que essa bactéria flagelada ativa o inflamassoma de Naip5/NLRC4 (veja post anterior sobre o assunto aqui) em um processo que facilita a patogênese da doença. Ou seja camundongos deficientes para componentes o inflamassoma composto por Naip5 e Nlrc4 são protegidos da sepse induzida por essa bactéria de maneira dependente de IL-1b.
Ai pronto: um trabalho bem feito e bem controlado, que junta tópicos da moda: Inflamassoma + Microbiota somado a um processo clinicamente muito relevante = Nat. Med.
Vale a pena conferir o artigo.
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