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domingo, 13 de maio de 2012

Journal Club Iba: A sweet T cell response

Vamos começar o post pelo fim, porque a novidade é boa e dá vontade de contar logo, e, aliás, foi assim quarta-feira no Journal, que contamos antes da hora que a vacinação com glicoconjugado faz com que APCs apresentem carboidratos (e não somente proteína) via MHCII para as células T (of course, específicas para carboidratos ¬¬’). Pronto, contamos novamente, agora vamos começar...
A interação entre as células T e B foi um marco no estudo da imunologia na década de 60, e este encontro celular é necessário para a indução de switch de classe do anticorpo e geração de células de memória. Alguns antígenos como polissacarídeos, os quais constituem a cápsula de bactérias gram positivas e de outros microorganismos, ativam células B sem a presença de células T, mas as vacinas utilizando estes polissacarídeos não sustentam uma proteção contra reinfecção. Porém, a partir do conhecimento da possibilidade de se complexar hapteno + carreador, descoberto por Mitchison em 1971, polissacarídeos foram conjugados a proteínas, e a partir deste momento as imunizações “começaram a bombar”. Paoletti et al. 1994 e Guttormsen et al. 1998 mostraram que camundongos previamente imunizados com estes glicoconjugados são capazes de sobreviver a infecção por bactérias encapsuladas. Agora pensem com a gente... tanto a vacina com glicoconjugado quanto a bactéria encapsulada são constituídos de polissacarídeos e proteína.. entãão? Então somente quando polissacarídeo e proteína estão conjugados, complexados, juntos, completamente ligados, é que a vacina funciona, ponto.
Convencidos?
Claro que não, né?
É ai que entra a novidade sensacional do momento, e que nós já contamos, mas talvez você ainda não tenha entendido. Vamos desenhar:



Quando um glicoconjugado é administrado, a parte do carboidrato é reconhecido pela célula B, que possui BCR específico para polissacarídeo, todo o glicoconjugado é fagocitado, processado no endolisossomo, de maneira dependente de ROS, porém, as ligações covalentes entre a porção do carboidrato e do peptídeo não é quebrada de maneira que se forma um complexo MHCII-peptídeo-carboidrato, e tudo isso é apresentado para reconhecimento do TCR. E o legal é que foram identificados dois subtipos de células T CD4+ que reconhecem essa porção de açúcar, e sob esse estímulo elas são capazes de produzir IL-2, proliferar, induzir troca de subtipo da Ig, além de induzir memória. A partir desses achados os autores fazem o designe de uma vacina com glicoconjugado onde a parte protéica é apenas um ‘peptídeozinho’ que se liga na fenda do MHC e otimiza a densidade de epítopos que podem ser apresentados, aumentando a imunogenicidade da vacina contra Streptococcus do grupo B. E as coisas legais ainda não acabaram. Os autores fecharam o trabalho com chave de ouro imunizando camundongos fêmeas com a vacina nova, e os filhotes dessas fêmeas foram desafiados com doses letais da bactéria. Eles obtiveram sobrevivência de 100% dos animais, ao passo que a imunização com a vacina tradicional, usada hoje na clínica (com a proteína e não somente o peptídeo como carreador) a sobrevivência foi de 62%.

Legal né? E você achava que a célula T não gostava de doce.. pois gosta sim!

Pra quem achou sensacional, sugerimos a leitura do artigo, ele é brilhante:

“A mechanism for glycoconjugate cavvine activation of the adaptative immune system and its implications for vaccine design” Nature Medicine, 12/2011.

Post de Marcel Trevisani, Manuela Sales e Everton Santos

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2 comentários:

  1. Muito bom o post. Agora tem que considerar a glicosilacao das coisas que todo mundo estuda, pois ai poderia haver um mecanismo de ativacao de resposta inflamatoria...

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