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terça-feira, 17 de maio de 2011

Discutir Imunologia e Ciência pode ajudar na educação de jovens em escolas de ensino médio? O Projeto Imunologia nas Escolas segue adiante!

No ano passado, postei no nosso Blog da SBI um pouco sobre a experiência educacional que estamos desenvolvendo com o Projeto Imunlogia nas Escolas, dentro da Plataforma de Ensino e Interação com a Sociedade do Instituto de Investigação em Imunologia do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (iii-INCT).

O ano de 2010 foi um ano de experimento piloto. Desenvolvemos atividades mensais – teóricas e práticas - sobre ciência e temas de imunologia, com uma turma do segundo ano do ensino médio da Escola Estadual Romeu de Moraes, na Lapa, em São Paulo. Terminamos com um debate sobre AIDS/HIV aberto para toda a escola e familiares dos alunos, com 3 pesquisadores do iii que trabalham na área, Aluísio Segurado, Edecio Cunha Neto e Esper Kallas. Foi um sucesso!

O saldo geral do projeto foi muito positivo e, em 2001, começamos a trabalhar com as 4 turmas do primeiro ano do ensino médio da mesma escola. Desta vez, vamos, também, envolver alunos que participaram do projeto no ano passado, como monitores das novas turmas e, no segundo semestre, queremos abrir espaço para atividades de pré-iniciação científica para os alunos interessados.


O desafio, agora, é bem maior e queremos recrutar mais alunos de pós-graduação, pós-docs e pesquisadores para participar do projeto.
Se você mora em São Paulo, abra uma brecha na sua agenda e venha participar com a gente! (mande um email: vecoelho@usp.br) Se tem interesse em começar sua própria experiência do Projeto Imunologia nas Escolas, na sua cidade, teremos o maior prazer em compartilhar com você nossa experiência.



Acreditamos que experiências como essas podem trazer uma contribuição importante para uma educação criativa e instigante de nossos jovens (e também dos nossos futuros pesquisadores). O nosso projeto ainda é uma semente. Mas, imagine se experiências desta natureza começam a se multiplicar pelo Brasil afora! Talvez não estejamos tão longe assim... Experiências maiores de educação e ciência já estão acontecendo no Brasil (confira a entrevista do Miguel Nicolelis na revista Brasileiros no mês passado:



http://www.revistabrasileiros.com.br/edicoes/45/textos/1482/).

Vivendo a nossa pequena experiência, pensando sobre as grandes experiências das escolas ligadas ao Instituto de Neurociência do grupo do Nicolelis, e na perspectiva de sonhos maiores com a “Cidade do Cérebro”, por que não pensar um Brasil onde a ciência pode realmente ajudar a transformar a educação das crianças e jovens? Imagine se cada universidade no Brasil construísse pelo menos uma escola para instigar curiosidades e compartilhar saberes com nossas crianças e adolescentes? A Imunologia tem tudo para dar uma boa contribuição neste desafio!

Veja os depoimentos de dois de nossos alunos de pós-graduação envolvidos no Projeto Imunologia nas Escolas:


Por Karine Marafigo De Amicis
Aluna de mestrado
Laboratório de Imunologia
InCor - FMUSP

“Sempre gostei de dar aulas, quando eu era pequena fazia o papel da professora nas brincadeiras, mas nunca pensei que isso pudesse virar uma paixão! Como aluna de Mestrado do iii eu tenho a oportunidade de participar do projeto "Imunologia nas Escolas" dando aulas de Imunologia e de ciência para alunos de uma escola pública. É uma experiência muito gratificante porque eu sinto que passando o conhecimento adquirido no Mestrado e na vida eu posso contribuir para a formação de jovens mais pensantes e mais preocupados com o futuro da própria vida e da coletividade. A experiência também me faz sentir que o meu trabalho é muito importante, mais do que eu podia imaginar.

Uma das coisas que mais me fizeram refletir sobre a importância do nosso projeto é a de despertar neles a idéia de que ninguém é um saco vazio, aonde pessoas ou professores chegam e depositam coisas ou idéias e eles têm que aceitar aquilo como se fosse uma verdade absoluta. O despertar da curiosidade, da iniciativa da pergunta, da dúvida é muito importante...Precisamos saber o que o aluno já tem de conhecimento sobre o assunto e aprendemos a relacionar isso com o que está sendo discutido na aula. Cada aula é um novo desafio, tanto para nós do grupo de trabalho do projeto quanto para os alunos. Esse desafio nos motiva e nos faz trabalhar com mais empenho a cada atividade!

Eu, como aluna de pós-graduação, devo dizer que é uma das experiências mais importantes deste tempo que tenho como aluna do iii. É um projeto paralelo, fora do meu projeto científico, que eu tenho o maior prazer de dedicar tempo e esforço porque a cada aula eu posso perceber a transformação na forma de pensar desses alunos. Especialmente porque a sociedade de hoje, principalmente a escola, impõe os pensamentos e o conhecimento como se tudo fosse estático, e nós cientistas sabemos que não é!

Sabemos que o conhecimento está integralmente em transformação, que é um quebra-cabeça, onde cada grupo, cada cientista adiciona uma peça a cada novo resultado. Depois que esta forma de pensar é discutida com os alunos, podemos presenciar a transformação na forma com que eles se experimentam no novo conhecimento na escola, na forma como se relacionam entre eles e com os professores, na forma até com que encaram a vida. Uma aluna deu um depoimento para o nosso grupo e ela disse "...a minha mãe é enfermeira, e eu não tinha muito que conversar com ela. Depois que eu comecei a participar do projeto eu tenho muito assunto pra conversar e a nossa relação melhorou muito!...", isso foi uma das provas que tivemos de que, além do conhecimento em imunologia, outras coisas muito mais importantes estão acontecendo por trás de tudo isso...

Utilizamos a Imunologia como uma ferramenta, não só para apresentar outros conhecimentos, mas também para aproximar a comunidade científica da sociedade, mostrando que os pesquisadores são pessoas normais, com experiências de vida variadas que podem ensinar e aprender, podem instigar e serem instigados...é muito maravilhoso.




O projeto também me permite avaliar a minha forma de pensar a vida, de agir, tanto na vida pessoal como na profissional. Permite-me estar numa sala de aula, com pessoas que não possuem aquele conhecimento, que têm histórias de vida e conceitos que eu desconheço, formas diferentes de pensar e avaliar o conhecimento recebido. Esse conjunto de coisas me propõe o desafio de passar este conhecimento de uma forma tão especial para que eles entendam, seja com palavras, com figuras, com malabarismos...Tenho muito que agradecer ao iii e a minha Coordenadora no projeto "Imunologia nas escolas" pela oportunidade de engrandecer a minha formação profissional e pessoal. Acredito muito no futuro do nosso projeto. Sonho com o dia em que poderemos ter um grupo de trabalho para cada escola, seja o nosso grupo ou outros grupos e, juntos (escola/comunidade científica), teremos força para utilizar a Imunologia também como ferramenta para transformar a educação no nosso país”


Por Carlo de Oliveira Martins
Aluno de doutorado
Laboratório de Imunologia
InCor - FMUSP

“O projeto Imunologia nas Escolas pretende difundir o raciocínio científico de maneira geral e especificamente em Imunologia aos alunos do ensino médio da rede pública em São Paulo. Queremos com ele permitir aos jovens um olhar mais profundo e questionador sobre os fenômenos que nos cercam.

A primeira escola que aceitou esse desafio, e que cede parte da carga horária de seus alunos para atividades com o nosso grupo foi a Escola Estadual Romeu de Moraes, situada na região da Lapa, na cidade de São Paulo; além de parte período das aulas, equivalente a três aulas por mês, tem dado todo o apoio e suporte técnico, através da diretoria, coordenação pedagógica e dos docentes. Estes últimos, inclusive, estão presentes em todas as atividades de classe e laboratório, retomam os conceitos nas aulas e nos auxiliam a avaliar as atividades e a participação dos alunos.

O primeiro contato dos alunos com o projeto ocorre com uma visita ao Laboratório de Imunologia do InCor, dedicado à pesquisa e sede do nosso grupo. Para eles tudo é novo: equipamentos, técnicas, método de trabalho, perguntas científicas. Eles perguntam bastante, tentando inteirar-se da vida acadêmica, que é tão distante da sua realidade. Esta interação inicial vai nortear todo o restante do projeto, pois as demais atividades serão desenvolvidas na própria escola.

As atividades iniciam-se com uma breve exposição dialogada sobre um assunto de interesse imunológico, seguida da divisão da classe em pequenos grupos para leitura e discussão de um pequeno texto. Cada grupo fica a cargo de um colaborador do projeto, que tem a função de guiar a discussão do texto e trazer informações complementares, conforme necessário.



Depois, é feita uma atividade prática simples, que reforça os conceitos discutidos, e cada aluno preenche um pequeno questionário, que serve como relatório do experimento. Por fim, temos uma etapa de conclusão, em que cada um pode opinar sobre a atividade, e os alunos preenchem uma ficha de avaliação que usaremos para aprimorar o projeto.

Eu participo do projeto Imunologia nas Escolas desde o início do ano passado. Tive a oportunidade de acompanhar esse primeiro ano de atividades e participar dessa constante construção de ideias. Tem sido um desafio estruturar conceitos biológicos com precisão e ao mesmo tempo com uma linguagem simples, para quem vê aquilo pela primeira vez. Mas um desafio bastante recompensador! A galera pergunta, questiona, fustiga. Trazer o pensamento científico para esse grupo de jovens, tão distante do mundo acadêmico, tem enriquecido muito minha experiência de pós-graduando. É um projeto que só tem a crescer, que merece espalhar-se pelas demais escolas, estimulando o diálogo de ideias novas e levando a ciência para dentro da sociedade

Nossa experiência tem sido muito mais frutífera do que esperávamos. Os jovens alunos de escolas públicas, que possuem pouco conhecimento sobre a carreira de cientista, mostram-se curiosos e detalhistas. Não pretendemos “transformá-los” em cientistas ou incutir neles conceitos imunológicos complexos. A Imunologia é somente um ponto de partida, um pretexto que usamos para iniciar um diálogo sobre algo mais profundo, o raciocínio científico, que deve ser fomentado em todo jovem. É este o olhar que buscamos cultivar!”

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4 comentários:

  1. Cara Verônica, parabéns pelo trabalho. Embora seja apenas uma sementinha como você diz, ela pode crescer e dar frutos. Temos de fato que nos doar um pouco mais a favor de todos.
    Estamos no caminho para copiar o vosso trabalho. Logo teremos o nosso grupo "imunologia nas escolas" atuando aqui no interior também.
    Joao

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  2. Ótima iniciativa. Parabéns a todos os integrantes do projeto "imunologia nas escolas".

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  3. João e Tiago,
    Muito obrigada pelo estímulo! João, que ótima notícia que vcs vão começar o projeto Imunologia nas Escolas em Ribeirão. Estamos às ordens para compartilhar nossa experiência e material didático que estamos elaborando, se tiverem interesse. Alías, se quiserem mandar alguém para conhecer de perto um dia do projeto na escola, pode ser legal. A nossa próxima atividade será dia 26 de maio. Quem sabe, a SBI pode também ajudar na criação de novos grupos? Algo a ser conversado, não? forte abraço, Verônica

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  4. Se alguém se interessar um pouco mais sobre o projeto pode consultar o blog http://imunoescolas.blogspot.com/ ou pesquisar por "Imunologia nas Escolas" no Google!

    Deixe sua sugestão ou comentário. Será muito bem-vindo!

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