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sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Alergia e uma luz (ou FoxP3?) no fim do túnel

Alérgicos à amendoim vibrem, existe uma esperança! Pesquisadores da Califórnia descreveram recentemente que adultos e crianças após serem submetidos a uma terapia de exposição ao amendoim podem adquirir uma tolerância imunológica que estaria relacionada às Tregs.

Vamos aos fatos: Participantes com alergia ao alimento (n=43) foram submetidos a terapia oral com uma proteína do amendoim, com escalação da dose de acordo com o indivíduo, a cada duas semanas, durante 24 meses. Os pacientes que foram definidos como dessensibilizados ao final desse período (n=20) foram convidados a passarem 3 meses sem contato com qualquer alimento contendo amendoim. Após esse prazo, retornaram à alimentação com o alérgeno e foram agrupados de acordo com a reação que apresentaram: não tolerantes (NT) (n=13), para os que exibiram algum sinal de alergia, e imuno-tolerantes (IT) (n=7), para aqueles com ausência de manifestação clínica. Todos os participantes definidos como IT foram convidados a evitar novamente o alimento por adicionais 3 meses e então submetidos novamente ao alimento. No final ainda 3 pacientes permaneceram não-reativos. Avaliações dos níveis de IgE e IgG específicos ao amendoim não demonstraram diferença estatística entre os participantes NT versus IT. Além disso ao avaliar a ativação da população dos basófilos periféricos, ambos os grupos apresentaram o mesmo fenótipo.

A esperança então foi encontrada nas observações referentes às células T reguladoras. A frequência das células Treg (CD4+CD25hiFoxP3+) nos indivíduos que se tornaram capazes de comer o alimento, sem desencadear a alergia, foi aproximadamente o dobro daqueles que permaneceram com os sintomas clínicos. Foi observado ainda o aumento da função supressora e altos níveis de FoxP3 hipometilados comparados aos NT e participantes controle. No entanto, para entender completamente o mecanismo pelo qual a terapia de exposição induz a tolerância, mais estudos serão necessários. Os pesquisadores concordam que, dado o elevado grau de variabilidade entre os seres humanos, o tamanho amostral foi muito pequeno mas os dados indicam um “bom estudo preliminar”, como disse Wesley Burks, especialista em alergia na Universidade da Carolina do Norte. O autor do estudo Kari Nadeau, imunologista da Escola de Medicina de Stanford, na Califórnia, ressalta a importância da identificação de alvos para novas terapias e marcadores biológicos pelos quais podem predizer sobre a continuidade do tratamento do paciente. Muito ainda há para ser realizado mas o caminho agora começa a tomar forma, só não recomendamos realizar a terapia oral em casa.



Referências:

Reber, L.L., et al. Selective ablation of mast cells or basophils reduces peanut-induced anaphylaxis in mice. The Journal of allergy and clinical immunology 132, 881-888 e881-811 (2013).


http://blogs.nature.com/spoonful/2014/01/peanut-allergy-therapy-produces-epigenetic-changes-in-immune-cells.html/

Post por Luara Isabela dos Santos
Pós-doutoranda do Laboratório de Imunologia - Fiocruz-MG

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