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quarta-feira, 30 de abril de 2014

Importância dos estudos ex vivo da cápsula polissacarídica fúngica e seu papel na patogênese da meningoencefalite por Cryptococcus neoformans


Cryptococcus neoformans é um patógeno de distribuição geográfica global, sendo o principal causador de infecções fúngicas oportunísticas em indivíduos HIV positivos ou com AIDS e a segunda ou terceira causa mais comum de micoses invasivas em pacientes submetidos a transplante de órgãos sólidos (1,2). A principal manifestação clínica observada em indivíduos acometidos pela doença é a meningoencefalite criptocócica (MC), com estimativas de 1 milhão de novos casos de criptococose em pacientes com HIV/AIDS e 680.000 mortes ao ano (3).
Um importante fator de virulência de C. neoformans é a cápsula mucopolissacarídica, composta principalmente por glucuronoxilomanana (GXM), galactoxilomanana (GalXM) e manoproteínas (4). Além de suas propriedades estruturais e antigênicas, a cápsula tem papel essencial nos mecanismos de evasão imune, devido às atividades imunomodulatórias do componente principal GXM (4).
Diferenças no tamanho, composição estrutural, volume e viscosidade da cápsula de C. neoformans foram observadas em estudos experimentais in vivo e in vitro, sugerindo que altas cargas fúngicas e subsequente obstrução do fluxo de líquido cefalorraquidiano (LCR) podem contribuir para o aumento da pressão intracraniana durante infecção com esse patógeno. Entretanto, pouco se conhece sobre a influência do fenótipo da cápsula do fungo e a resposta inflamatória induzida na MC humana. Em trabalho publicado por Robertson et al. (2014) (5), os autores avaliaram amostras de LCR e isolados clínicos de C. neoformans coletados de pacientes HIV positivos com diagnóstico de MC após cultura positiva ou sorologia positiva para antígeno de Cryptococcus. O objetivo desse trabalho foi estabelecer uma correlação entre fenótipo da cápsula ex vivo em amostras de LCR e parâmetros clínicos e imunológicos na criptococose humana, comparando-se ao observado com isolados clínicos de C. neoformans em estudos in vitro.
Correlação positiva entre aumento da cápsula do fungo em amostras de LCR e aumento da pressão intracraniana foi observada nesses pacientes (Fig. 1), associada ao menor clearance fúngico (alta carga fúngica), inibição da resposta inflamatória como determinada pelo menor número de leucócitos e baixos níveis de TNF-a, IL-6, IL-4, IL-7, IL-8 e IFN-g (Fig. 2). 
Figura 1. Microscopia para avaliação do diâmetro da cápsula de C. neoformans (coloração Tinta da China, 40x) em líquido cefalorraquidiano de paciente com pressão intracraniana > que 55 cm H2O. As setas indicam células fúngicas com diâmetro total maior que 30 µm (Robertson EJ et al. J Infect Dis. 2014;209:74-82). 


Contudo, não houve correlação entre aumento de viscosidade relativa ao conteúdo de GXM nas amostras de LCR e maior pressão intracraniana. O diâmetro da cápsula do fungo analisada em amostras de LCR foi significativamente maior que o observado a partir de isolados clínicos na condição in vitro. Outros fatores de virulência do patógeno e fatores do hospedeiro podem determinar a patogênese da criptococose em pacientes HIV positivos ou com AIDS, particularmente observada na meningoencefalite causada por C. neoformans, condição muitas vezes letal nesse grupo de pacientes imunocomprometidos.

Referências:

(1) Moreira T de A, Ferreira MS, et al. (2006). Cryptococosis: clinical epidemiological laboratorial study and fungi varieties in 96 patients.  Rev Soc Bras Med Trop. 39(3): 255-258.
(2) Pappas PG, Chillera TM, et al. (2010). Invasive Fungal Infections among Organ Transplant Recipients: Results of the Transplant-Associated Infection Surveillance Network (TRANSNET). Clin Infect Dis. 50: 1101-1111.
(3) Park BJ, Wannemuehler KA, et al. (2009). Estimation of the current global burden of cryptococcal meningitis among persons living with HIV/AIDS.  AIDS 23(4): 525-530.
(4) Zaragoza O, Rodrigues ML, et al. (2009). The capsule of the fungal pathogen Cryptococcus neoformans. Adv Appl Microbiol. 68: 133-216.
(5) Robertson EJ, Najjuka G, et al. (2014). Cryptococcus neoformans ex vivo capsule size is associated with intracranial pressure and host immune response in HIV-associated cryptococcal meningitis. J Infect Dis. 209(1):74-82.

Post por Ângela Nishikaku (UNIFESP)

terça-feira, 29 de abril de 2014

Dia da Imunologia: Como anda a Imuno no Brasil?

O tema proposto para o Dia da Imunologia em 2014 é Vacinação. A escolha se deve às recentes campanhas que difundem de forma fantasiosa e distorcida dados sobre insegurança das vacinas. 

Recentemente repercutiu bem na mídia o esforço brasileiro para obtenção de uma vacina contra o HIV (o que levou a menção da Presidenta Dilma aqui; veja também a repercussão na mídia brasileira aqui e aqui e internacional aqui, o que levou Edecio a ser incluído na lista dos 100 mais influentes da revista Época aqui). 


Além dos trabalhos que capturam a atenção do grande público, como anda a produção científica brasileira em vacinação? Fiz um levantamento no Web of Sciences dos artigos publicados no quinquênio 2009 a 2013 e não estamos mal. 
Usei os filtros indicados abaixo:
que resultaram em 2.272 artigos no período. 

Temos publicado cerca de 500 artigos/ano sobre vacinação (de forma ampla, devo mencionar) de 2011 a 2013. Os 2.272 artigos foram citados mais de 12.000 vezes (até 21/04/2014), o que não é pouco ao considerar que os artigos de 2013 tiveram pouco tempo para citação.

E como anda a nossa produção em imunologia em todos os campos? O levantamento feito no Scimago mostra que estamos com um número crescente de publicação e temos mantido certa competitividade com os outros países do BRIK (notem que não é o BRIC, pois substitui a China pela Coréia do Sul).
Nota: O ano de 2012 é o último disponível no site do Scimago.

É de se notar, porém, que a liderança do Brasil neste grupo não deve perdurar, considerada a inflexão da curva de produção coreana.

Em relação ao fator de impacto, também estamos bem no grupo:

E se compararmos com alguns Ss europeus?

Nota: Por que Espanha, Suécia e Suiça? Porque a Espanha tem crescido na área de imuno e os dois outros têm tradição no tema.
A situação do número de publicações é otimista, saímos da última posição (e bem abaixo dos demais) em 1996 e estamos em segundo lugar com uma vigorosa curva de crescimento em 2012 . 
A situação fica pior ao analisar o Índice H:

Quer se deprimir?
Veja o quadro abaixo:

Melhor não deprimir nem relaxar e sim trabalhar mais duro ainda.



segunda-feira, 28 de abril de 2014

Atividades do Day of Immunology 2014 (29 de abril) no CPqGM-FIOCRUZ, Salvador-BA


Gostaria de agradecer a todos pelo apoio que tenho recebido da EFIS desde 2011, quando apresentei pela primeira vez o meu pedido para traduzir o livro ("Your Amazing Immune System" baixar aqui) para o idioma Português. A SBI (Sociedade Brasileira de Imunologia) e o DAAD (Serviço Alemão de Intercâmbio Acadêmico) foram fundamentais em sua divulgação aqui no Brasil e tem sido um grande sucesso até agora.

É também preciso dizer-lhes que, como fruto deste primeiro trabalho, fui convidado para duas outras obras fascinantes: uma é ser Coordenador do Blog da SBI desde agosto de 2013. A outra é participar ajudando na Coordenação do Projeto "Imunologia nas Escolas", que é um amplo programa do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) e do Instituto de Investigação em Imunologia (iii), sediados em São Paulo.

É com esse background que eu fui convidado pela Dra Theolis Bessa para ajudar a coordenar os esforços regionais em expandir esta iniciativa em Salvador, Bahia, pela equipe de pesquisadores do CPqGM - FIOCRUZ (Centro de Pesquisas Gonçalo Muniz, da Fundação Oswaldo Cruz), sob os auspícios dos coordenadores Dra Theolis Bessa, Dr Ricardo Riccio, Dr Daniel Manzoni (Coordenador Executivo Nacional do Projeto no iii) e Dr Manoel Barral-Neto. O projeto consiste na utilização da Imunologia como uma ferramenta para ajudar os professores de todas as disciplinas do Ensino Médio (História, Geografia, Português, Inglês, Artes, e, principalmente, Matemática, Física, Química, Biologia e Programas de Saúde), a trabalhar em conjunto. O objetivo é ajudar os alunos a compreender melhor o seu mundo e desenvolver-se não só para o "mercado de trabalho", como para a vida, venham eles a trabalhar em ciências ou não, em consonância com as Leis de Diretrizes e Bases da Educação e os esforços do MEC em incluir os alunos no contexto da multidisciplinaridade. Pesquisas feitas pelo próprio Projeto em São Paulo pelo iii indicam que alunos que participaram do projeto tiveram desempenho melhor na sala de aula do que os que não participaram do projeto. Vários alunos conquistaram prêmios importantes, inclusive uma aluna ganhou uma bolsa de pesquisas para estudar na Universidade da Califórnia.

As atividades do Dia da Imunologia 2014 não estão concentrados apenas no dia 29 de abril, mas este será o pico dos eventos. Nos bastidores, muitas reuniões e testes de preparação foram feitos com os professores e alunos da Escola Estadual Luiz Vianna (portanto, pública) e organizadores e estudantes de pós-graduação (Jaílton Silva Jr, Jurema Cunha, Kelvin Edson, Maíra Santos, Priscila Guerra, Sayonara Melo, Yuri Tabajara) do CPqGM (fotos).

Foram pré-selecionados 40 alunos para visitar os laboratórios da FIOCRUZ no próximo 29 de abril. Estes alunos terão o privilégio de participar em discussões com os organizadores em uma conferência preparatória anterior e, logo em seguida, visitando os laboratórios participantes.

Esperamos poder despertar muitos estudantes a escolher a Imunologia (ou, pelo menos, as suas disciplinas irmãs - Microbiologia, Patologia, Parasitologia, Fisiologia, Genética, Biologia Molecular etc) como profissão no futuro. Para isso, alguns deles serão selecionados para o Programa de Iniciação Científica Júnior, com o qual terão a oportunidade de fazer pesquisa por um ano, simultaneamente aos estudos do Ensino Médio, antes de entrar na faculdade. Eles terão um orientador no CPqGM e no Luiz Vianna, que irão supervisionar seus estudos. Temos já histórias de estudantes que passaram por este caminho antes e terão o prazer de partilhar as suas experiências neste evento. 

"Alea jacta est", ou, em uma tradução livre e adaptada, "a chama foi lançada".

"Loucura sim, mas tem seu método" (Shakespeare, in Hamlet, 1599-1601)


"Every actor needs an audience; every action is a performance" - Todo ator (cientista, inclusive) precisa de uma audiência; toda ação (ciência/experimento/pesquisa/aula) é uma performance. (Neils Tennant/Chris Lowe, in Flamboyant, United Kingdom, 2003).


Vitor Pordeus vai mostrar em Londres como ele criou um espaço livre de criação. Antes de chegar à psiquiatria revolucionária introduzida pela Dra. Nise da Silveira, ele se formou em Medicina, estudou no Instituto Wiezmannn, em Israel, e entrou numa crise filosófica quando fazia Doutorado em Imunologia, o que o levou a ingressar no teatro. Hoje ele tenta implantar um novo conceito de saúde pública como coordenador do Núcleo de Cultura, Ciência e Saúde da Prefeitura do Rio de Janeiro, e quando foi a Nice, na França, participar de um Congresso Internacional de Imunologia, concedeu esta entrevista à Revista Leros, de Londres, por Skype, para falar da ocupação do espaço onde ele atua há quase dois anos. 
(A seguir, trechos da entrevista):

"Se você olhar política pública que é o que nos interessa discutir, é uma política pública completamente anti-freiriana (Paulo Freire), mesmo os setores que dizem que fazem Educação e Saúde e que fazem educação popular em Saúde, quando você vai ver estão fazendo educação didática prescritiva, educação bancária, que é o oposto do que o mestre falou. Então no Brasil, eu acho que talvez você possa ajudar a gente entender melhor essa perspectiva, da colonização científica, da colonização cultural, o Brasil não valoriza seus cientistas. Quase não se ouve dos maiores intelectuais do Brasil que fizeram contribuições internacionais como a Nise, o Paulo Freire, o Darcy Ribeiro. O Josué de Castro, por exemplo, que foi um dos intelectuais mais eminentes do país, totalmente ignorado, foi apagado pela ditadura militar. O Glauber Rocha, o próprio Hélio Oiticica, a Lygia Clark, os brasileiros que fizeram coisas extraordinárias, no Brasil, quando são conhecidos, é por um pequeno grupo de pessoas, não pelo povão brasileiro, que é o povão que nos interessa que conheça esses cientistas.

(...) Shakespeare é lotado de loucura, de bruxas, de fantasmas, de demônios. Não é à toa que ele é quem é, justamente porque ele dá vazão a esses desejos, a esses impulsos, a essas fantasias, a essas vozes que existem dentro de nós... Ele não é da sala fechada de espetáculo com bilheteria na porta. Ele é dos espaços abertos, da loucura, do ser humano. Dizem que Londres, quando Shakespeare chegou, era uma favela, as pessoas jogavam cocô pela janela, se esfaqueavam, era violência, era morte, peste bubônica, explodiam epidemias de peste, as pessoas tinham que fugir, eles iam pra todo lado, então nesse lugar é que ele chegou e fez a alquimia da poesia, do teatro, e é realmente muito poderoso. Eu estou aqui com o livro que eu estou lendo que confirma nossa experiência, que é “Shakespeare as a prompter”, que é de um psiquiatra inglês Murray Cox, que trabalhou no Hospital Psiquiátrico Criminal de Londres, o Broadmoor Hospital, que é um presídio psiquiátrico, que trabalha com loucos, criminosos, e ele encenou Shakespeare lá, fez várias peças e ele diz (...) e eu confirmo essa teoria, que o Shakespeare é excelente disparador do processo terapêutico... Ele desenrola conteúdos, por parte dos pacientes, mesmo os que não sabem ler, mesmo os que nunca ouviram falar dele. Estamos lidando com um negócio que é maior, mais antigo e está na tradição. 

Eu estudo muito medicina popular, medicina tradicional, leio sobre medicina grega e vejo como a medicina grega que é a base da nossa medicina ocidental, como era toda trabalhada com poesia, música, revelação. Eles falavam de catarse, dialética e êxtase, são as três fases da cura, segundo a medicina grega. Então a catarse é a fase dionisíaca, é a fase de botar os demônios pra fora, deixar as substâncias obscuras serem colocadas pra fora. A Dialética é o diálogo, é a troca de conteúdo, é a troca de ideias, é a conversa, o espelho da natureza. E finalmente o êxtase, que é “ecstasy” em grego, que quer dizer elevação... Lendo Shakespeare você tem a nítida sensação que ele entende absolutamente tudo isso. Tem uma fala do Hamlet que é assim “ouvi dizer que certos criminosos ao verem seus crimes encenados foram tão perturbados pelas sugestões das cenas que confessaram imediatamente os seus crimes”, então o negócio é esse “the play is the thing”. O negócio é a peça. Vou pegar os atores e vou encenar a morte de meu pai diante do meu tio e observar a reação dele. Se a gente substituir criminoso por doente, casa lindamente. Se a gente encenar a doença na frente dos doentes eles podem ficar tão perturbados pelas sugestões das cenas que confessam imediatamente o seu crime e se curam da sua doença, se curam da sua contradição. Então você começa a entender como a poesia entra nessa questão dos conteúdos, dos sentimentos, do que a pessoa está vivendo. A dança mobiliza, o teatro é importante, o teatro é a elevação poética, e é na hora que a poesia entra que você organiza o pensamento, que a consciência vem, a clareza, a poesia é que cura."


Para ler mais:

Para ouvir mais:

Para saber mais:

Post por Vítor Pordeus

domingo, 27 de abril de 2014

Journal Club IBA: Quebrando o silêncio no fígado


Apesar dos esforços para se erradicar a malária, doença causada por protozoários do gênero Plasmodium e transmitida aos seres humanos por mosquitos do gênero Anopheles, ainda é uma das principais causas de morte por doença infecciosa no mundo, acometendo 500 milhões de pessoas e matando entre 2 e 3 milhões por ano. A infecção é iniciada pela picada de fêmeas infectadas do mosquito, as quais, durante repasto sanguíneo, inoculam a forma infectante do parasita, os esporozoítos. Estes, ao atingirem a circulação sanguínea, são rapidamente transportados para o fígado, infectando os hepatócitos. Nestas células, os esporozoítos se desenvolvem e se reproduzem dando origem a milhares de merozoítos, formas que, por sua vez, infectam os eritrócitos. Enquanto a fase eritrocítica é responsável pelos sintomas característicos da doença, a fase hepática da infecção é clinicamente silenciosa, motivo pelo qual foi determinado  que o Plasmodium era capaz de infectar e se replicar dentro dos hepatócitos sem induzir qualquer resposta imunológica (1 e 2). No entanto, desde 1992, trabalhos começaram a relatar a presença de células inflamatórias no fígado de animais infectados (3, 4, 5). Então, será mesmo que o hospedeiro não detecta o parasita nessa fase do ciclo??
Liehl e colaboradores (6) demonstraram, em um trabalho publicado na Nature Medicine no começo desse ano, que ao contrário do que se pensava, na fase hepática, o Plasmodium não passa “despercebido” pelo hospedeiro. O RNA do parasita é capaz de ativar, no fígado, a via de sinalização de IFN tipo I através do receptor citoplasmático Mda-5. Essa resposta, que é inicialmente gerada nos hepatócitos, precisa da proteína adaptadora Mavs e dos fatores de transcrição Irf3 e Irf7, para sintetizar IFN tipo I. A ligação do IFN tipo I em seu receptor culmina no controle in vivo da infecção, visto que animais Ifnar1-/- possuíam maior carga parasitária no fígado e maior parasitemia. Eis que surge mais uma questão ... Como o IFN tipo I promove a resistência contra P. berghei? De maneira interessante, os autores evidenciaram que, mesmo após o tratamento com DMXAA (ativador de Irf3 e consequentemente indutor de IFN tipo I), os hepatócitos não conseguiam eliminar o parasita in vitro, indicando que, embora as células residentes do fígado fossem essenciais para a propagação da resposta de IFN tipo I, outras células atuariam na destruição do Plasmodium. Como a resposta de IFN tipo I estava relacionada com o estabelecimento de células inflamatórias ao redor de hepatócitos infectados, em uma fase mais tardia da infecção, células da linhagem mielóide (como neutrófilos e macrófagos) foram recrutadas para o local de replicação das formas exo-eritrocíticas, onde restringiriam o crescimento do parasita. Caros leitores, vocês não acham incrível saber que o nosso organismo não é passivo ao estágio infeccioso que ocorre no fígado? E se pensarmos no futuro, imagina que fantástico seria se existissem intervenções terapêuticas as quais pudessem diminuir o número de merozoítos infectantes.
  
1.     Prudêncio, M., Rodriguez, A. & Mota, M.M. The silent path to thousands of merozoites: the Plasmodium liver stage. Nat. Rev. Microbiol. 4, 849856 (2006).
2.     Liehl, P. & Mota, M.M. Innate recognition of malarial parasites by mammalian hosts. Int. J. Parasitol. 42, 557566 (2012).
3.     Khan, Z.M., Ng, C. & Vanderberg, J.P. Early hepatic stages of Plasmodium berghei: release of circumsporozoite protein and host cellular inflammatory response. Infect. Immun. 60,264–270 (1992).
4.     Leiriao, P., Mota, M.M. & Rodriguez, A. Apoptotic Plasmodium-infected hepatocytes provide antigens to liver dendritic cells. J. Infect. Dis. 191, 1576–1581 (2005).
5.     van de Sand, C. et al. The liver stage of Plasmodium berghei inhibits host cell apoptosis. Mol. Microbiol. 58, 731–742 (2005).
6.     Liehl, P. et al. Host-cell sensors for Plasmodium activate innate immunity against liver-stage infection. Nat. Med. 20, 47-53 (2014).

Post de Luciana Veronez e Natália Ketelut (doutorandas FMRP/USP – IBA)
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