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BRASILEIRA DE IMUNOLOGIA
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sábado, 24 de outubro de 2015

Innate Immunity 2015


Hoje começa mais um evento da Sociedade Brasileira de Imunologia!
40 anos discutindo os desafios da Imunologia. Ano após ano os congressos da SBI vêm trazendo os mais recentes avanços da imunologia no Mundo e em especial no Brasil. Na última década, podemos facilmente observar nos encontros anuais, o quanto as pesquisas nacionais tiveram uma melhora na qualidade e se equiparando com os projetos desenvolvidos no exterior.

Este ano, dedicado ao tema da Imunidade Inata, o Congresso da SBI trás diversos nomes internacionais e nacionais de exímia importância no tema, incluindo o laureado com o Nobel Jules Hoffmann. Além desta grande área, todos os tópicos de relevância em Imunologia também serão abordados, citando imunidade adaptativa, imunidade de mucosas, tumores, inflamação, dentro outros.


Portanto, até breve!

sexta-feira, 23 de outubro de 2015

Artigo publicado na Nature Reviews Endocrinology sobre o Timo marca trabalho de 30 anos




Por: Maíra Menezes (IOC/Fiocruz)
"Células indispensáveis nos processos de resposta imune, os linfócitos T são produzidos no timo. Este órgão diminuto, localizado à frente do coração, é responsável pela etapa de amadurecimentos destas células, que atuam como verdadeiros agentes protetores do organismo – tudo isso orquestrado pela influência de uma variedade de hormônios. Conhecer os detalhes deste processo complexo é fundamental para o desenvolvimento de novas terapias. Em um artigo recém-publicado na revista científica Nature Reviews Endocrinology, uma das mais prestigiadas da área, pesquisadores do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) e da Universidade Paris Descartes, na França, reúnem as principais descobertas científicas sobre o timo e apontam perspectivas baseadas em estudos recentes. A publicação do trabalho coincide com o aniversário de 30 anos do Laboratório de Pesquisas sobre o Timo do IOC. “O conhecimento sobre a própria função hormonal do timo e sobre a forma como a produção de linfócitos T é controlada por hormônios evoluiu muito nesses 30 anos. Penso que contribuímos significativamente para esse processo”, comemora o imunologista Wilson Savino, atual diretor do IOC, fundador do Laboratório de Pesquisas sobre o Timo e primeiro autor do artigo."
Veja matéria completa no Portal FIOCRUZ (aqui)

quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Células T CD8 de Memória de Longa Duração apresentando Características de Células Naïve e Capacidade de se Auto-renovar Ex vivo estão Presentes Após Vacinação Antiamarílica


Figura: Células T CD8 específicas persistem por longo período, após vacinação antiamarílica 17D, apresentando uma população significativa com fenótipo de célula naïve. Para detectar células T CD8 específicas contra o virus amarílico. foram utilizados tetrâmeros HLA-A*02 capazes de identificar TCR específico para um epitopo altamente prevalente da vacina NS4b214−222 (A2/NS4b). A distribuição (%) entre os vacinados das subpopulações de células de memória ou com fenótipo de células naïve dentro das células T CD8 específicas para A2/NS4b está verticalmente apresentada, considerando anos após vacinação. CM=Central memory; EM=effector memory; EMRA=effector memory CD45RA+. Fonte: Fuertes et al., 2015, Sci Transl Med.

Memória imune persistente e eficaz é essencial para a proteção de longa duração em doenças infeccionas e resposta a tumores. A vacina antiamarílica é constituída por vírus atenuado que induz uma proteção de longa duração. Estudos recentes mostram que a resposta de células T CD8 é particularmente robusta, após imunização contra essa vacina. No entanto, existem poucos estudos sobre a resposta de células T CD8 de longa duração frente à imunização vacinal e eles frequentemente não ultrapassam cinco anos após imunização.

O grupo liderado pelo Dr. Daniel E. Speiser do Ludwig Cancer Center, University of Lausanne na Suíça, investigou esses aspectos em trabalho recentemente publicado na revista Science Translational Medicine. Foram avaliados 41 voluntários que receberam imunização antiamarílica 17D e que tinham uma variação entre 0,27 a 35 anos após vacinação. Os resultados mostraram que células T CD8 foram detectadas em quase todos os doadores (38/41) com frequências diminuídas ao longo do tempo pós-vacinação.

A princípio, células efetoras predominam na resposta inicial após imunização. Contudo, o estudo identificou uma população de células T CD8 específicas para o virus amarílico que apresentava um fenótipo de células naïve e que era mantida estavelmente por mais de 25 anos e capaz de se auto-renovar ex vivo. Análises utilizando o perfil de RNA mensageiro de marcadores celulares mostrou que essas células eram distintas das células naïve de doadores não vacinados e assemelhavam-se à subpopulação de células de memória com características de células pluripotentes denominadas Stem-cell-like memory subset (Tscm). Além disso, dentre todas as subpopulações diferenciadas, esse tipo celular tinha um perfil mais próximo ao apresentado por células naïve.

Os dados do estudo revelaram que células Tscm CD8 são eficientemente induzidas por uma vacina em humanos, persistem por décadas e preservam o fenótipo naïve. Esses dados suportam a vacinação antimarílica como um modelo mecanístico para o estudo de células T CD8 de memória de longa duração em humanos.

Referência
- Fuertes Marraco SA, Soneson C, Cagnon L, Gannon PO, Allard M, Abed Maillard S, Montandon N, Rufer N, Waldvogel S, Delorenzi M, Speiser DE. Long-lasting stem cell-like memory CD8+ T cells with a naïve-like profile upon yellow fever vaccination. Sci Transl Med. 2015 Apr 8;7(282):282ra48. doi:10.1126/scitranslmed.aaa3700.



terça-feira, 20 de outubro de 2015

Epidemiologia Digital

Por Helder Nakaya, professor do Departamento de Análises Clínicas e Toxicológicas do Instituto de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo

Com as nossas vidas totalmente conectadas pelas redes sociais, surge agora uma nova maneira de monitorar doenças, hábitos e até epidemias na população. E tudo em tempo real. Essa é a epidemiologia digital!

Apresento-lhes o primeiro vídeo do nosso projeto chamado "Divulgando Ciência com Animação": Epidemiologia Digital.


Espero que gostem.

domingo, 18 de outubro de 2015

Journal Club IBA: Células Dendríticas CD11cHIMHC-IIHIperf1+granA+ apresentam papel tolerogênico e impedem o desenvolvimento da síndrome metabólica e doenças autoimunes


Desde a sua descoberta por Steinman e Cohn no começo dos anos 70 [1, 2], as células dendríticas (DCs) apresentam papel chave na coordenação da resposta imunológica desenvolvida pelas demais células. Classicamente, todas as DCs presentes nos indivíduos adultos derivam de uma origem comum: os progenitores mielódes/linfoides presentes na medula óssea dos indivíduos adultos [3]. No entanto, a exemplo do acontecido com os macrófagos nos últimos anos, esse dogma imunológico também está sendo revisto, e trabalhos recentes sugerem que alguns subtipos de DCs derivam diretamente do saco vitelínico, ainda durante a fase embrionária [4]. Independente da sua origem embriológica, as DCs presentes nos tecidos apresentam fenótipos bem determinados e podem impedir ou auxiliar o desenvolvimento de doenças autoimunes [5].
Em um trabalho publicado em 2012 [6], Zangi e colaboradores caracterizaram um novo subtipo de DCs (CD11cHIMHC-IIHIperf1+granA+). Essas células são capazes de induzir a deleção de clones autorreativos de linfócitos T CD8+ após interação com antígenos cognatos. A ativação de TLR7 e TREM1 nas DCs resulta na liberação de granzima A e perforina na superfície dos linfócitos, contribuindo diretamente para diminuição da inflamação tecidual e manutenção da tolerância periférica.
Paralelamente, ao longo dos últimos anos diversos trabalhos publicados na literatura têm evidenciado o papel da resposta imunológica no desenvolvimento da síndrome metabólica (conforme já discutimos outras vezes aqui, aqui e aqui no Blog da SBI). De forma geral, a expansão patológica do tecido adiposo é acompanhada pela ativação crônica da resposta imunológica, intensificando as alterações sistêmicas encontradas nos indivíduos obesos, podendo ser associado ainda a outras co-morbidades (como Diabetes tipo 2, esteatose hepática, artrite, infecções recorrentes, dentre outras) [7].
Diante desse contexto, o trabalho de Zlotnikov-Klionsky e colaboradores, publicado em setembro desse ano na Immunity [8], demonstrou-se o papel de uma nova subpopulação de células dendríticas, produtoras de perforina (perf-DCs), e importantes para a proteção contra a síndrome metabólica e autoimunidade. Os autores desenvolveram um modelo de animais quimeras deficientes em perf-DCs (Itgax-DTA-Prf1-/-) e observaram que esses animais apresentaram aumento espontâneo no ganho de peso corporal, acompanhado de diversas alterações metabólicas, assim como elevação de citocinas pró-inflamatórias, e maior polarização de macrófagos M1. Além disso, esses animais exibiram maiores populações de linfócitos T CD4+ e CD8+, no tecido adiposo, com um repertório de TCRs mais diverso. A depleção desses linfócitos foi capaz de reverter o fenótipo causado pela ausência das perf-DCs, indicando que essas células parecem atuar na deleção de linfócitos T autorreativos no tecido adiposo, e na manutenção da homeostase tecidual.
            Considerando a ação reguladora dessas células no tecido adiposo, avaliou-se também seu papel em um modelo de autoimunidade já bem estabelecido, a encefalomielite autoimune experimental (EAE). Foi observado que a ausência das perf-DCs em animais imunizados com MOG acelerou o desenvolvimento da doença, assim como aumentou seu score clínico. Além disso, os linfócitos T específicos a MOG e provenientes dos animais deficientes em perf-DCs foram capazes de se proliferarem in vitro, quando reestimulados com MOG, diferente dos linfócitos provenientes dos animais controles.
            O trabalho demonstrou uma nova função reguladora das células dendríticas, que, através da produção de perforina, são capazes de eliminar linfócitos T autorreativos e, além das Tregs, podem representar uma nova população reguladora, importante para a autoimunidade e processos inflamatórios no tecido adiposo.


Figura 1: Papel regulador das perf-DCs. Em um estado de homeostase, linfócitos T autorreativos podem reconhecer peptídios próprios apresentados pelas perf-DCs, induzindo a liberação de perforina por essas células e a depleção do linfócito. Na ausência de perf-DCs, ocorre a expansão desses linfócitos autorreativos, podendo desencadear o desenvolvimento de obesidade e doenças autoimunes.

Referências:


Post de Gabriela Pessenda e Leonardo Lima (Doutorandos – IBA - FMRP/USP)

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