A
via de sinalização JAK-STAT representa a principal via de sinalização das
citocinas. Citocinas que sinalizam pela grande família dos receptores de
citocina tipo I e tipo II utilizam essa via de sinalização. Dentre as proteínas
que regulam essa via, podemos destacar a família das SOCS (Supressor of
cytokine signaling). Na figura é ilustrado uma das atividades reguladoras das
SOCS, no qual elas marcam para degradação as proteínas que estão ancoradas ao
seu domínio SH2. Muitas das vias de sinalização, por exemplo, a polarização de
células T já está bem elucidada, mas o cross-talking entre as diferentes vias aumenta
a complexidade de uma mera padronização. No caso dos macrófagos, a polarização
de macrófagos para M2 ocorre via sinalização de receptores de IL-4, que culmina
na ativação de STAT6, enquanto no caso de M1 temos a sinalização via IFN-y, com
a ativação de STAT1. STAT3 também está presente em M2 devido à sinalização de
IL-10. Entretanto, o entendimento sobre as SOCS que regulam essa polarização
ainda é desconhecido e o paper de Spence,
et al., 2013, sugere uma atuação das SOCS na polarização de macrófagos.
Assim, a fim de entender melhor os
mecanismos de sinalização envolvidos na polarização de macrófagos, Spence, et
al., 2013, utilizaram-se de modelos animas ausentes de SOCS2 (SOCS2-/-)
e SOCS3 (SOCS3LYZ2CRE), proteínas responsáveis pela modulação da
sinalização JAK/STAT ativada pelas citocinas. Por meio de uma dose letal de
LPS, foi induzido um choque endotóxico nos animais, sendo que os SOCS3LYZ2CRE
apresentaram taxa de sobrevivência superior a dos animais
controle, enquanto os SOCS2-/- apresentaram uma taxa de mortalidade
acentuada, quando comparada com o controle. A participação dos macrófagos nesse
dualismo da resposta ao LPS foi confirmada pela transferência de macrófagos deficientes
de SOCS para animais normais com posterior injeção letal de LPS. O comportamento
do choque endotóxico foi o mesmo observado anteriormente, com animais SOCS3LYZ2CRE
mais resistentes.
Mas como explicar esse dualismo?
Será que as proteínas SOCS estariam influenciando na polarização dos
macrófagos? Já é sabido que o subtipo de macrófago M1 apresenta uma resposta
pró-inflamatória, enquanto que os M2 são tidos como anti-inflamatórios (Biswas
and Matovani, 2010). Assim, estaria o animal SOCS3LYZ2CRE gerando
uma resposta protetora à sepse devido a um desvio para o subtipo M2,
enquanto o animal SOCS2-/- seria mais susceptível por aumentar a o subtipo M1? Assim
sendo, os pesquisadores verificaram o padrão de expressão gênica desses
macrófagos e relacionaram com a ativação dos fatores de transcrição STAT1 e
STAT6, o que corroborou com a idéia de que as SOCS participam do processo de
polarização dos macrófagos por controlar a ativação das proteínas STATS.
Mas quais os mecanismos que os
macrófagos M2 estariam utilizando para possibilitar a resistência ao LPS? Os
autores verificaram um aumento de IL-10 e decréscimo de TNF-α no soro dos
animais resistentes ao LPS. Além disso, através da transferência de macrófagos
de animais SOCS3LYZ2CRE para animais Foxp3eGFP foi
verificado um aumento de células Treg no peritôneo dos animais comparados com os controles.
Em conclusão, as proteínas SOCS se
mostraram importantes controladores da polarização dos macrófagos, sendo que a
SOCS2 está relacionada com a ativação do padrão de resposta M2, que é
anti-inflamatório, enquanto a SOCS3 está relacionada com o padrão de resposta
M1 pró-inflamatório.
Post
de Felipe e Micassio – IBA – FMRP - USP