Alérgicos
à amendoim vibrem, existe uma esperança! Pesquisadores da Califórnia
descreveram recentemente que adultos e crianças após serem submetidos a uma
terapia de exposição ao amendoim podem adquirir uma tolerância imunológica que
estaria relacionada às Tregs.
Vamos
aos fatos: Participantes com alergia ao alimento (n=43) foram submetidos a
terapia oral com uma proteína do amendoim, com escalação da dose de acordo com o indivíduo,
a cada duas semanas, durante 24 meses. Os pacientes que foram definidos como dessensibilizados ao final desse período (n=20) foram convidados
a passarem 3 meses sem contato com qualquer alimento contendo amendoim.
Após esse prazo, retornaram à alimentação com o alérgeno e foram agrupados de
acordo com a reação que apresentaram: não tolerantes (NT) (n=13), para os que
exibiram algum sinal de alergia, e imuno-tolerantes (IT) (n=7), para aqueles
com ausência de manifestação clínica. Todos os participantes definidos como IT
foram convidados a evitar novamente o alimento por adicionais 3 meses e então
submetidos novamente ao alimento. No final ainda 3 pacientes permaneceram
não-reativos. Avaliações dos níveis de IgE e IgG específicos ao amendoim não
demonstraram diferença estatística entre os participantes NT versus IT. Além
disso ao avaliar a ativação da população dos basófilos periféricos, ambos os grupos
apresentaram o mesmo fenótipo.
A
esperança então foi encontrada nas observações referentes às células T reguladoras.
A frequência das células Treg (CD4+CD25hiFoxP3+)
nos indivíduos que se tornaram capazes de comer o alimento, sem desencadear a
alergia, foi aproximadamente o dobro daqueles que permaneceram com os sintomas clínicos.
Foi observado ainda o aumento da função supressora e altos níveis de FoxP3
hipometilados comparados aos NT e participantes controle. No entanto, para
entender completamente o mecanismo pelo qual a terapia de exposição induz a
tolerância, mais estudos serão necessários. Os pesquisadores concordam que,
dado o elevado grau de variabilidade entre os seres humanos, o tamanho amostral
foi muito pequeno mas os dados indicam um “bom estudo preliminar”, como disse Wesley
Burks, especialista em alergia na Universidade da Carolina do Norte. O autor do
estudo Kari Nadeau, imunologista da Escola de Medicina de Stanford, na
Califórnia, ressalta a importância da identificação de alvos para novas
terapias e marcadores biológicos pelos quais podem predizer sobre a continuidade
do tratamento do paciente. Muito ainda há para ser realizado mas o caminho
agora começa a tomar forma, só não recomendamos realizar a terapia oral em
casa.
Referências:
Reber,
L.L., et al. Selective ablation of
mast cells or basophils reduces peanut-induced anaphylaxis in mice. The Journal of allergy and clinical
immunology 132, 881-888 e881-811
(2013).
http://blogs.nature.com/spoonful/2014/01/peanut-allergy-therapy-produces-epigenetic-changes-in-immune-cells.html/
Post por Luara Isabela dos Santos
Pós-doutoranda do Laboratório de Imunologia - Fiocruz-MG
Nenhum comentário:
Postar um comentário