Celio
Estanislau - Líder do Grupo de
Pesquisa em Psicobiologia - Universidade
Estadual de Londrina
Phileno
Pinge Filho – Laboratório de Imunopatologia Experimental- Universidade Estadual
de Londrina
A depressão é um mal que acomete
de 5 a 12 % dos homens e de 10 a 25 % das mulheres ao longo da vida. Os
episódios depressivos são consideravelmente debilitantes, seja do ponto de
vista da vida pessoal ou de desempenho em estudos ou trabalho – o que indica
que a depressão implica em importante impacto econômico. Vale ainda notar que,
das pessoas acometidas por depressão maior severa, até 15 % morre por suicídio.
Apresentar humor deprimido em
resposta a situações adversas é absolutamente comum. No entanto, considera-se
que a pessoa precisa de atenção profissional quando são preenchidos critérios
que incluem: humor deprimido, anedonia (capacidade reduzida de sentir prazer),
alterações no sono e no apetite, sentimentos de culpa e de autodepreciação.
As causas da depressão ainda são
muito mal compreendidas. No entanto, é notável que parentes em primeiro grau de
alguém com diagnóstico de depressão maior apresentem 1,5 a 3 vezes mais chance de
apresentar o transtorno em relação à população geral. Exposição a um forte
estressor em muitos casos antecede o primeiro ou o segundo episódio depressivo.
Episódios subsequentes podem ser precipitados por eventos mais brandos ou até
mesmo ocorrer sem qualquer precipitador identificável.
Nas décadas mais
recentes, tem sido dado destaque aos fármacos que inibem a degradação ou a
recaptação de monoaminas (serotonina, noradrenalina e dopamina). Estudos
indicam que a combinação de psico e farmacoterapia tem maior chance de sucesso.
Não obstante, existe ainda uma proporção grande de pessoas que não responde aos
tratamentos ou alcança apenas uma remissão parcial dos sintomas.
Evidências atuais
indicam que a depressão é acompanhada pela ativação de células T como indicado
pelo aumento de sIL-2R e sCD8 no soro; aumento no número de células T ativadas
expressando IL-2R; aumento na produção de IFN-g e uma resistência relativa às
atividades de glicocorticoides sobre as células do sistema imune. As conclusões
principais de estudos clínicos da depressão são as seguintes:
a)
depressão é uma desordem inflamatória; b) citocinas inflamatórias chave como
IL-1-β, IL-1 6 e TNF-α estão consistentemente aumentadas no sangue ou no cérebro
de pacientes deprimidos; c) a depressão está acompanhada por uma resposta AP (proteínas de fase aguda)
como é mostrado pelo aumento nos níveis séricos de haptoglobina, alfa-1-anti-tripsina, ceruloplasmina, acompanhados de níveis baixos
de albumina e transferrina; d) altas concentrações de C3C e ou C4 no plasma de
pacientes deprimidos; e) e finalmente, a depressão é acompanhada por um aumento
na síntese de IL-1RA e de respostas autoimunes mediadas por IgG e IgM direcionadas
contra LDL, lipídios e proteínas nitratadas, respectivamente.
Estudos
clínicos também mostraram que a depressão maior é acompnhada por um decréscimo
no “status” anti-oxidante e pela indução de padrões oxidativos e nitrosativos; caracterizada por uma concentração significativamente
menor de vitamina E, zinco e co-enzima Q10 no plasma. A atividade reduzida
anti-oxidante da glutationa peroxidase é um outro marcador importante da
depressão.
Mesmo
que possamos encontrar algumas explicações razoáveis quando olhamos para os
componentes imunológicos e neurobiológicos que contribuem para a depressão
induzida pela ativação do sistema imunológico (por exemplo, aumento de
citocinas), muitas das intervenções terapêuticas propostas ainda estão
sustentadas somente por ensaios pré-clínicos. Portanto, estudos sobre intervenções
na resposta inflamatória para prevenir ou reverter desordens neuropsiquiátricas
são necessários e abrem uma avenida de esperanças para o tratamento de pacientes
com depressão.
Referências:
Cryan JF.,
Markou A., Lucki I. Assessing antidepressant activity in rodents: recent
developments and future needs. Trends Pharmacol. Sci. 2002; 23(5):238-254.
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Leonard B, Maes M. Mechanistic explanations how
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stress pathways and their sequels and concomitants play a role in the
pathophysiology of unipolar depression. Neurosci Biobehav Rev. 2011; 36(2):764-785.
Maes M, Galecki P, Chang YS, Berk M. A review on the oxidative and nitrosative stress (O&NS) pathways in major
depression and their possible contribution to the (neuro)degenerative processes
in that illness. Prog
Neuropsychopharmacol Biol Psychiatry. 2011; 35(3):676-92.
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