Fonte: RITTIG & BOGDAN, 2000
Nas décadas de 80 e 90 o modelo murinho da leishmaniose foi
muito importante para entendimento da polarização das respostas TH1 e TH2. Os
trabalhos de Coffman e outros importantes autores mostravam que a infecção e a
presença do parasita vivo por L. major
era
importante para induzir a produção de IL4 e susceptibilidade para a doença em
camundongos BALB/c, contudo em camundongos C3H, o mesmo parasita induzia uma
resposta TH1 com produção de IFN-g. O bloqueio destas citocinas induzia
resistência e susceptibilidade à infecção, respectivamente. Vários
conhecimentos foram gerados e também foi uma importante contribuição para o entendimento da patogênese de diversas
doenças infeciosas ou não. Estes conhecimentos foram também transpostos para o
entendimento da doença no ser humano. No
espectro da leishmaniose tegumentar podemos encontrar estes 2 polos da doença,
a leishmaniose cutânea e mucosa, como exemplos de modulação TH1 e a
leishmaniose difusa como TH2, assim com uma mistura dos 2 polos, encontrados
nos pacientes com leishmaniose disseminada. Na leishmaniose visceral, também
existe as 2 polaridades, tendo o calazar como exemplo clássico de TH2 e os pacientes subclínicos que não
evoluem para a doença, como respondedores TH1. IL-10 ainda é o grande vilão das
formas clínicas graves de leishmaniose.
A situação ficou mais complexa com as descobertas do
envolvimento de novas citocinas (Th17, IL-22, etc) e de diversos mediadores da
resposta imune inata (quimiocinas, receptores Toll like, células dendríticas,
neutrófilos, radicais derivados de nitrogênio e oxigênio, hemooxigenase,
mieloperoxidase), etc.
Diante da importância desta doença e do parasita, foi criado
o congresso mundial de leishmaniose e neste ano tivemos o privilégio da
realização do 5o WorldLeish
no Brasil, em Porto de Galinhas, Pernambuco. O congresso foi um sucesso com
1200 participantes, 1426 resumos, 43 sessões orais e 962 pôsteres. O congresso
também tem um diferente formato, pois é centrado em apresentações orais de
vários pesquisadores de várias idades e procedências e poucas conferências e
sem mesas redondos. Foi bastante produtivo.
Gostaria de parabenizar a todos os organizadores pelo
excelente congresso e, novamente, houve a confirmação da importante
contribuição da Leishmania para o entendimento de vários aspectos da resposta
imune.
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