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domingo, 16 de junho de 2013

Journal Club IBA: Um novo subtipo de Neutrófilos ou uma plasticidade celular?






Com dois trabalhos publicados em sequência, na mesma edição da revista Blood, o grupo liderado por Akira Takashima demonstrou características peculiares a cerca de um novo “estado fenotípico” (que é o que eu, particularmente, acredito ser) dos neutrófilos, os quais apresentam diversas características compartilhadas com células dendríticas (CDs). Os autores o chamaram de híbridos neutrófilo-CD.
No primeiro trabalho (Matsushima, Geng et al. 2013),aqui, com experimentos realizados in vitro, eles demonstraram que tais híbridos são diferenciados a partir de neutrófilos maduros e imaturos, na presença do fator de crescimento GM-CSF. Essas células mantêm a expressão do marcador exclusivo de neutrófilos, o Ly6G, juntamente com uma morfologia e expressão de marcadores de CDs, CD11c e o MHCII.
Dentre as características funcionais, eles observaram que esse híbrido possui uma expressão similar de TLRs e, mediante a ativação dos mesmos, respondem de maneira parecida às CDs. Adicionalmente, possuem atividade de células apresentadoras de antígenos (APCs) para linfócitos T CD4+ e CD8+ (muito mais eficientemente que as CD para as CD4+, é verdade).
Quanto às características de mecanismos efetores compartilhadas com os neutrófilos convencionais, os autores destacaram a alta e rápida capacidade fagocítica, a formação de NETs (neutrophils extracelular traps) e uma atividade microbicida dependente do peptídio microbiano CRAMP (cathelicidin-related antimicrobial peptide).
Em sequência (Geng, Matsushima et al. 2013),aqui, o grupo demonstrou que, sob diversas condições inflamatórias in vivo, os neutrófilos são capazes de sofrerem essa diferenciação em células híbridas (aproximadamente 20-30% deles). Interessante, intrigantemente, surpreendentemente ou, como queiram pensar, o segundo trabalho forneceu diversas evidências de que essas células desempenham funções primordiais durante as respostas infecciosas iniciais. Com função dual, elas trabalham no rápido clearance do agente infeccioso e, ao mesmo tempo, são capazes de primarem, de maneira específica, células T nos linfonodos. Durante esse período inicial, tal papel de “APC não convencional” é até mais importante do que o desempenhado pelas CDs convencionais nos modelos estudados.
Dessa maneira, os neutrófilos, as primeiras células a chegar no sítio inflamatório, poderiam fornecer uma célula com capacidade de apresentação logo no início da resposta. Seria interessante especular que o neutrófilo, assim como os monócitos, apresentam a capacidade de se diferenciarem em um grupo celular com boa atividade de clearance e outro com importância na apresentação antigênica. Assim como acontece com os monócitos, o GM-CSF parece exercer uma função fundamental nessa ideia.

Post de Felipe Fortino  e Kalil de Lima (FMRP-IBA)

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