Com dois trabalhos publicados em
sequência, na mesma edição da revista Blood,
o grupo liderado por Akira Takashima demonstrou características peculiares a cerca
de um novo “estado fenotípico” (que é o que eu, particularmente, acredito ser) dos
neutrófilos, os quais apresentam diversas características compartilhadas com
células dendríticas (CDs). Os autores o chamaram de híbridos neutrófilo-CD.
No primeiro trabalho (Matsushima,
Geng et al. 2013),aqui,
com experimentos realizados in vitro,
eles demonstraram que tais híbridos são diferenciados a partir de neutrófilos
maduros e imaturos, na presença do fator de crescimento GM-CSF. Essas células
mantêm a expressão do marcador exclusivo de neutrófilos, o Ly6G, juntamente com
uma morfologia e expressão de marcadores de CDs, CD11c e o MHCII.
Dentre as características funcionais,
eles observaram que esse híbrido possui uma expressão similar de TLRs e,
mediante a ativação dos mesmos, respondem de maneira parecida às CDs.
Adicionalmente, possuem atividade de células apresentadoras de antígenos (APCs)
para linfócitos T CD4+ e CD8+ (muito mais eficientemente que
as CD para as CD4+, é verdade).
Quanto às características de
mecanismos efetores compartilhadas com os neutrófilos convencionais, os autores
destacaram a alta e rápida capacidade fagocítica, a formação de NETs (neutrophils
extracelular traps) e uma atividade microbicida dependente do peptídio
microbiano CRAMP (cathelicidin-related antimicrobial peptide).
Em sequência (Geng,
Matsushima et al. 2013),aqui,
o grupo demonstrou que, sob diversas condições inflamatórias in vivo, os neutrófilos são capazes de
sofrerem essa diferenciação em células híbridas (aproximadamente 20-30% deles).
Interessante, intrigantemente, surpreendentemente ou, como queiram pensar, o
segundo trabalho forneceu diversas evidências de que essas células desempenham
funções primordiais durante as respostas infecciosas iniciais. Com função dual,
elas trabalham no rápido clearance do
agente infeccioso e, ao mesmo tempo, são capazes de primarem, de maneira específica, células T nos linfonodos. Durante
esse período inicial, tal papel de “APC não convencional” é até mais importante
do que o desempenhado pelas CDs convencionais nos modelos estudados.
Dessa maneira, os neutrófilos, as
primeiras células a chegar no sítio inflamatório, poderiam fornecer uma célula
com capacidade de apresentação logo no início da resposta. Seria interessante
especular que o neutrófilo, assim como os monócitos, apresentam a capacidade de
se diferenciarem em um grupo celular com boa atividade de clearance e outro com importância na apresentação antigênica. Assim
como acontece com os monócitos, o GM-CSF parece exercer uma função fundamental
nessa ideia.
Post de Felipe Fortino e Kalil de Lima (FMRP-IBA)
Nenhum comentário:
Postar um comentário