Finalmente um congresso totalmente
dedicado aos neutrófilos!
Em Québec, dos dias 9 a 12 de
junho, o encontro foi realmente excelente, recheado com a presença
das maiores referencias no tema.
A palestra de abertura do Andrea
Cerutti, de Nova Iorque, questionava a visão de que neutrófilos
participam exclusivamente na fase inata da resposta imune. Ele citou
que neutrófilos produzem citocinas e mediadores, relacionados ao
CD40L, que agem como estímulo para sobrevivência e diferenciação
de células B. No entanto, o papel dos neutrófilos na ativação de
células B e produção de Ig ainda não está esclarecido, mas
sabe-se que eles migram para a zona marginal do baço em resposta a
infecções bacterianas.
Cerutti então mostra que
neutrófilos colonizam áreas próximas a zona marginal do baço e
que apresentam um fenótipo diferente dos neutrófilos circulantes.
Os neutrófilos esplênicos formam estruturas semelhantes a NET que
interagem com os linfócitos B da zona marginal, alem de induzir
ativação e produção de anticorpos.
Neutrófilos circulantes adquirem
essa função de auxiliar células B após exposição à células
endoteliais esplênicas, liberando IL-10 em resposta a sinais
microbianos. Ele conclui, então, que neutrófilos podem gerar uma
camada inata de defesa antimicrobiana por Ig quando se diferenciam em
auxiliares de células B na zona marginal do baço.
No dia seguinte, a sessão sobre
função dos neutrófilos teve inicio com Niels Borregaard, da
Dinamarca. Sobre os diferentes grânulos neutrofílicos, conteúdo e
significância, ele afirma que a olfactomedina 4 (OFML4) define um
subtipo de neutrófilo humano. Inicialmente identificado como um gene
altamente induzido em células tronco tratadas com GM-CSF, OLFM4 é
expressa na próstata, intestino e medula óssea. É regulada por
NFkB e muito semelhante a NGAL, principal constituinte dos grânulos
específicos de neutrófilos. Através do fracionamento de
neutrófilos do sangue periférico, o grupo de Borregaard demonstrou
que OLFM4 co-localiza com NGAL. Alem disso, estimulação com PMA
levou a co-liberação de OLFM4 e NGAL. No entanto, apenas 20-25% dos
neutrófilos de sangue periférico possuem OLFM4, como demonstrado
por imunohistoquímica e FACS. O mecanismo, função e relevância
dessa expressão diferencial precisam de mais investigações para
esclarecimento.
Leo Koenderman, da Holanda, deu
continuidade ao tema abordando achados sobre um subtipo de
neutrófilos supressores. Com a hipótese de que neutrófilos
imaturos liberados durante inflamações agudas desempenham o papel
supressor da resposta imune. Para testar tal hipótese, o grupo
induziu inflamação através de injeção intravenosa de LPS em
doadores saudáveis. Eles, então, identificaram um subtipo de
neutrófilos humanos maduros
(CD11cbright/CD62Ldim/CD11bbright/CD16bright)
que seria uma população única capaz de suprimir a proliferação
de células T humanas. O mecanismo sugerido pelo grupo é a liberação
local de peróxido de hidrogênio dos neutrófilos na sinapse
imunológica entre linfócitos e neutrófilos. Este efeito requer a
expressão da integrina Mac-1 pelos neutrófilos. Por fim, ele sugere
que este achado fornece um alvo potencial na modulação da resposta
imune em humanos.
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