Caros
leitores do blog, relato aqui alguns momentos marcantes do excelente congresso que
participei recentemente, entre os dias 19 e 22 de maio na linda e charmosa
cidade de Heidelberg/Alemanha. O evento ocorreu no EMBO/ EMBL, local perfeito,
com um auditório aconchegante, em forma de dupla hélice, simulando uma fita de
DNA. Para os amantes da biologia molecular, simplesmente magnífico!! A
organização do congresso foi dos Drs Alan Sher, Jean-Laurent Casanova, Kate
Fitzgerald e Jonathan C. Howard, cujas receptividades foram singulares. O
congresso abordou vários aspectos relacionados à imunidade contra agentes
infecciosos. Eu, um amante da aérea, fiquei impressionado com a qualidade dos
trabalhos apresentados. Dentre eles, houve uma cessão de “Molecular mechanisms
of innate recognition”, na qual foram apresentados diversos trabalhos
envolvendo receptores do tipo NOD, mais precisamente os formadores do
inflamassoma. O destaque foi a belíssima apresentação da Dra. Kate Fitzgerald, que
mostrou que a ativação da via não-canônica do inflamassoma, mediada por
caspase-11, depende do eixo TRIF-IFNR-STAT1. Ainda, que TRIF regula positivamente
a ativação de caspase-11, caspase-1, secreção de IL-1α,
IL-1β e morte celular durante a infecção por E. coli ou C. rodentium.
Além disso, que animais deficientes para o receptor de IFN ou TRIF, infectados
com E. coli, falham na ativação de
caspase-11. Por outro lado, células TRIF-deficientes tratadas com IFN-β
aumentam a ativação de caspase-11, caspase-1 e secreção de IL-1β. Resultados adicionais, demonstraram que estimulação
com IFN-β ou IFN-γ induz a expressão de caspase-11 (a única regulada a nível
transcricional). Foi demonstrado também que a sinalização por LPS, juntamente
com IFN- β ou apenas IFN-g é suficiente para a
ativação de caspase-1 e secreção de IL-1β. Por fim, que a infecção por
bactérias gram-negativas, ao contrário das gram-positivas, induzem a ativação
de caspase-11 e secreção de IL-1β dependente de TRIF.
Outro trabalho que chamou atenção foi da Dra. Linda Stuart, membro
do grupo da Dr. Kate Fitzgerald, que mostrou um novo papel do inflamassoma na
defesa celular. Foi observado que a acidificação do fagossoma durante a
infecção por S. aureus é independente
da ativação de TLRs e dependente da ativação de caspase-1. Desvendando os
mecanismos envolvidos nesse processo, ela demonstrou que a V-ATPase (uma enzima
crítica na acidificação fagossomal) é clivada por caspase-1, culminando com sua
ativação. Corroborando esses dados, foi observado que tanto bloqueio dessa
enzima quanto o de caspase-1 culminavam com uma drástica redução na acidificação
do fogossoma. Com relação ao recrutamento de caspase-1 para o fagossoma, foi
demonstrado que a proteína RAB39a é crítica para esse processo. O bloqueio de
RAB39a impediu o recrutamento de caspase-1 para o fagossoma e a acidificação do
mesmo. Dessa forma, esses resultados mostram que RAB39a pode ser considerado um
“sorter” para caspase-1, induzindo diferentes funções para o inflamassoma
durante processos infecciosos.
Então leitores, paro por aqui meu relato sobre esse ótimo
congresso. Para aqueles que gostaram, não se preocupem, pois durante a palestra
de encerramento o Dr. Alan Sher, empolgado com o evento, mencionou seu
interesse em dar continuidade à realização desse congresso. Assim sendo, no ano
que vem poderemos nos encontrar e participar novamente desse grandioso encontro.
Muito legal o post!!
ResponderExcluirAs duas deram a mesma palestra no Congresso Americano de Imuno, que ocorreu em Boston esse ano. Agora é esperar para ver os trabalhos completos nos futuros papers.