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20/06/2012
às 13:41 \ Sem categoriaProjeto Microbioma Humano. Somos só 10% humanos
Na semana passada anunciou-se que o primeiro genoma microbiano humano havia sido completado (Nature, 14 de junho). O projeto envolveu dezenas de cientistas e levou cinco anos para ser concluído. Pudera. Se levarmos em conta que temos 100 trilhões de microorganimsos (bactérias, vírus e fungos) convivendo harmoniosamente dentro e fora do nosso corpo, dá para imaginar que estudar o genoma dessas “criaturas” não é uma tarefa simples. Quando li a notícia lembrei-me imediatamente da Dra. Bonnie Bassler, uma das cinco cientistas que ganharam o prêmio L’Oreal/Unesco para mulheres na ciência em 2012.
A Dra. Bassler dedica-se à comunicação entre as bactérias, decifrar qual é a sua linguagem. E se quisermos que elas vivam em harmonia conosco, ocupando territórios diferentes no nosso corpo, é realmente importante que elas se entendam. Que falem a mesma língua. Lembro-me da sua palestra durante a premiação na sede da Unesco na França dizendo: “Temos dez vezes mais bactérias que células convivendo conosco no corpo. Portanto, na melhor das hipóteses somos só 10% humanos”. Aquelas pessoas que ficam vociferando por aí: Sabe com quem está falando?deveriam saber disso.
Como foi feita a pesquisa?
A semelhança do projeto Genoma Humano, o projeto Microbioma Humano reuniu cientistas de diversas instituições. Foram coletadas amostras de 242 pessoas saudáveis (entre 18 e 40 anos) de 18 partes diferentes do corpo representativas de cinco regiões principais: vias aéreas, pele, cavidade oral, trato digestivo e pele. No total foram mais de 5.000 amostras.
Qual é o objetivo de conhecer essa fauna microbiana?
As grandes questões que se quer responder são: quem são e o que fazem? Segundo Dirk Gevers, um dos cientistas que participou do projeto, o objetivo é ter uma gigantesca base de dados que sirva de parâmetro para estudos futuros sobre a saúde humana e as doenças. Esses dados estão agora disponíveis para a comunidade científica. O conhecimento sobre o genoma do microbioma vai nos ajudar a responder o que estão fazendo no nosso organismo: são amigos ou inimigos? Ou, convivem conosco pacificamente sem nos ajudar ou prejudicar? Resistem a antibióticos? Produzem toxinas? Ou moléculas que podem nos beneficiar?
O que foi descoberto?
Estima-se que o genoma do microbioma (metagenoma) contem 8 milhões de genes. Se lembrarmos que o genoma humano tem cerca de 22.000 genes, são 360 vezes mais!
A composição dessa comunidade de micróbios mostrou-se surpreendentemente diversa e abundante. Os micróbios podem variar na mesma pessoa de acordo com o local e também entre pessoas. Por exemplo, temos várias bactérias diferentes na saliva, mas pessoas que vivem na mesma comunidade tendem a ter micróbios semelhantes. Por outro lado, as bactérias encontradas na pele variam muito entre indivíduos. Mas apesar da variabilidade a maioria delas parece ter funções semelhantes, isto é, contribuir para produzir energia. Algumas são fundamentais. Por exemplo, as bactérias que vivem no nosso trato digestivo. Não seria possível digerir o que comemos se não fosse por elas.
Um recado importante
É claro que decifrar tudo que essa nossa população microbiana faz não será trivial. São pesquisas para muitos anos. Mas ao ler esse artigo lembrei-me de um fato que ocorreu recentemente. Encontrei uma amiga querida e quando me aproximei para cumprimentá-la com um beijo ela se afastou e disse: “Não chegue perto, estou com uma infecção ocular causada por uma bactéria. Não quero contaminá-la”. Quem disse, perguntei eu? “O meu médico”. Um mês depois ela me conta que continua com a bactéria. O que seu médico não sabe, mas deveria saber, é que trata-se daquelas bactérias que convivem conosco em harmonia. Espero que ela continue com você por muitos e muitos anos, querida amiga. Você precisa contar isso ao seu médico.
De fato, as conclusões gerais q têm sido destacadas pela imprensa: a quantidade de micro-organismos e a relação deles com a nossa saúde - não é nenhuma novidade. Tendo sido divulgada anteriormente até pela própria imprensa leiga.
ResponderExcluirhttp://blogs.estadao.com.br/herton-escobar/quem-nao-gosta-de-bacteria-ta-lascado/
http://www.estadao.com.br/noticias/vidae,exposicao-a-microbios-fortalece-sistema-de-defesa,852368,0.htm
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Mas talvez os seres humanos sejam mesmo micróbios:
http://genereporter.blogspot.com.br/2012/06/especulando-somos-virus.html
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[]s,
Roberto Takata
Espero que as industrias que vendem probióticos parem de prometer "curas", sem nenhuma prova. Estamos apenas engatinhando nessa nova área, portanto todas as alegações devem ser analisadas com muito cuidado.
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