Quando falamos em células B,
pensamos logo na produção de anticorpos, apresentação de antígenos, produção de
citocinas (IFN-g,
IL-6, IL-10). Outras células B, as “Bregs”,
produtoras de IL-10, desempenham outras funções importantes na regulação imune
(clique aqui). Neste sentido, Rauch e col. [Science
2012 (aqui)] descreveram uma nova população
de células B efetora, que protege contra a sepse. Mostraram células MHCII+B220+CD19+
produtoras de GM-CSF no baço de camundongos C57BL/6, após administração de LPS.
Sabia-se que apenas os macrófagos,
mastócitos, células endoteliais e fibroblastos produziam GM-CSF, mas
recentemente mostrou-se que as células T também o produzem [aqui].
GM-CSF desempenha importante papel na resposta imune inata, atuando na
maturação de células dendríticas, na ativação e sobrevida de macrófagos,
neutrófilos e eosinófilos, além de auxiliar na diferenciação de macrófagos
alveolares e células iNKT. A produção de GM-CSF por células com fenótipo B220+CD19+MHCII+GM-CSF+IgMhighCD23lowCD43highCD93+IgDlow
CD21lowCD138+VLA4highFFA1highCD284+CD5int
foi confirmada por Western Blot, RT-PCR e por imunohistoquímica. Estas células
foram denominadas “células B ativadoras da resposta inata” (do inglês, IRA- innate response activator) devido à
produção de GM-CSF.
Para caracterizar funcionalmente a
célula B IRA in vivo, os autores utilizaram modelo de parabiose entre camundongos
CD45.1 com CD45.2. Após a administração de LPS, foi observada a presença de
células B IRA CD45.2 no baço de
camundongos CD45.1 e vice-versa, sugerindo que tais células podem se diferenciar
a partir de células B circulantes (B1-B) . Além disso, como LPS é ligante de
TLR4, os autores confirmaram que tais células são ativadas por essa via.
Para verificar a importância
funcional das células B IRA, os
autores utilizaram modelo de sepse (por CLP-
cecal ligation and puncture) em camundongo WT e GM/µMT (deficiente de
células B e GM-CSF). Os resultados
mostraram que após a indução de sepse, os animais GM/µMT morriam antes das primeiras
48 horas, com neutrofilia, leucopenia, IL-1β e TNF-α no peritônio. Além disso,
os neutrófilos eram incapazes de fagocitar. Em adição, foi observado um intenso
infiltrado inflamatório no fígado e pulmão desses animais GM/µMT, acompanhado
por grande quantidade de bactéria no peritônio e sangue. Conclui-se assim que
as células B IRA são importantes na resposta imune inata e, nesse caso,
controlam a sepse devido à sua produção de GM-CSF.
Post de Gustavo Rocha Garcia –
FMRP/Iba.
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