No mês de agosto, dois artigos foram publicados, um no Science Translational Medicine e outro no The New England Journal of Medicine, mostrando que as células T enginheiradas apresentando receptores de antigeno quiméricos possuem efeitos anti-tumorais potentes e surpreendentemente, quando injetadas nos pacientes com leucemia avançada geraram memória imunológica.
No artigo da Science Translational Medicine, Kalos et al. modificaram geneticamente as células T de tal forma, que estas passaram a expressar um receptor antigênico quimérico (CAR) que especificamente tem como alvo as células da leucemia linfocítica crônica (CLL), um tipo de neoplasia de células B. Estas células T não só expandem, mas também persistem e atacam células tumorais após a transferência nos pacientes. Observou-se que estas células T diferentes foram capazes de mediar a remissão do câncer. Células não malignas também foram alvos, como observado pela diminuição do número de linfócitos B e plasmócitos e desenvolvimento de hipogamaglobulinemia. As células T CAR+ expressaram um receptor de antígeno que consiste de domínios da moléculas de anticorpo, que se ligam de forma restrita à proteína CD19, presente nas células B e plasmócitos, ligadas tanto ao domínio co-estimulatório e ao domínio de sinalização intracelular específicos da célula T. O receptor quimérico resultante pode ativar as células T em resposta ao CD19 na ausência da restrição do complexo principal de histocompatibilidade (MHC), permitindo assim uma atuação muito mais ampla do que aquela realizada pelos linfócitos T normais. Após transferência em três pacientes com CLL, estas células CAR expandiram cerca de 1000 vezes, persistiram por mais de 6 meses e erradicaram as células CLL. Algumas células T CAR persistiram com o fenótipo de memória, permitindo que respondam mais rapidamente e em uma escala maior após uma segunda exposição às células CLL. Além disso, dois dos três pacientes que se submeteram ao tratamento com células T CAR sofreram remissão completa de sua leucemia. Embora os resultados ainda sejam recentes em temos de ensaio clínico, os achados deste estudo mostram um potencial fantástico das células T modificadas expressando CAR, no sentido de uma nova terapia contra o câncer.
No artigo publicado no The New England Journal of Medicine, o mesmo grupo, de autores (Porter et al) desenhou um vetor de lentivirus, expressando um receptor antigênico quimérico com especificidade para o antígeno da célula B, o CD19, acoplado ao CD137 ( receptor co-estimulatório das células T) e CD23-zeta (um componente de transdução de sinal do receptor da célula T). Basicamente, a idéia foi muito similar ao que foi descrito acima e os resultados também foram muito encorajadores, Uma baixa dose de células reinfundidas nos pacientes com CLL refratária expandiu mais de 1000 vezes, com um desenvolvimento retardado da síndrome do tumor e com completa remissão da neoplasia. As células enginheiradas persistiram por 6 meses no sangue e medula óssea e continuaram a expressar o receptor de antígeno quimérico. Um dos efeitos tóxicos observados foi a linfopenia, perda de células B normais e hipogamaglobulinemia.
A idéia agora é tentar construir mais células T com receptor de antígeno quimérico específico para diferentes tipos de tumor, que expressem antigenos próprios. Pode ser uma boa alternativa para diferentes tipos de neoplasias. Tomara!!!
www.ScienceTranslationalMedicine.org 10 August 2011 Vol 3 Issue 95 95ra73
Chimeric Antigen Receptor–Modified T Cells in Chronic Lymphoid Leukemia David L. Porter, M.D., Bruce L. Levine, Ph.D., Michael Kalos, Ph.D., Adam Bagg, M.D., and Carl H. June, M.D.N Engl J Med 2011; 365:725-733, August, 25, 2011
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