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segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Chiclete para o cérebro

As vésperas de viajar pra esta temporada em San Diego, lendo enlouquecidamente artigos sobre o trabalho daqui e de lá, encontrando mil conexões, estranhamente, tenho pensado um monte em ficção científica. Como está meio fora de controle resolvi escrever sobre isso pra ver se passa.

Brinquei no meu último post sobre como nos divertimos nas aulas de imuno aqui comparando os personagens do Star Wars com as células do sistema imune. Mas na verdade meus alunos me lembraram que freqüentemente eu trazia para a aula livros de ficção cientifica que estava lendo, inserindo no assunto em pauta. Acabou virando a regra em vez da exceção. Tem muita bobagem por ai, mas alguns livros são perfeitos em capturar a ciencia por trás da ficção.

Por exemplo, não sei mais dar aula de MHC sem recomendar “Chromosome Six” do Robin Cook, delicioso, como eu chamo, bubblegum for the mind, em que uma empresa de imunologistas inescrupulosos clona macacos com o cromossomo 6 de pessoas ricas… em caso de necessidade de transplantes. Que mais será que esses macacos herdariam junto com os genes de MHC? Ou falar sobre equilibrio ecológico sem lembrar de “Dust”, uma horripilante visão da possibilidade da extinção dos insetos, e o trágico resultado que isso traria para nossa civilização… E o “The Andromeda Strain”, do maravilhoso e saudoso Michael Crichton, ou o filme I am Legend, falando sobre infecções virais (o livro original era da bactéria que causava vampirismo, mas no moderno é um virus que deixa o sujeito zumbi, claro tudo fica melhor com zumbis…).

Existem livros e cursos sobre como a ficção influenciou o desenvolvimento de avanços tecnológicos. Sem falar no cinema e na TV, impossivel esquecer que em 1960 o pessoal de Star Trek lia livros em iPads e falava em telefones celulares…E não consigo parar de pensar que estamos realmente vivendo no futuro, e que a cura do cancer parece muito perto, e muito imunologica – muitos anticorpos monoclonais, depleção de T regs… Olhar os problemas aparentemente insolúveis de hoje com uma abordagem tipo “se estivessemos em um livro de ficção cientifica” pode nos trazer a leveza necessária pra avançar quando aparentemente chegamos num beco sem saída. Sempre que empacamos, lembro de um de meus idolos imunológicos, Marc Jenkins, com sua atitude, bom, o que precisamos fazer agora – precisa uma nova tecnologia? Então vamos desenvolve-la. Outro que curte muito ficção, by the way. E o Brasil é a bola da vez, historicamente nunca combinamos nossa criatividade com dinheiro para ciencia. Vem coisa boa por aí.

E me parece que no nosso dia a dia no lab, árduo, frustrante, exaustivo como é, diariamente, precisa combinar o sonhar com trabalhar duro. Somos nesse sentido uns privilegiados, pois do nosso sonho de agora vão sair maravilhas do futuro. Não é por acaso que os cientistas gostam de ficção científica – pois enquanto uma parte do nosso cérebro mastiga esse chiclete docinho, parece que isso ajuda a outra parte se concentrar…

p.s. bom, próximos posts direto de La Jolla. Pós-doc geriátrico chama estágio senior, e até fiz um óculos novo, pois vou pra bancada! Mando foto, prometo!

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3 comentários:

  1. Muito bom, Cris! Legal essas analogias.

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  2. Cris muito bom...mande as fotos... tenho vontade de assistir uma aula sua...e na medida do possível tenho seguido o "Star Wars" para falar de linfócitos, na verdade para uma turma de medicina veterinária eu bem que gostaria de encontrar alguns Jedis que fossem um sucesso sertanejo, ajudaria bem mais...hehehehe...Abs

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  3. Adoreeeei, Cris! Coisa de nerd...

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