Micrografia obtida em microscopia eletrônica de varredura de
um neutrófilo humano tentando engolfar uma hifa de C. albicans (estrutura fina cruzando a imagem) in vitro. Fonte: Constantin Urban, Department of Molecular Biology, Umea University.
Recentemente foi destacado em nosso Blog (aqui) que em altas densidades de neutrófilos, a formação de NETs1 (Neutrophil extracellular traps) pode agregar e degradar citocinas e quimiocinas presentes no microambiente através da ação de serino proteases2. Este mês mais uma capítulo foi adicionado a este fascinante épico do sistema imune.
Utilizando uma cepa mutante de Candida albicans, deficiente
para o gene hgc1D que codifica a
ciclina hgc 1 específica de hifas, e que não consegue diferenciar para a forma
de hifas, permanecendo na forma de levedura, os autores demonstraram que apenas
a forma de hifa foi capaz de desencadear a degradação de histonas e induzir
NETosis.
Os autores desenvolveram um sistema de transwell modificado
que permite o contato de leveduras com neutrófilos impedindo a migração celular
e a fagocitose mas que permite a liberação de NETs. Desta forma, demonstraram
que as leveduras desencadearam NETosis apenas quando agregadas e partículas
maiores. Por outro lado, hifas inativadas por calor e fragmentadas e partículas
menores são preferencialmente fagocitadas e não induzem NETosis. Resultados
concordantes foram demonstrados em modelo murino. Estes dados sugerem que o
processo é independente da expressão de determinadas moléculas na superfície do
fungo ou da atividade enzimática, mas sim regulada pelo tamanho do
micro-organismo.
Experimentos muito elegantes demonstraram que a formação de
fagossomos na presença de micro-organismo com tamanho compatível ao processo de
fagocitose inibe o desencadeamento do processo de NETosis sem a necessidade de
estímulos de fatores microbianos presentes na leveduras.
Partindo
da hipótese que, a deficiência na atividade de receptores de fagocitose poderia
afetar a seletividade dependente de tamanho na liberação das NETs, os autores
trataram neutrófilos humanos com anti-dectina-1, bloqueando a dectina-1, um
importante receptor fagocítico de fungos. A fagocitose mediada por dectina-1
atua como um sensor de tamanho do micro-organismo que inibe a liberação das
NETs e reduz a translocação da elastase dos neutrófilos para o núcleo. Assim
sendo, os resultados demonstraram que os neutrófilos tratados com
anti-dectina-1 apresentaram redução na taxa de fagocitose seguida pelo aumento
na NETosis mesmo quando desafiados com leveduras.
Este mecanismo de regulação é importantíssimo na eliminação
de pequenos patógenos intracelulares que podem ser fagocitados, sem a liberação
desnecessária das NETs e potencial indução de dano tecidual ou até mesmo o
desenvolvimento de doenças autoimunes.
Referências:
Por Pryscilla Fanini Wowk – Instituto Carlos Chagas /
FIOCRUZ-PR
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