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quarta-feira, 19 de outubro de 2011

It’s a small world...


Neste ano no Retiro Imunológico de Stanford (é este o nome mesmo...) teve uma apresentação que eu achei muito interessante. Foi sobre exosomas e micropartículas. Como eu sabia muito pouco sobre o assunto, resolvi usar a oportunidade e compartilhar com vocês também. É outro mundo! Exosomas são vesículas secretadas por compartimentos intracelulares como o endosoma tardio. São distintos das vesículas provenientes de ‘shedding’ da membrana, as micropartículas, também chamadas de ectosomas. Vou me concentrar nos exosomas. Os exosomas são secretados somente por células viáveis e assim, são distintos das vesículas apoptóticas liberadas durante a apoptose. Os exosomas são minúsculos, ao redor e abaixo de 100 nm. Para comparação, as células humanas estão na escala de micrômetros. Tem sido mostrado que células imunes produzem exosomas, tais como linfócitos T e B, células dendríticas, plaquetas, e mastócitos, mas outros tipos celulares, como células epiteliais, neuronais e células tumorais também liberam exosomas.

Algumas moléculas são encontradas tipicamente nos exosomas, como algumas das tetraespaninas (ex. CD81), e também heat-shock proteínas, como Hsp70. Estes marcadores também ajudam a distinguir os exosomas de outras vesículas, como as apoptóticas que contêm CD31. Além dessas proteínas, lipo e fosfoproteínas, mais lipídeos e fosfolipases, tem sido encontrados em exosomas. Também mRNAs e miRNAs funcionais estão presentes nos exosomas. Existe uma variação entre exosomas derivados de células distintas, por exemplo, CD3 em exosomas derivados de linfócitos T, mas não está claro até que ponto se pode identificar um exosoma de uma célula específica. Mas se constatou que antígenos MHC de classe I e classe II são liberados nos exosomas de células apresentadoras, como linfócitos B e DCs.

Inicialmente se pensava que os exosomas eram um meio de remoção de moléculas da membrana plasmática. Como nada é tão simples, os exosomas estão se revelando como mais um dos mecanismos efetores da resposta imune. Moléculas presentes nos exosomas interagem com outras células, e seriam um veículo mais eficaz do que moléculas solúveis. Moléculas de adesão presentes nos exosomas participam na interação entre as vesículas e outras células, e os exosomas podem também ser internalizados. Como a produção de exosomas pode ser alterada por ativação celular, e é controlada por vários fatores, como lipídeos, isto sugere que a produção dos exosomas é modulada durante repostas celulares. Daí para a constatação de que a produção de exosomas pode estar alterada durante doenças não demorou muito, e a idéia de se estudar exosomas como um método menos invasivo para se entender melhor o que está acontecendo em órgãos internos veio logo atrás. Principalmente em câncer, o estudo dos exosomas tem atraído bastante interesse. Afinal, exosomas podem ser encontrados “aos montes” em fluidos biológicos como soro, plasma, urina e saliva, facilitando o acesso.

Porém, o tamanho minúsculo dos exosomas é um desafio ao seu estudo. Métodos confiáveis e acessíveis de se estudar os exosomas estão sendo desenvolvidos, e quem sabe logo logo estaremos entrando no mundo incrível das nanovesículas.

Referência:
Record ET AL, 2011
Exosomes as intercellular signalosomes and pharmacological effectors.
Biochemical Pharmacology 81 (2011) 1171–1182

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5 comentários:

  1. desculpe a falha: It's a small world...
    Claudia

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  2. Fiquei curiosa com essa novidade aqui!!!!!! Será que algum patógeno intracelular usaria um exossoma para escapar dos mecanismos de defesa? Ou seria o contrário.
    Post inovador!!!!

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  3. Oi GK,

    Que bom que voce gostou! E ano passado saiu um artigo sobre a sua pergunta no JI: Leishmania exosomes modulate innate and adaptive immune responses through effects on monocytes and dendritic cells. Os autores viram que exosomas da leishmania sao predominantemente imunosupressores. Interessante, eu também não sabia disso.

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  4. Oi Claudia,
    Sou doutoranda em Imunologia e Parasitologia Aplicadas da Universidade Federal de Uberlândia e trabalho com exossomos extraídos de PBMCs de indivíduos atópicos e não atópicos. Sou litermalmente apaixonada por essas nanovesículas, que são produzidas em condições fisiológicas e que mostram-se aumentadas (em número) durante as patologias. São consideradas hoje, marcadores para várias Doenças, como câncer de bexiga, por exemplo. Acredita-se que os exossomos serão no futuro, a resposta certa para vários diagnósticos e terapias.

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  5. Estes exossomas n poderiam ser utilizados por outros organismos, como bactérias para gerar cepas diferentes?

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