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segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Bom uso de uma fortuna

Jack Whitehead já era um conhecido empreendedor da indústria de equipamentos médicos quando, em 1954, recebeu a visita de Leonard Skeggs.

Skeggs havia desenvolvido uma máquina - que ainda não funcionava a contento – para contagem automática de amostras sanguíneas. Whitehead adorou a ideia e investiu milhões de dólares que permitiram aperfeiçoar o equipamento, batizado de AutoAnalyzer, lançado em 1957.

O AutoAnalyzer revolucionou a análise clínica e foi um sucesso. Com isso, Whitehead ficou rico, muito rico.

Ele quis, então, fazer um bom uso de sua fortuna e propôs a criação um instituto de pesquisa biomédica. Após tentar por sete anos um acordo com a Universidade de Duke, sem sucesso, Whitehead procurou David Baltimore, então professor do MIT (laureado com o Prêmio Nobel por ter descrito os mecanismos de replicação dos retrovírus).

As negociações começaram no início da década de 1980 e, em 1982, foi inaugurado o Whitehead Institute for Biomedical Research, hoje uma das instituições de maior prestígio em pesquisa biomédica no mundo.
Jack Whitehead e David Baltimore.

Whitehead batalhou por um tipo de filiação de ensino com o MIT que permitisse independência ao instituto. E conseguiu. Os pesquisadores de lá são também professores do MIT (nem todos, acredito), mas o MIT não interfere em nenhuma decisão do instituto, que é “totalmente responsável por sua pesquisa, programas, governança e finanças” (aqui).

Ouvi esse “causo” há pouco tempo, contado por Paul Gray, presidente do MIT na época da criação do instituto. Chegar a um acordo que agradasse ao MIT e ao Whitehead não fácil. “Existia um medo de que Jack estaria roubando a propriedade intelectual do MIT e vários disseram que isso nunca daria certo”, falou Gray.

Ainda bem que Gray persistiu. O instituto teve um papel central no projeto de sequenciamento do genoma humano; foi lá que o cromossomo Y foi clonado pela primeira vez; estudos seminais de desenvolvimento embrionário têm sido realizados lá. Tarefa difícil listar pesquisas de impacto que de lá têm saído. Mais fácil você mesmo navegar aqui.

Hoje são 19 pesquisadores (membros e fellows) e mais de 200 cientistas visitantes, pós-docs, estudantes de graduação e pós-graduação trabalhando em um prédio que fica no campus do MIT.

É lá que o nosso colega blogueiro Gabriel Victora irá trabalhar, como fellow.

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