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quarta-feira, 14 de julho de 2010

Avanços na Pesquisa com os Eicosanóides: Novas Implicações Terapêuticas



A enzima 5-lipoxygenase, visivel como pontos marrons em lesão arterial.
Crédito: SPANBROEK ET AL., PNAS 100, 1238 (2003).

Por Elyara Maria Soares

Os eicosanóides são produtos do metabolismo do ácido araquidônico (AA) liberados após ativação celular por toxinas (Suttorp, N. 1985), complexos imunes (Rouzer, C.A. 1982), patógenos ou mediadores solúveis (Funk, C.D. 2001). Estes fatores produzem distúrbio da membrana celular e aumento de cálcio intracelular que resulta na translocação da fosfolipase A2 citosólica para as membranas nuclear e citoplasmática, culminando na liberação do AA dos fosfolipídios de membrana. O AA liberado pode ser metabolizado por diversas vias dando origem às prostaglandinas (PGs), tromboxanos, lipoxinas 15-HETE e aos leucotrienos (LTs), substâncias estas chamadas coletivamente de eicosanóides (Peters-Golden, M 1998 e 2007).
Recentemente diversos trabalhos demonstraram o importante papel dos eicosanóides em implicações para novos modelos terapêuticos, em especial os leucotrienos. Estas moléculas são sintetizadas durante uma infecção, atuam na célula via receptores acoplados à proteína G, gerando subseqüentes sinais intracelulares, que culminam no aumento do influxo celular, capacidade fagocítica e microbicida e ainda geração de outros mediadores (Peters Golden M, 2005 e 2007).


Do ano de 2007 até o presente, o grupo da Profa. Dra. Lúcia Helena Faccioli, FCFRP/USP, vem investigando novos avanços nessas implicações terapêuticas, entre outros trabalhos, uma nova estratégia para a modulação da resposta imune, por administração de leucotrieno B4 (LTB4) e prostaglandina E2 (PGE2) através de micropartículas (Nicolete, R 2007, 2008, Dos Santos, D 2009). Estes estudos continuam em desenvolvimento e associados a outros trabalhos descritos na literatura, contribuem para os novos avanços na terapêutica. No presente ano, diversas revisões e artigos enfatizaram os possíveis papéis de novos receptores para os cisteinil leucotrienos (R.K. Singh; Jesper Z. Haeggström 2010) e a intervenção dos mesmos em múltiplas doenças. Como exemplo pode ser citado o leucotrieno E4, recentemente descrito como um alvo bem atrativo e que pode ser utilizado como terapia em doenças como a asma e outras doenças alérgicas (Scadding GW, 2010).

O grupo do Prof. Dr. Marc Peters Golden, também tem participação ímpar na pesquisa dos mecanismos de ação destes eicosanóides (Aronoff DM, 2004; Lee SP, 2009; Medeiros, AI 2009).
É importante também lembrar que alguns trabalhos têm descrito o problema do uso de antagonistas de receptores dos leucotrienos no tratamento da asma, por exemplo. A falta de resposta à esses antagonistas pode desencadear algumas doenças, e para tanto a terapia com estes antagonistas de receptores não deveria ser utilizada. O trabalho foi publicado por Droszcz W., 2010, na revista Pneumonol Alergol Pol. Outros trabalhos também têm salientado a importância da terapia “anti-leucotrienos”, mas existem muitos aspectos ainda a serem elucidados.

No mês de maio deste ano, tivemos em Ribeirão Preto na FMRP-USP o curso de “Mediadores Lipídicos como Moduladores da Resposta Imune”, coordenado pela Profa. Dra. Lúcia Helena Faccioli que contou com ilustres nomes na área.
Contamos com palestras e seminários, sobre recentes dados e atualizações sobre os mediadores lipídicos dos grupos coordenados por: Dra Lúcia H. Faccioli (FCFRP-USP), Dra Alexandra Ivo de Medeiros (FCFAR-UNESP), Dr Auro Nomizo (FCFRP-USP), Dr David Aronoff, Dr Peter Mancuso e Dr Jason Weinberg (University of Michigan –USA) e ainda Dra Ruxana Sadikot (University of Illinois-USA) e Dr Stokes Peebles (Vanderbilt University-USA). Contamos também com Dra Elizabeth Meade (Cayman), onde foram discutidos métodos para quantificação dos eicosanóides.

Outros colaboradores como Dra Fabiani Frantz, Dr Carlos Sorgi, Dra Claudia S. Bitencourt e Dra. Glória E. Petto de Souza (FCFRP-USP), também Dra. Sônia Jancar (ICB-USP) participaram deste evento, onde contamos com trabalhos que exploram sobre a via da 5-lipoxigenase e seus produtos na defesa do hospedeiro, os eicosanóides e a expressão gênica, os produtos das ciclooxigenases e as infecções bacterianas, receptor ativador de plaquetas e a resposta imune inata, a supressão da resposta imune inata por produtos das cicloxigenases e ainda o papel destes mediadores na defesa contra patógenos como Histoplasma capsulatum, Mycobacterium tuberculosis e Strongyloides venezuelensis.

Deixo aqui então algumas sugestões de leitura para aqueles que quiserem saber um pouco mais sobre o papel destes mediadores lipídicos e a ação farmacológica de seus agonistas e antagonistas na patogênese, no tratamento e prevenção de doenças como a asma, aterosclerose e também um pouco da metodologia utilizada para o desenvolvimento das mesmas nos modelos experimentais.

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