O
acidente vascular cerebral (AVC) é uma das principais causas de morte no mundo.
Durante a reperfusão do tecido cerebral infartado, vários leucócitos
acumulam-se na lesão e contribuem para o dano tecidual secundário. Dentre eles,
foi demonstrado que os linfócitos T contribuem para a fase aguda da lesão cerebral
de maneira independente do reconhecimento antigênico (Kleinschnitz
et al., 2010). Tentando desvendar quais mediadores produzidos pelos
linfócitos T são relevantes para a lesão, Clarkson e colaboradores encontraram que a IL-21
– uma citocina secretada pelas células T é capaz de ativar vários subtipos de
linfócitos, macrófagos e células dendríticas – parece ser uma molécula-chave.
A
expressão da IL-21 está associada à rejeição aguda de órgãos, como rim, coração
e fígado (Baan et al., 2007; Hecker et al., 2009; Xie et al., 2010). Uma vez que o transplante de órgãos
envolve a reperfusão de tecidos isquêmicos, Clarkson e colaboradores hipotetizaram que a
IL-21 também poderia estar envolvida no dano cerebral pós-isquêmico. Utilizando
um modelo de isquemia cerebral focal transitória, os autores demonstraram que a
IL-21 está superexpressa no cérebro após sua reperfusão e que as células T CD4+
são as principais responsáveis por sua produção. Além disso, camundongos
nocautes para IL-21 apresentaram áreas infartadas menores, melhora da função
neurológica e redução no acúmulo de linfócitos após 24 horas do processo de
isquemia/reperfusão. Ainda, o tratamento de camundongos selvagens com um
antagonista da IL-21 (mIL-21R Fc) antes ou após a indução da isquemia cerebral focal
transitória minimizaram os danos cerebrais. Isso porque a IL-21 produzida pelas
células T CD4+ induz a expressão de ATG¨6 (relacionada à autofagia
celular) em neurônios, levando à sua morte massiva e, consequentemente, à exacerbação
do dano tecidual local (Figura 1).
Este
trabalho sugere que a IL-21 pode ser relevante para o desenvolvimento das
lesões cerebrais provocadas após o AVC em humanos, consistindo em um potencial
alvo terapêutico.
Papel de IL-21 no AVC. Durante o processo de reperfusão pós-isquêmica,
múltiplas ondas de células inflamatórias chegam rapidamente até a região
afetada, dentre elas os linfócitos TCD4, que, ao infiltrarem no tecido
cerebral, produzem grandes quantidades de IL-21. Esta citocina, em especial,
interage com seu receptor fisiológico, altamente expresso em neurônios,
induzindo o aumento de expressão de ATG6 e, consequentemente, o aumento do
processo de autofagia, culminando em aumento do dano tecidual local.
Post de Marcela
Davoli e Juliana Toller (Doutorandas – FMRP/USP- IBA)
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