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domingo, 28 de julho de 2013

Uma má notícia para os amantes do churrasquinho de domingo



Em um domingão como hoje, uma carne vermelha suculenta na brasa daria água na boca de muita gente. Não é novidade que o alto consumo de carne vermelha associa-se com o risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares (CVD) em decorrência da grande quantidade de gorduras saturadas e colesterol que ela apresenta. No entanto, o que não se sabia é que a sua própria microbiota intestinal é que desencadeia os malefícios do consumo da carne vermelha.
Já faz um bom tempo que a microbiota deixou de ser vista apenas por estar relacionada à saúde intestinal, função imune e bioativação de nutrientes e vitaminas. Recentemente, Koeth e colaboradores (aqui) mostraram que existe uma associação entre o metabolismo da dieta pela microbiota e a patogênese de CVD. O trabalho mostra claramente que a L-carnitina, uma amina presente na carne vermelha, é metabolizada pela microbiota gerando trimetilamina (TMA) e trimetilamina-N-óxido (TMAO), produtos conhecidamente pró-aterogênicos.
Os hábitos alimentares de onívoros/carnívoros e vegetarianos/veganos estão associados a alterações na composição da microbiota intestinal. O hábito de comer rotineiramente carne vermelha promove a colonização do intestino preferencialmente por bactérias do gênero Prevotella, enquanto que a microbiota de vegetarianos é constituída primordialmente por Bacteroides. O mais interessante é que a microbiota de vegetarianos ou veganos que pontualmente consumem carne não induz formação de TMAO.
Mas como associar a presença do TMAO com a indução da aterosclerose? O grupo mostra que a suplementação da dieta com L-carnitina diminui os níveis de HDL (Transportador reverso de colesterol) e aumenta os de LDL/VLDL (Transportador direto de colesterol). Ainda, o TMAO é capaz de induzir a expressão de transportadores de colesterol nos macrófagos, o que facilita a captura de colesterol e o acúmulo dessas células nas paredes dos vasos sanguíneos.
Outro experimento interessante mostra que animais submetidos a uma dieta rica em L-carnitina formam placa de ateroma, o que não acontece quando a microbiota é removida.
É, meu amigo! Se você quiser comer aquele churrasquinho no final de semana, não esqueça de remover sua microbiota com antibióticos de amplo espectro. Se bem que falam as más línguas que o consumo de cerveja interrompe o efeito de medicamentos. E agora? Vale mais aquela carninha na brasa ou aquela cervejinha gelada?
P.S.: Obviamente o consumo de antibióticos para a remoção da microbiota é apenas uma brincadeira e não deve ser levado a sério.

Post de Maria do Carmo, Maria Cláudia da Silva e Tiago Medina, FMRP-USP/IBA.

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Um comentário:

  1. Muito bom esse post, interessante e informativo.
    Parabéns meninos!
    joao

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