As
células dendríticas
(DC) são mediadoras importantes entre a resposta imune inata e adaptativa. Até o momento, foram caracterizadas quatro
tipos de células dendríticas: DC clássica ou convencional; DC plasmocitóide; células de Langerhans (LC)
e dendríticas derivadas de
monócitos. Avanços com relação a caracterização de progenitores na medula óssea, aos fatores
envolvidos na diferenciação dessas células, e ferramentas para a depleção de
DC in vivo, têm contribuído bastante para entender a função das dendríticas em processos
fisiológicos e patológicos.
Apesar de tantos avanços, pouco sabemos sobre a função das LC na pele. Isto muito
provavelmente deve-se a uma rápida repopulação dessas células, ou ainda ao fato
de a derme também conter grande numero de células dendríticas convencionais, o que pode atrapalhar a
caracterização das funções especificas de cada tipo celular durante respostas
imunes iniciadas na pele, como no caso de infecções.
As LC
estão presentes na epiderme, em contato direto com os queratinócitos. Após a
entrada do antígeno na pele, as LC são ativadas e migram para o linfonodo, onde
vão mediar a extensão da resposta imune adaptativa que será gerada. Não esta
claro, no entanto, se as LC promovem a ativação ou a tolerância de células T.
Resultados conflitantes usando expressão transgênica de gene que codifica a
toxina diftérica ou o receptor da toxina diftérica sob o controle do promotor do gene da langerina,
sugeriram que LC podem, respectivamente atenuar ou exacerbar hipersensibilidade
de contato.
Assim,
dois recentes artigos podem ser promissores para entender tal questão. Tem sido
caracterizado que a geração de LC é dependente da expressão do receptor Colony
stimulating fator (Csf-1). O fator de crescimento Csf-1 esta envolvido na
geração, diferenciação e sobrevivência de macrófagos e monócitos, mas não
contribui para a geração de LC, visto que camundongos deficientes de Csf-1 apresentam população normal de LC na pele. Assim, um outro ligante que não Csf-1
deveria ser o responsável pelo efeito nestas células.
Então,
ambos trabalhos elegantemente mostraram que IL-34 deve contribuir para a
ativação de Csf-1R e para a manutenção de LC na epiderme de camundongos. Além
disso, IL-34 também contribui para a formação de micróglia no sistema nervoso. A
deficiência em IL-34 refletiu na redução do numero de LC e micróglia, mas não
no numero de monócitos, macrófagos ou dendríticas.
Além
disso, a deficiência em LC resultou em uma diminuída hipersensibilidade do tipo
tardio induzida por Candida albicans,
suportando a idéia de que LC participam na ativação de células T, e tem a
função de promover, mas não tolerizar a
resposta imune adaptativa. Resta então explorar se as LC comportam-se da mesma
maneira frente a outros tipos de estímulos, como durante respostas alérgicas ou
induzidas por vírus.
Aos
amantes de DC como eu, espero que divirtam-se.
1- Re(de)fining
the dendritic cell lineage, Nature
Immunology
13,1145–1154 (2012)
2- IL-34 is a
tissue-restricted ligand of CSF1R required for the development of Langerhans
cells and microglia. Nature Immunology 13, 753-760 (2012).
3-Stroma-Derived Interleukin-34 Controls the Development and Maintenance of
Langerhans Cells and the Maintenance of Microglia. Immunity 37(6) 1050 - 1060
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