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quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Parece, mas não é...


Hoje vou falar de dois artigos que os meninos do lab curtiram esta semana, ficamos discutindo os achados, coçando a cabeça e pensando…

O primeiro (1) foi o  favorito da semana do Thiago Borges, um paper da Cancer Cell que tem a ver com um novo papel para o TLR2 na tumorigênese via STAT3– mas de um jeito independente da inflamação.  Veja se pode uma coisa dessas.

Há tempos sabemos que a rota da STAT3 ativada pela IL-6 favorece o crescimento de tumores. O TLR2 tem essa coisa curiosa de as vezes fazer inflamação, e as vezes fazer anti-inflamação, dependendo do ligante. Então quando vemos TLR2, STAT3 e tumor, pensamos em inflamação promotora de tumor e imunossupressão. Right? Nem sempre. De acordo com este artigo, o TLR2 expresso pela célula tumoral – e não por células de origem mesenquimal infiltrantes – sinaliza pela STAT3 aumentando a sobrevivência da célula tumoral via Bcl-2.  Sem aumentar nada de inflamação. E a ativação de STAT3 no tumor leva a um aumento da expressão de TLR2 pelo tumor.  Novidade isso, e complica bastante os desenhos de imunoterapia. Tem muito agonista de TLR sendo desenvolvido pra uso anti-tumoral, mas agora o bicho vai pegar. Talvez o antagonista seja melhor, dependendo do tumor. Este era um tumor gástrico, a coisa da IL-6 sempre foi com tumor de intestino.

O segundo (2) foi o favorito do Rafael Czepielewski , uma letter da Nature que tem a palavra ressurreição no titulo.  E tem a ver com microbiota. E vírus. E câncer.
Bizarro indeed.

Não sabemos como um simbionte pode interferir no outro. Independentemente, achamos que os cânceres surgem em animais imunodeficientes porque não ocorre imunovigilancia.  E acreditávamos que esses dois fenômenos não estavam relacionados.  Pois neste paper os autores mostram que em animais C57Bl/6, que não tem vírus de leucemia murina endógeno, esse vírus aparece e causa leucemia se o animal for imunodeficiente, principalmente de células B. Mas, se o animal for imunodeficiente E tiver microbiota reduzida – tipo quando o animal recebe água acidificada, que inibe o crescimento de algumas bactérias no intesntino, tem menos ativação do vírus. Ou seja, parece que a microbiota estimula o vírus. Mas a célula B controla a bactéria de algum modo, e dai o vírus não se ativa. E não tem câncer. Me lembrou o Lira.
 
Enfim. Como o algoritmo da amizade dos garotos do Big Bang Theory, parecia simples, mas não é. Nunca é. Suspiro.

(1) TLR2 Promotes STAT3-Driven Gastric Tumorigenesis.Cancer Cell 22, 466–478, October 16, 2012

(2) Ressurection of endogenous retrovirus in antibody  deficient mice. NATURE | VOL 491 | 29 NOVEMBER 2012



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3 comentários:

  1. uau! que inesperado, não? Muito legal seu post Cris!

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  2. As coisas estão cada vez mais complicadas pra mim rs. Adorei o post Cris

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  3. Valeu meninas. Que bom que gostaram. Realmente, nesta profissão, o bom é que dificilmente as coisas ficam monótonas...

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