Hoje vou
falar de dois artigos que os meninos do lab curtiram esta semana,
ficamos discutindo os achados, coçando a cabeça e pensando…
O primeiro (1) foi o favorito da semana do Thiago
Borges, um paper da Cancer Cell que tem a ver com um novo papel para o TLR2 na
tumorigênese via STAT3– mas de um jeito independente da inflamação. Veja se pode uma coisa dessas.
Há tempos
sabemos que a rota da STAT3 ativada pela IL-6 favorece o crescimento de
tumores. O TLR2 tem essa coisa curiosa de as vezes fazer inflamação, e as vezes
fazer anti-inflamação, dependendo do ligante. Então quando vemos TLR2, STAT3 e
tumor, pensamos em inflamação promotora de tumor e imunossupressão. Right? Nem
sempre. De acordo com este artigo, o TLR2 expresso pela célula tumoral – e não
por células de origem mesenquimal infiltrantes – sinaliza pela STAT3 aumentando
a sobrevivência da célula tumoral via Bcl-2. Sem aumentar nada de inflamação. E a ativação de STAT3 no
tumor leva a um aumento da expressão de TLR2 pelo tumor. Novidade isso, e complica bastante os
desenhos de imunoterapia. Tem muito agonista de TLR sendo desenvolvido pra uso
anti-tumoral, mas agora o bicho vai pegar. Talvez o antagonista seja melhor,
dependendo do tumor. Este era um tumor gástrico, a coisa da IL-6 sempre foi com
tumor de intestino.
O segundo (2) foi o favorito do Rafael Czepielewski , uma letter da Nature que tem a palavra
ressurreição no titulo. E tem a
ver com microbiota. E vírus. E câncer.
Bizarro
indeed.
Não sabemos
como um simbionte pode interferir no outro. Independentemente, achamos que os cânceres
surgem em animais imunodeficientes porque não ocorre imunovigilancia. E acreditávamos que esses dois fenômenos
não estavam relacionados. Pois
neste paper os autores mostram que em animais C57Bl/6, que não tem vírus de
leucemia murina endógeno, esse vírus aparece e causa leucemia se o animal for
imunodeficiente, principalmente de células B. Mas, se o animal for
imunodeficiente E tiver
microbiota reduzida – tipo quando o animal recebe água acidificada, que inibe o
crescimento de algumas bactérias no intesntino, tem menos ativação do vírus. Ou
seja, parece que a microbiota estimula o vírus. Mas a célula B controla a bactéria
de algum modo, e dai o vírus não se ativa. E não tem câncer. Me lembrou o Lira.
Enfim. Como
o algoritmo da amizade dos garotos do Big Bang Theory, parecia simples, mas não
é. Nunca é. Suspiro.
(1) TLR2 Promotes
STAT3-Driven Gastric Tumorigenesis.Cancer
Cell 22, 466–478, October 16, 2012
(2) Ressurection of endogenous retrovirus
in antibody deficient mice. NATURE
| VOL 491 | 29 NOVEMBER 2012
uau! que inesperado, não? Muito legal seu post Cris!
ResponderExcluirAs coisas estão cada vez mais complicadas pra mim rs. Adorei o post Cris
ResponderExcluirValeu meninas. Que bom que gostaram. Realmente, nesta profissão, o bom é que dificilmente as coisas ficam monótonas...
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