Fonte: Muller WA, 2012.
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Cada vez mais a interação entre o sistema nervoso e
imune ganha novos capítulos e, ultimamente, tem sido destaque em publicações de
alto impacto. Felizmente para alguns e infelizmente para outros, o que de forma
isolada já era complexo, tornou-se muito mais.
Em agosto desse ano, o grupo americano liderado
pelo professor Paul Frenette acrescentou alguns mecanismos dessa fantástica e
fina interação. Em um trabalho publicado na Immunity,
eles demonstraram que a inervação adrenérgica sofre controle do ciclo
circadiano é capaz de regular localmente a expressão de moléculas de adesão na
superfície dos vasos sanguíneos, o que resulta em um controle sob o homing de leucócitos para
os tecidos. Até então, acreditava-se que esse mecanismo ocorria de forma
aleatória.
Assim, durante o dia (período
claro), sinais provenientes do núcleo supraquiasmático no hipotálamo definem
uma hipoatividade dos nervos simpáticos em camundongos, animais de hábitos
noturnos. Tal sinalização é responsável pela expressão basal de moléculas de adesão
em células endoteliais, e consequentemente, em níveis basais do rolling leucocitário, adesão ao
endotélio e diapedese. Durante esse período, ocorre o pico máximo de células na
circulação.
Por outro lado, 1 hora
após o início do período noturno (ciclo escuro), ocorre uma hiperatividade
simpática e up-ragulation das
moléculas de adesão, dependente dos receptores β2 e β3 adrenérgicos. Fenômeno
este observado tanto no endotélio muscular quanto na medula óssea, resultando durante
esse período um intenso extravasamento tecidual de leucócitos e diminuição de
células circulantes. Fisiologicamente, esse “padrão circadiano” poderia ter efeito
benéfico durante o período de maior atividade desses animais (noite), que está relacionado
com uma maior probabilidade de encontro com patógenos e lesão tecidual.
Os autores ainda
correlacionaram tais achados com modelos inflamação e transplante de medula
óssea. No primeiro caso, há uma exacerbação da resposta inflamatória durante o
período noturno e pior prognóstico. Entretanto, o transplante de células da
medula óssea em animais letalmente irradiados é muito mais satisfatório durante
a noite.
Certamente, tais resultados
poderão ser correlacionados com o quadro clínico de pacientes com doenças
inflamatórias e testados no contexto do transplante de medula óssea.
Vale a pena dar uma olhada
mais detalhada no trabalho!
Referências:
MULLER, W. A. Regulate globally, act locally:
adrenergic nerves promote leukocyte recruitment. Immunity, v. 37, n. 2, p. 189-91, Aug 2012. ISSN 1097-4180.
Disponível em: < http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/22921114 >.
SCHEIERMANN, C. et al. Adrenergic nerves govern circadian
leukocyte recruitment to tissues. Immunity,
v. 37, n. 2, p. 290-301, Aug 2012. ISSN 1097-4180. Disponível em: < http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/22863835 >.
Kalil Alves Lima e Raphael Sanches Peres
Laboratório de Inflamação e Dor- FMRP/USP
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