Já faz algumas décadas que pesquisadores relacionam
desordens do sono com o risco de obesidade em humanos e camundongos. Tratando-se
de obesidade, o papel do tecido adiposo em estocar energia, liberá-la e
“informar” ao sistema nervoso central (pela liberação de hormônios) que há
energia estocada, já é bem conhecido. Nessa linha de evidências, foi publicado
um interessante artigo da Nature Medicine
(PASCHOS et al., 2012) mostrando a relação, até
então desconhecida, entre o ciclo circadiano e a manutenção da homeostase da
energia.
No trabalho, foram utilizados camundongos com células
adiposas deficientes da proteína Arntl (Ad-Arntl-/-), responsável pela
regulação do ciclo circadiano ou “relógio biológico”. Os resultados mostraram
que esses animais, diferentes dos controles WT, passam a não mais se comportar
como roedores de hábitos noturnos apresentando maior consumo de alimentos
durante a luz do dia. Essa alteração no período da alimentação dos camundongos
nocautes leva a obesidade mesmo que a quantidade diária de calorias ingerida seja
igual a dos animais WT.
Além da liberação de hormônios como a leptina, as
células adiposas também regulam o apetite e a ingestão de alimentos através da
liberação de ácidos graxos poliinsaturados. Tais substâncias cruzam a barreira
hemato-encefálica e são incorporadas a neurônios que regulam o apetite de forma
que, em modelo de ratos, menor concentração desses ácidos graxos no hipotálamo
está associada com aumento na ingestão de alimentos. De acordo com esse fato, a
concentração de ácidos graxos poliinsaturados no plasma e hipotálamo de
camundongos Ad-Arntl-/-, quanto comparada aos
controles WT, é mais baixa durante o dia (exatamente o período em que esses
animais apresentam maior consumo de alimento), e a reposição de ácidos graxos
nos animais nocautes faz com que eles voltem a se alimentar no período noturno
e não apresentem elevado ganho de peso.
Levando-se em consideração que a alteração no período
da alimentação (da noite para o dia) causou obesidade nos camundongos em estudo,
é possível relacionar os animais Ad-Arntl-/-
aos humanos com a “síndrome da fome noturna”, que é mais prevalente em pessoas
obesas e cujo um dos sintomas é o distúrbio do sono. Sendo assim, vamos
aproveitar as férias para deixar de lado as longas noites de estudo (sempre
acompanhadas de muita comilança) e aproveitar para dormir bem, comer na hora
certa e manter o peso.
Bom final de ano e bom descanso a todos!
Post de Maria Cláudia da Silva. FMRP- Iba
Uma media simples mas que melhorou minha noite de sono foi mudar a cama. Procurei em lojas de colchão e descobri o certo para meu biotipo. Isso, alinhado com uma boa alimentação, me fez nova em folha. Recomendo!
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