Dois artigos foram
publicados no Journal of Experimental Medicine em setembro deste ano, nos quais
os autores tentam responder uma pergunta valiosa para aqueles que trabalham com
células T reguladoras. Será que existe um marcador especifico que poderia ser
usado para distinguir células T reguladoras naturais (nTreg) de induzidas
(iTregs). Estas células tem origens diferentes (uma no timo e a outra na
periferia) e ha muita especulação a
respeito da especificidade das funções supressoras que desempenham. Assim,
entendendo as diferenças e similaridades entre elas, nos teríamos novas
ferramentas para modular a resposta imune em uma determinada patologia, como
por exemplo depletando iTregs de um sitio tumoral, sem aumentarmos o risco de
desenvolver uma doença autoimune.
Assim, Weiss e colaboradores e Yadav e colaboradores
fizeram uso de camundongos transgênicos que expressam altos níveis de um determinado
antígeno especifico (ovalbumina ou proteína básica mielínica) em um background RAG-deficiente. Esses camundongos não
desenvolvem nTreg, mas apos algumas imunizações com o antígeno, começam a
apresentar células CD4+Foxp3+ (iTregs) em órgãos periféricos. Então, foi só comparar os genes regulados
nessa população celular com aqueles expressos por Foxp3 total isoladas
de camundongos WT. Neuropilina-1 foi encontrado somente na superfície de nTreg,
mas não em iTregs. Alguns outros poucos genes também foram diferencialmente
expressos, mas nenhum outro receptor de superfície foi detectado. No timo, as nTregs
são absolutamente neutropilina-1 positivas, mas uma pequena populações de
neutropilina negativa foi observada. No entanto, quando transferidas
intratimicas para outros camundongos WT, rapidamente passam a expressar
neutropilina 1. Em condições não homeostáticas, como em asma ou durante
encefamielite autoimune experimental, as iTregs encontradas nos sítios de
inflamação, mas não nos tecidos linfoides, passaram a expressar neutropilin-1,
indicando que alguns mediadores inflamatórios podem favorecer a expressão deste
receptor in situ. Ainda que a função de netropilina-1 em Tregs nao tenha sido
descrita, esse pode ser o começo para entender como o sistema imune regula a
geração das células iTregs nos sítios perifericos. Estes trabalhos foram comentados na Nature Immunology e tem mais uma vez a participacao de uma cientista brasileira.
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