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segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Inibição da autofagia por patógenos intracelulares


Post de Graziele Manin,
Mestranda, Programa de Pós-Graduação em Imunologia Básica e Aplicada da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP/USP).

A autofagia é definida genericamente como um processo que controla a quantidade e a qualidade da biomassa intracelular de células eucarióticas através da autodigestão de componentes citoplasmáticos (Deretic and Levine, 2009). Recentemente, tem sido demonstrado que as células eucarióticas também utilizam a via da autofagia como defesa contra patógenos intracelulares, levando a degradação destes em lisossomos.

No artigo publicado na Sciencexpress em outubro de 2012 (aqui), o grupo de Craig R. Roy mostrou que a bactéria Legionella pneumophila também é capaz de inibir a autofagia em macrófagos, o que favoreceria sua multiplicação e sua sobrevivência no hospedeiro, diferentemente do que se acreditava até o momento. Anteriormente, em artigo publicado na Cell Microbiology em 2005, Amer e Swanson haviam mostrado que macrófagos eram capazes de ativar a maquinaria celular autofágica como resposta imediata a infecção por L. pneumophila (Amer and Swanson, 2005).

No artigo da Sciencexpress, os cientistas mostram que o processo de inibição da autofagia por L. pneumophila é dependente do sistema de secreção do tipo IV da bactéria (Dot/Icm), responsável pela secreção de proteínas efetoras bacterianas no citoplasma da célula hospedeira, e que a bactéria interfere em etapa inicial e fundamental do processo de autofagia de forma irreversível . Mais especificamente, foi demonstrado que a proteína efetora RavZ,  secretada pelo sistema Dot/Icm, inibe a autofagia por funcionar como uma cisteína protease que tem a capacidade de desconjugar a proteína Atg8 de lipídeos presentes na membrana do autofagossomo, gerando produtos proteicos que não possuem a glicina na porção C-terminal  que é necessária para a reconjugação da Atg8 por Atg7 e Atg3.
Este artigo elegantemente evidencia um importante modelo de subversão da resposta do hospedeiro durante a infecção que pode contribuir com o estudo da imunidade inata.

Vale a pena conferir!

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