Uma das maiores preocupações
atualmente, principalmente das mulheres, é manter a silhueta. Sempre temos
algum amigo (a) que está constantemente lutando contra a balança e fazendo
dietas intermináveis. E não é para menos, pois a obesidade tem sido tratada com
grande destaque nos últimos anos, devido ao fato de ser uma doença bastante
frequente no mundo ocidental. Na verdade essa doença já está sendo considerada
uma epidemia e um fator de grande preocupação dos órgãos reguladores de saúde
em todo o mundo. O que sabemos é que a obesidade é uma das complicações da
síndrome metabólica, e, claro, está intimamente relacionada ao sistema imune. Esse
mês, um comentário publicado na Nature Immunology (Kanneganti&
Dixit, 2012) discute as complicações imunológicas da obesidade. O tipo de
reposta imune e as moléculas responsáveis por induzir a obesidade ainda se
mantêm um assunto bastante controverso. A revisão apresenta diversos trabalhos
que demonstram diferentes tipos celulares como sendo os mais importantes para
indução do processo inflamatório capaz de desencadear a obesidade, dentre eles linfócitos
T, linfócitos B e macrófagos. Abaixo seguem alguns dos tópicos discutidos:
-Alguns grupos demonstraram que a
leucocitose do tecido adiposo, caraterizada pelo aumento de linfócitos nesse
microambiente, é o principal responsável pelo desenvolvimento do fenótipo de
obesidade;
-Outros trabalhos mostram que o
acúmulo de macrófagos no tecido adiposo é o principal responsável pela
obesidade. A polarização de macrófagos para os subtipos M1 (classicamente
ativados) ou M2 (alternativamente ativados) dentro do tecido adiposo determina
o aumento do mesmo em modelos de obesidade. Nesse contexto, o macrófago M1,
inflamatório, é capaz de induzir a obesidade enquanto o macrófago do tipo M2 é
considerado um regulador negativo desse processo;
-DAMPs como ceramidas, palmitatos,
polipeptídios amiloides (IAPP – isletamyloidpolypeptide)
ou até fragmentos de adipócitos foram descritos como agonistas da molécula
NLRP3. Camundongos nocautes para moléculas do inflamassoma são protegidos da
obesidade após a alimentação com dieta rica em gordura.
Dessa forma o tecido adiposo pode
ser considerado um grande órgão imune que possui populações alteradas de
células responsáveis por induzir inflamação.
Relacionando algumas dessas
complicações, o artigo de Henao-Mejia e colaboradores (Nature,
março de 2012) traz o papel da disbiose (condição de desequilíbrio da
microbiota) mediada por inflamassoma regulando a progressão da doença hepática
gordurosa não alcoólica (NAFLD - Non-alcoholicfattyliverdisease)
e da obesidade. O grupo mostra que camundongos nocautes para o inflamassoma
(Asc-/-) desenvolvem um pior quadro de NAFLD ou obesidade
(dependendo da dieta administrada) em relação ao camundongo WT. Isso se deve ao
aumento da inflamação e a alteração da microbiota, que se torna transmissível
para os animais WT quando estes estão alojados na mesma caixa que o animal Asc-/-.
Mas como um camundongo nocaute para inflamassoma apresenta mais inflamação que
o animal WT?
A inflamação nesse caso é
induzida pela ativação de TLR4 e TLR9, pois uma vez que a microbiota está
alterada, ocorre um aumento da permeabilidade intestinal, permitindo que as bactérias
presentes no intestino ou seus produtos sejam translocados para a lâmina
própria ou para o fígado, respectivamente. Esse mecanismo leva a uma
sinalização capaz de produzir TNF-α e inflamação.
Adaptado de Elinavet al.
2012. Cell
Realmente, são diversas vias
metabólicas e imunológicas que integradas promovem a inflamação capaz de desencadear
a obesidade. Muitas perguntas ficam no ar. Afinal NLPR3 é uma molécula
protetora ou indutora de obesidade? Quais seriam os mecanismos capazes de
alterar a microbiota em humanos? Uma coisa todos nós concordamos, controlar a alimentação
e fazer exercícios ainda é uma das melhores receitas para manter a forma e
ficar longe das complicações da obesidade.
Post de Aline Sardinha e Jonilson
Berlink.
Já ouviram falar no filme O Peso da Nação ?
ResponderExcluirEste documentário da HBO é uma denúncia forte sobre como a indústria dos alimentos iniciou a epidemia de obesidade entre as classes mais pobres nos Estados Unidos e que depois se espalhou por outras classes sociais. Mostra como ela baixa propositalmente os preços dos alimentos mais calóricos (e prejudiciais) nos supermercados das regiões menos favorecidas (fast-food). O link está aqui no meu blog http://emagrecercomsaudeefacil.blogspot.com.br/2012/09/o-peso-de-uma-nacao-conforme-prometido.html