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terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

As vacinas para HPV devem ser distribuídas pelo Ministério da Saúde?


Post por Arlindo Gomes de Macêdo Júnior

Na década de 70, investigando o agente causal do câncer de colo uterino, o virologista alemão Harald Zur Hausen demonstrou a presença do DNA do vírus do papiloma humano (HPV, human papillomavirus) inserido no DNA de uma paciente, fato este que lhe concedeu o Prêmio Nobel em Medicina em 6 de outubro de 2008. Após essa descoberta pesquisadores passaram a instigar mecanismos envolvidos no diagnóstico, proteção e tratamento do câncer de colo de útero associado ao HPV.

Atualmente são conhecidos aproximadamente 100 sorotipos de HPV, sendo que a maioria das doenças estão relacionadas aos HPV 6 e 11, responsáveis pelas lesões de baixo grau das verrugas anogenitais, e os HPV 16 e 18 que provocam 70% do câncer cervical invasivo. O HPV constitui um vírus icosaédrico não envelopado com DNA circular de aproximadamente 7900 pares de base.  O genoma do HPV contém oito genes que codificam seis proteínas não estruturais (E1, E2, E4, E5, E6, E7) e duas estruturais (L1 e L2) que são os principais alvos para produção de vacinas. Atualmente, encontram-se comercialmente disponíveis no país as vacinas comerciais Gardasil (Merck & Co.) e Cervarix (GlaxoSmithKline) (Tabela 1).


Tabela 1. Características básicas das vacinas comerciais Gardasil (Merck & Co.) e Cervarix (GlaxoSmithKline).

Gardasil
Cervarix
Constituição
Quadrivalente - VLPs L1 dos genótipos dos HPV 16, 18, 6 e 11
Bivalente - VLPs L1 dos genótipos dos HPV 16 e 18.

Síntese
Saccharomyces cerevisiae

Células de insetos Spodoptera frutiperda Sf-9 e
Trichoplusia ni Hi-5 (Baculovirus Expression Vector System)
Adjuvante
Sulfato de Hidroxifosfato de Alumínio amorfo

 ASO4 (adjuvant system O4)- agonista TLR-4 3D-MLA (3-O-dasacil-4’-monofosforil lipídio A) adsorvido a o hidróxido de alumínio [Al(OH)3]

Via de Administração
Três doses intramuscular 0,5 ml no deltoide
Três doses intramuscular 0,5 ml no deltoide
Indicação
Meninas e mulheres de 9 a 26 anos de idade para prevenção das lesões genitais pré-cancerosas (cervicais, vulvares e vaginais), do câncer cervical, e da verruga genital
Meninas e mulheres de 10 a 25 anos de idade para prevenção das neoplasias intraepiteliais cervicais de alto grau (NIC II e III), do câncer do colo do útero, e de outros locais associados aos HPV 16 e 18
Mais informações
http://www.gardasil.com/
http://www.gsk.com/products/vaccines/cervarix.htm



VLPs - Virus-like particle

Avaliando o efeito protetor dessas vacinas estudos revelaram a presença de anticorpos específicos após 6,4 anos em mulheres de 15 a 25 anos vacinadas com a Cervarix e após 8,5 anos em mulheres e homens vacinados com a vacina Gardasil. Entretanto apesar da presença dos anticorpos durante esse período levanta-se a crítica de que para vacinação possuir efeito protetor os indivíduos deverão ser vacinados antes de entrar em contato com o vírus. Esse fato é sustentado pelo mecanismo de proteção criado na vacina por anticorpos neutralizates que passam a não ter efeito significativo em indivíduos nos quais os vírus já se encontrem intracelular.
No Brasil o Ministério da saúde levanta questionamento sobre a dicotomia da inserção da vacina na rede pública e real eficácia para a proteção ao câncer de colo de útero associado ao HPV. Para o ministério da saúde:
- ainda existem lacunas de conhecimento relacionadas à duração da eficácia da vacina;
- a proporção de sorotipos de HPVs prevalente na população deve ser determinada para avaliação do potencial de proteção dos sorotipos presentas na vacina na população brasileira;
- A vacinação não exclui a necessidade do rastreio da doença e causa impacto significativo no custo do sistema de saúde sem correspondente economia para as ações de rastreamento.
- A indicação atual da vacina está limitada à população feminina de 9 a 26 anos, porém ela só confere imunidade para aquelas mulheres ainda não expostas aos HPV tipos 6, 11, 16 e 18, situação esperada apenas para mulheres que não iniciaram atividade sexual.
Assim o Ministério da Saúde sugere fortalecer as ações de controle para o câncer do colo do útero, na lógica de integração de todas as ações que visam à melhoria da atenção à saúde da mulher, a realizar estudos de inquérito de prevalência para conhecer a distribuição dos tipos de HPV no Brasil e avaliar o custo-efetividade da inserção da vacina na população.
Entretanto independente dos questionamentos relacionados a processos biológicos ou políticos para inserção da vacina na rede pública do país, vale salientar lembrar que o câncer do colo de útero ocasionado pelo HPV possui alto grau de prevenção e cura quando diagnosticado precocemente. Devendo dessa forma, salientar a importância do modelo de saúde da mulher por meio do exame citopatológico Papanicolau para a prevenção do câncer de colo uterino.

Fonte:
FRAZER, I. H., LEGGATT, G. R., MATTAROLLO, S. R. Prevention and Treatment of Papillomavirus-Related Cancers Through Immunization. Annual Review of Immunology. v. 29, p. 111–138, 2011.
Simões C.V. Vacinas contra o HPV: Uma visão crítica. Diagn Tratamento.15(2):92-5, 2010.



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3 comentários:

  1. É muuuuito cara essa vacina, cerca de R$500 cada dose, mas por garantia já tomei as 3 doses da tetravalente. Mal não vai fazer (a nao ser pro meu bolso), e quem pode (financeiramente) vale a pena se prevenir, já que o governo não vai disponibilizar isso tão cedo....

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  2. Achei muito interessante esse artigo, principalmente a forma didática da Tabela 1.Fiquei também muito interessado na FONTE 2 do trabalho.Quiçá, seja o primeiro trabalho no Brasil, fazendo uma avaliação críticas dessas vacinas.

    Márcio Ernandes- Médico Ginecologista.

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  3. Essa vacina não tem valor nenhum para quem já iniciou sua atividade sexual. Além do mais, a Gardasil que é o nome da vacina, protege apenas 70% dos casos, e tem duração de apenas 5 (cinco) anos.
    Após os 5 anos o que fazer?
    Trata-se de uma vacina experimental, tanto que na Costa Rica, está se aplicando apenas uma dose da vacina, com resultados iguais as 3 doses.
    Agora eu pergunto: que vacina é essa, se a paciente que a tomou, é obrigada a fazer o Papanicolaou. Po rque não fazer só o Papanicolaou, que é milhões de vezes mais barato?
    Essa vacina, é a vacina do Marketing viral(uma vacina, um voto), é a vacina da enganação, e é a vacina mais cara da história da medicina.
    Esta vacina pode dar uma falsa sensação de segurança (a vacina não cobre 30% dos casos de câncer e 10% das verrugas genitais) que pode levar a uma diminuição do rastreamento do câncer do colo do útero através do exame de Papanicolaou e do uso de preservativos (com a probabilidade do aumento de gravidezes não desejadas e de doenças sexualmente trasmissíveis). Trata-se, portanto, de uma vacina incompleta, por falta de eficácia diante de outros genótipos(outros tipos) de HPV, e por não prescindir do exame de Papanicolaou,além de limitar-se a uma faixa etária de 26 anos.

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