Como se não bastasse a variedade de funções dos macrófagos na imunidade, o grupo de Nguyen descobriu que estas polivalentes células são também responsáveis por converter estoques de gordura em energia e calor.
Até onde se sabia, a manutenção da temperatura do corpo em exposição ao frio era responsabilidade do sistema nervoso simpático. É ele que mantém a temperatura corporal estável e as nossas funções fisiológicas quando somos expostos a baixas temperaturas.
A descoberta começou quando os autores observaram que há em média mais macrófagos no tecido adiposo marrom (brown fat) – especialmente abundante em recém-nascidos e em mamíferos hibernantes – do que em outros tecidos. Para investigar o porque disso, eles expuseram camundongos a baixas temperaturas e investigaram se o número de macrófagos se alterava. Apesar de não haver alterações em número, os macrófagos nos tecidos adiposos branco e marrom dos camundongos mantidos no frio estavam mais ativos.
Os autores observaram ainda que a ativação dos macrófagos se dá a partir da via alternativa dependente de IL-4/IL-13 e STAT6. Os macrófagos ativados por essa via começam a secretar noradrenalina, um neurotransmissor que ativa a conversão da gordura armazenada no tecido adiposo em ácidos graxos livres. Até então acreditava-se que apenas células neuronais eram capazes de produzir a noradrenalina. Quando os autores inibiram a ativação alternativa dos macrófagos, os camundongos produziram 75 – 80% menos ácidos graxos livres do que o grupo controle. E camundongos deficientes em IL-4 e IL-13 eram incapazes de manter sua temperatura corporal durante a exposição ao frio.
Agora os autores querem saber se, e como, os nervos que detectam temperaturas baixas promovem a ativação alternativa dos macrófagos.
E mais uma vez, a coisa toda se volta para o cross-talk entre o sistema nervoso e o sistema imune. Há tanto ainda a se descobrir sobre a interação destes dois sistemas. Se é que são mesmo 2 sistemas separados....
Referências:
K.D. Nguyen et al., “Alternatively activated macrophages produce catecholamines to sustain adaptive thermogenesis,” Nature, 480:104-8, 2011.
Acabei de ler esse paper! Muito interessante, embora eu nao tenha entendido bem o quanto de catecolamina os macrofagos fazem em relacao aos neuronios, por exemplo; e parece que a IL-4 em si é mais importante pra brown fat queimar gordura do que propriamente os macrofagos da fat. enfim. Metabolismo, to falando...
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