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quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

No carnaval, dê férias para o FADD


Post por Murilo Vieira Silva
Aluno de Iniciação Científica


Todos nós sabemos da importância da pele e seus anexos. Dentre as várias funções por ela desenvolvidas, podemos destacar a barreira imunológica, contra a perda excessiva de água, além da proteção contra fatores químicos, físicos e biológicos. A epiderme apresenta em sua constituição os queratinócitos, um tipo celular que apresenta grande importância para manutenção de uma pele funcional.

Disfunções entre proliferação e diferenciação destas células podem levar a diferentes desordens, incluindo: psoríases, dermatites e câncer de pele. Estas desordens em queratinócitos podem ocorrer frente a diversos estímulos lesivos como insolação ou processos infecciosos. Estes fatores estressantes podem induzir a produção de Fator de Necrose Tumoral (TNF) que ao se ligar no receptor TNFR1 induzem a formação de um multicomplexo de proteínas que levam à inflamação, apoptose ou necrose. Esta via de sinalização associa-se com RIP1 ou RIP3 e daí direcionam a célula para a vida ou morte. A morte celular pode ocorrer por apoptose ou necroptose (necrose programada).

Contudo, alguns autores descrevem que sinais de danos associados à queratinócitos necróticos podem ativar células da imunidade e assim levar à inflamação de pele, uma vez que este tipo de morte celular libera DAMPs. Adicionalmente, foi verificado por Bonnet et al, 2011 que a proteína adaptadora FADD protege queratinócitos epidermais de necroptose e previne a inflamação de pele in vivo,  uma vez que FADD participa da maquinaria apoptótica das células.

A importância de FADD foi verificada em camundongos com uma depleção desta molécula somente em queratinócitos, os quais apresentaram lesões inflamatórias severas na pele. Quando células destes animais eram também deletadas de RIP3, ocorreu a prevenção da morte dos queratinócitos e do desenvolvimento da inflamação da pele. Estas informações, juntamente as características morfológicas de morte dos queratinócitos deficientes de FADD, sugeriram que na ausência desta molécula, queratinócitos morrem por necrose programada e isso trilha uma resposta inflamatória.

Por fim, fica a sugestão: Pra quem vai curtir uma praia neste carnaval, proteja seus queratinócitos contra excessiva isolação, assim suas FADDs trabalharão menos. Mas para quem for trabalhar, pode ficar despreocupado.... Laboratório é um lugar seguro, só sombra e ar condicionado!




Referências:

Maria Papatriantafyllou. RESEARCH HIGHLIGHTS. Nature Reviews Immunology | AOP, published online 4 November 2011; doi:10.1038/nri3113.

Wim Declercq, Nozomi Takahashi, and Peter Vandenabeele. Dual Face Apoptotic Machinery:From Initiator of Apoptosis to Guardian of Necroptosis. Immunity Previews. doi10.1016/j.immuni.2011.10.007.

Bonnet, M. C. et al. The adaptor protein FADD protects epidermal keratinocytes from necroptosis in vivo and prevents skin inflammation. Immunity 13 Oct 2011 (doi:10.1016/ j.immuni.2011.08.014)

Shklovskaya, E. et al. Langerhans cells are precommitted to immune tolerance induction. Proc. Natl Acad. Sci. USA 17 Oct 2011 (doi:10.1073/pnas.1110076108)

Cai, Y. et al. Pivotal role of dermal IL-17-producing γδ T cells in skin inflammation. Immunity 6 Oct 2011 (doi:10.1016/j.immuni.2011.08.001)

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2 comentários:

  1. João,

    veja trecho extraído de um texto escrito pela Nívea Luz, publicado no blog Scientia Totum Circumit Orbem (http://limi-lip.blogspot.com/), administrado pelo Barral:

    "O termo necroptose é utilizado como sinônimo de necrose regulada, e na literatura denomina um caso específico de necrose que é iniciada pela ligação do TNF ao receptor 1 de TNF (TNFR1), além disso o termo necroptose pode ser usado para indicar necrose dependente de RIPK (receptor-interacting protein kinase )1 e RIPK3. Esse tipo característico de necrose pode ser inibida quimicamente por Necrostatina-1 (inibidor da RIPK1) ou inibição genética da RIPK1/RIPK3 (Galluzzi et al., 2012)."

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