Parte essencial do sucesso de um agente infeccioso é garantir a latência da infecção no hospedeiro mediante a manipulação da resposta imune a través de diversos mecanismos que incluem deleção ou exaustão das células T, alteração da produção de anticorpos e de citocinas... Infecções virais crônicas proporcionam modelos interessantes para o estudo destes fenômenos.
Um artigo publicado na Science em Novembro 11 (1), mostrou um aspecto interessante do papel de IL-6 na resposta imune frente a este tipo de infecções crônicas. Usando um modelo de infecção viral crônica e comparando-o com uma infecção aguda em camundongos, foi mostrado que no caso crônico existem dois picos de produção desta importante e pleiotrópica citocina. A novidade é respeito à função do segundo pico, essencial para o controle da carga viral, por ser requerido para indução de células T Helper Foliculares (CD4 que se caracterizam por expressarem CXCR5, PD-1 CD200, ICOS e ausência de SLAM), a traves da ativação do fator de transcrição Bcl6 (2). A fonte principal desse segundo pico de IL-6 são as células dendríticas foliculares.
Na ausência desta produção tardia de IL-6 não há um adequado desenvolvimento de células TFH, e conseqüentemente não há desenvolvimento de centros germinativos, levando a uma deficiente resposta de anticorpos frente ao vírus, e obviamente um aumento da carga viral nesta fase da infecção.
Este artigo me lembra algo importante de considerar sempre nas nossas pesquisas: Além de perguntar ”quem produz o quê”, temos que nos perguntar: “Quando”. E este artigo mostra abordagens práticas para analisar este ultimo ponto, no caso da produção de IL-6.
Alguns artigos anteriores sugerem que IL-6 poderia ser importante na fisiopaologia de infecções virais crônicas em humanos (3). Contudo, falta confirmar se o mesmo fenômeno mostrado aqui, de IL-6 produzida de forma tardia, ocorreria em infecções virais crônicas em humanos, ou até mesmo em outras infecções produzidas por patôgenos intracelulares. Tal vez seja bom dar um “boost ” de IL-6 no momento certo para pacientes sofrendo de infecções virais crônicas como hepatite ou HIV?
Referencias
1- Harker JA, Lewis GM, Mack L, Zuniga EI. Late interleukin-6 escalates T follicular helper cell responses and controls a chronic viral infection. Science. 2011 Nov 11;334(6057):825-9. Epub 2011 Sep 29.PMID: 21960530
2- Kitano M, Moriyama S, Ando Y, Hikida M, Mori Y, Kurosaki T, Okada T. Bcl6 protein expression shapes pre-germinal center B cell dynamics and follicular helper T cell heterogeneity. Immunity. 2011 Jun 24;34(6):961-72. PMID: 21636294
3- Birx DL, Redfield RR, Tencer K, Fowler A, Burke DS, Tosato G. Induction of interleukin-6 during human immunodeficiency virus infection. Blood. 1990 Dec 1;76(11):2303-10. PMID: 2257304.
legal que vc falou sobre este paper, este modelo de LCMV mostra a diferenca entre infeccao viral aguda e cronica, muito importante pra estudar a resposta. as pessoas em geral colocam resposta anti-viral tudo no mesmo balaio, e depende claro da estrategia vira. a elina zuniga eh argentina e faculty aqui em san diego, vamos levar ela pro brasil assim que tivermos chance!
ResponderExcluirObrigado pelo comentário.
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