O recente avanço da nanotecnologia tem permitido o desenvolvimento de dispositivos com características físicas e eletromagnéticas únicas. Hoje em dia não é difícil encontrar dispositivos na escala nano que sejam encapsuláveis para serem cobertos com materiais biologicamente ativos (ou inertes), ou até mesmo nanodispositivos programados para executar tarefas em resposta a diferentes estímulos e condições biológicas.
Aproveitando essas características das nanopartículas, e inspirados no comportamento de enxame, comumente observado na natureza (figura) e até no sistema imune [1], o grupo de pesquisadores liderado por von Maltzahn, da Harvard-MIT Division of Health Sciences and Nanothechnology, recentemente publicou os resultados de um estudo na revista Nature Materials [2], mostrando o funcionamento in vivo de um sistema nanopartículas, capazes de se comunicar entre elas para: i) rastrear a localização de um tumor, ii) ativar a cascata da coagulação, iii) atrair lipossomas contendo doxorrubicina e cobertos com fator XIII, além de outras nanopartículas de óxido de ferro (que permitem acompanhar a involução tumoral ). Tudo isso aconteceu depois de estimular de forma percutânea com um laser a região do tumor induzido experimentalmente, trás haver injetado as partículas de ouro que se acumularam no local devido a que são capazes de se ligar em fatores angiogênicos produzidos pelas células cancerígenas.
Apesar de ser interessante, o uso destes dispositivos uso em seres humanos ainda representa grandes desafios para os pesquisadores da área da nanotecnologia e de outras áreas. Uma das maiores preocupações consiste na eliminação final dessas nanopartículas do organismo, pois a acumulação delas poderia gerar toxicidade a longo prazo. Uma solução para evitar esses inconvenientes seria a encapsulação das nanopartículas com materiais inertes, ou o direcionamento para posterior eliminação. De fato este estudo utiliza a encapsulação não só para reduzir a toxicidade, mas também para direcionamento das nanopartículas. Neste estudo, os autores certamente proporcionam uma estratégia inovadora na qual a comunicação entre nanodispositivos leva à diminuição significativa do tamanho do tumor, devido a uma acumulação direcionada do agente quimioterapêutico no local do tumor, que supera em até 40 vezes o controle sem nanopartículas.
Referencias :
1. von Andrian, U.H. and C.R. Mackay, T-cell function and migration. Two sides of the same coin. N Engl J Med, 2000. 343(14): p. 1020-34.
2. von Maltzahn, G., et al., Nanoparticles that communicate in vivo to amplify tumour targeting. Nat Mater, 2011. 10(7): p. 545-52.
Adorei a ideia de nanopartículas "conversando" entre si; um grupo atraindo outro grupo.
ResponderExcluirAproveito para dar as boas-vindas ao Fredy, que estreia no blog hoje como colaborador. Ele é professor e pesquisador da Facultad de Medicina, Universidad Antonio Nariño, em Bogotá (Colômbia).
Acho extremamente útil,diferente e atual esse post Fredy. Gostei também da associação com formigas e com a cascata de coagulação, a qual muitas vezes é esquecida por nós. Após verificar esse post fui em busca de algumas imagens para compreender mais sobre o assunto. Diante disso percebi que o tema está bobando saiu na veja por sinal e tornou-se matéria em várias páginas da internet.
ResponderExcluirhttp://veja.abril.com.br/noticia/ciencia/comunicacao-entre-nanoparticulas-aumenta-eficacia-de-terapia
http://www1.folha.uol.com.br/folha/ciencia/ult306u614009.shtml