Texto enviado pelo
Dr. Mauricio Martins Rodrigues
Professor Associado e Livre Docente
CTCMol/UNIFESP
"O crescimento proporcional da produção científica brasileira é o
segundo do mundo, ficando atrás apenas da China. Em 1996, o Brasil
estava em 25º lugar no mundo em relação à produção científica e em
2008 já havia alcançado o 14º lugar. Mas esse crescimento é puxado por
alguns segmentos nos quais o avanço é maior, como a área de saúde",
disse.
Em termos de qualidade, no entanto, a produção científica do Brasil
não faz tanto sucesso, segundo Zago. Ele afirmou que, no número de
citações - critério usado com frequência para auferir a qualidade da
produção científica de um país -, o Brasil ainda não alcançou países
como a Índia e a Coreia e permanece bem distante dos países mais
desenvolvidos, como os Estados Unidos.
"Conclui-se que a ciência brasileira teve um crescimento quantitativo
significativo, mas ainda deixa a desejar no aspecto qualitativo. Isso
tem impacto na inovação. Por outro lado, mesmo em termos
quantitativos, quando comparamos a nossa produção científica à da
China ? que tem avançado rapidamente em termos de inovação ?, vemos
que os dois países têm um perfil muito diferente", afirmou.
De acordo com Zago, no Brasil, as áreas com maior produção científica
são a Medicina, em primeiro lugar, as Ciências Biológicas e Agrárias
em segundo e a Física e Astrofísica em terceiro. Já na China, a
Engenharia predomina, com a Física e Astrofísica em segundo lugar e as
Ciências de Materiais em terceiro.
"Não precisamos seguir o modelo chinês, mas queremos que nossa
produção científica também resulte em inovação e sabemos que áreas
como engenharia são as que tradicionalmente trazem resultados nesse
sentido. Outro sintoma da nossa situação é que na China a área de
Computação está em quarto lugar, enquanto no Brasil está em décimo",
disse.
Esse padrão tem ligação com as principais áreas em que o Brasil forma
doutores. Segundo Zago, entre 1996 e 2008, as áreas de Ciências
Humanas e Sociais passaram de 26% para 32% dos doutores formados. No
mesmo período, as áreas de Ciências Agrárias foram de 10% para 12% do
total. Em Ciências Biológicas, houve uma queda de 33% para 30%. Em
Exatas e Engenharia, a queda foi abrupta: de 30% para 22% dos doutores
formados.
"Mesmo com a produção científica e a formação de doutores aumentando,
o Brasil está caminhando no sentido inverso ao que deveria para ter
mais inovação. Além disso, a nossa produção científica tem muito pouco
impacto", afirmou.
Segundo Zago, uma pesquisa em bases de dados de produção científica
mostra que, de 94.406 artigos assinados por pesquisadores brasileiros,
apenas 149 (0,19%) eram considerados de alto impacto, com mais de 200
citações. "Mas, entre esses 149, apenas 26 eram originários
exclusivamente do Brasil. Os outros 123 estavam relacionados a grandes
consórcios internacionais, grupos colaborativos e testes clínicos
multicêntricos", disse.
Parece-me refletir a realidade, quantidade em detrimento da qualidade, não seria um salto na qualidade trazer os cientistas brasileiros exilados no exterior? Julgando pelo número de pontos vermelhos deste blog nos EUA e Europa há muitos que acompanham e anseiam a volta, mas há de se garantir um colocação decente. Pela minha experiência isto não será fácil.
ResponderExcluirhttp://hadriano66.blogspot.com/
E a CAPES, o que acha deste quadro? Precisamos de tantos doutores na área de ciências sociais? Por que não seu usa parte destes recursos para programas de pós-douotardo na áreas de inovação?
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