O papel das vitaminas sobre o sistema imune tem sido tratada no SBlogI (aqui) e a Vitamina D tem recebido bastante atenção: foi comentado o seu envolvimento na maturação da avidez do linfócito T, a sua relação com a resistência à infecção assim como foi comentado o trabalho que a implica na atenuação da resposta Th2 em pacientes.
A pergunta deste post não é se precisamos de Vitamina D. É indiscutível que precisamos, mas precisamos de suplementação de Vitamina D? A dose ideal de Vitamina D é muito difícil de ser obtida apenas com uma dieta normal e está ausente do leite materno, contudo ela é produzida a partir de um precursor que é encontrado na pele e naturalmente produzido no organismo. Ao sofrer a ação da luz UV (da luz do sol, por exemplo) o precursor é convertido numa molécula que chega ao fígado pela circulação. Aí se transforma num prohormônio que nos rins pode ser convertido na Vitamina D. Durante muito tempo, vendeu-se a idéia que seria necessária uma suplementação alimentar.
No dia 30 de novembro passado, o Institute of Medicine, da National Academies of Science, divulgou um relatório sobre o consumo de Vitamina D e cálcio e alterou as doses diárias recomendadas (Dietary Reference Intakes for Calcium and Vitamin D).
Os pontos principais são:
“The committee provided an exhaustive review of studies on potential health outcomes and found that the evidence supported a role for these nutrients in bone health but not in other health conditions. Overall, the committee concludes that the majority of Americans and Canadians are receiving adequate amounts of both calcium and vitamin D. Further, there is emerging evidence that too much of these nutrients may be harmful.”
Ou seja, não há deficiência nas quantidades obtidas por estadunidenses e canadenses e pode mesmo haver dano por ingestão excessiva. E no caso do Brasil? com a quantidade de luz solar que há no Brasil é difícil imaginar um deficit, mesmo que a ingestão alimentar não seja elevada.
Veja as recomendações diárias:
É sempre adequado estar atento à possibilidade que a recomendação de produtos não necessários, ou pelo menos não necessários nas doses indicadas, esteja ligada ao objetivo de vender medicamentos ou suplementos alimentares. Há vários artigos no tema e Lynn Payer listou os dez mandamentos para a fabricação bem-sucedida de uma nova doença:
- Tomar uma função normal e insinuar que há algo de errado com ela e que precisa ser tratada;
- Encontrar sofrimento onde ele não necessariamente existe;
- Definir uma parcela tão grande quanto possível da população afetada pela "doença";
- Definir a condição como uma moléstia de deficiência ou como um desequilíbrio hormonal;
- Encontrar os médicos certos;
- Enquadrar as questões de maneira muito particular;
- Ser seletivo no uso de estatísticas para exagerar os benefícios do tratamento disponibilizado;
- Eleger os objetivos errados;
- Promover a tecnologia como magia sem riscos;
- Tomar um sintoma comum, que possa significar qualquer coisa, e fazê-lo parecer um sinal de alguma doença séria.”
Veja mais sobre a fabricação de doenças (aqui).
Perfeito esse post do Barral. Suplemento excessivo de vitaminas é comum nas diversas classes sociais. Tem até gente da área de saúde que, mesmo sem qualquer defeito de absorção ou outra doença aparente, se entope de vitaminas. Como diz o artigo acima, "too much of these nutrients may be harmful".
ResponderExcluirPara se ter uma ingesta adequada de vitaminas e micronutroentes, basta alimentar-se bem!
ResponderExcluirÓtimo texto, Barral!
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ResponderExcluirOlá é de suma importância a ingestão de vitaminas ,porém temos que saber bem como administrar. Principalmente quando se trata da saude. Procure conhecer a fundo sobre a arvore que proporciona o que o nosso organismo realmente precisa, que é a Moringa Oleifera,a folha contem todos os micros e macros nutrientes, vitaminas sais minerais e betacaroteno
ResponderExcluirA fonte é o Institute of Medicine, com um pseudo-artigo científico do IOM, que todos estão tratando como se fosse um estudo científico sério. Não foi. De científico não tinha nada, pelo contrario, foi EXTREMAMENTE biased, e NÃO é um estudo científico. Deliberadamente suprimiram e esconderam informações que obtiveram no processo - tanto que eles entrevistaram os especialistas em vitamina d, que são os pesquisadores que mais publicaram sobre vit. D, e pediram para eles comentarem o que achavam do estudo. Era para os comentários aparecerem no report, mas como todos os pesquisados meteram pau, todos foram suprimidos. Tanto que depois, "the Vitamin D Council directed our attorney to file a federal Freedom of Information (FOI) request to the IOM's FNB for the release of these 14 reports."
ResponderExcluirQuem quiser ler um artigo científico que detona esse pseudo-científico do IOM, pode ler aqui:
http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/jbmr.328/pdf
Essa reportagem também é muito boa
ResponderExcluirhttp://www.healthpolicysolutions.org/2010/12/22/prestigious-panel-%E2%80%98wrong%E2%80%99-on-vitamin-d-recommendations/